Impactos do compliance empresarial na segurança jurídica e no acesso a capital
MARíLIA BOBATO
23/09/2025 15h38 - Atualizado há 6 horas
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O compliance empresarial consolidou-se nas últimas décadas como uma ferramenta essencial de governança corporativa e proteção da integridade nas relações econômicas. Além de fortalecer a reputação da empresa no mercado, o compliance contribui diretamente para sua valorização e crescimento sustentável. No Brasil, o tema ganhou destaque com a Lei nº 12.846/2013 (conhecida como Lei Anticorrupção), que passou a responsabilizar as pessoas jurídicas por atos lesivos contra a administração pública, tanto nacional quanto estrangeira. A partir desse marco, os programas de integridade passaram a ser considerados indispensáveis para a redução de riscos legais e reputacionais, além de essenciais para aprimorar os controles internos e garantir mais transparência nas organizações. Compliance e governança: uma relação estratégica Sob a ótica da governança corporativa, o compliance funciona como um mecanismo de alinhamento entre sócios, gestores e demais partes interessadas (stakeholders). A Teoria da Agência, de Jensen e Meckling (1976), ajuda a entender essa dinâmica: em contextos onde existe assimetria de informações entre quem administra e quem investe, surgem conflitos que podem comprometer a confiança e a eficiência das relações empresariais. O compliance atua como ferramenta de monitoramento e incentivo, reduzindo esses riscos e promovendo maior transparência. Segurança jurídica e redução de litígios Um dos principais impactos do compliance é o fortalecimento da segurança jurídica dentro das empresas. Organizações que adotam mecanismos efetivos de prevenção à corrupção, à lavagem de dinheiro e a fraudes tendem a reduzir significativamente a ocorrência de conflitos judiciais e administrativos. Esse cenário de previsibilidade jurídica transmite segurança a parceiros comerciais, investidores e instituições financeiras. Transparência e confiança para investidores A transparência empresarial é outro pilar dos programas de compliance. Políticas claras, auditorias internas, canais de denúncia e relatórios confiáveis tornam as informações contábeis mais seguras e consistentes. Esse cuidado é fundamental em processos como fusões, aquisições e abertura de capital, nos quais a clareza das informações é determinante para o sucesso das negociações. Investidores institucionais, fundos de private equity e bancos, por exemplo, avaliam o histórico de compliance como parte essencial do processo de due diligence. A existência de uma estrutura sólida de integridade pode acelerar negociações, reduzir custos de transação e ampliar as chances de acesso a crédito e investimento. Compliance além da corrupção: áreas trabalhista, ambiental e LGPD Um programa de compliance moderno não se limita à prevenção de corrupção. Ele também abrange normas trabalhistas, ambientais e de proteção de dados pessoais, conforme exigências da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Códigos de conduta, treinamentos, políticas de diversidade e canais de denúncia compõem esse ecossistema de integridade e responsabilidade corporativa. Mesmo exigindo um investimento inicial, especialmente em pequenas e médias empresas, o compliance deve ser encarado como um ativo estratégico. Seus benefícios a médio e longo prazo — como a valorização da marca, a proteção jurídica e a confiança de stakeholders — superam os custos e os desafios da implementação. Maria Luiza Rotoli de Macedo, acadêmica do 8º período do curso de Direito da FAE e estagiária do setor Cível e Empresarial do escritório Alceu Machado, Sperb & Bonat Cordeiro. Notícia distribuída pela saladanoticia.com.br. A Plataforma e Veículo não são responsáveis pelo conteúdo publicado, estes são assumidos pelo Autor(a):
MARILIA SGANZERLA BOBATO
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