Uma dor súbita, intensa e descrita por muitos pacientes como “choque elétrico no rosto”. Assim é a neuralgia do trigêmeo, condição neurológica que afeta o nervo trigêmeo, responsável pela sensibilidade da face. Embora rara, é considerada uma das dores mais fortes da medicina, e muitas vezes é confundida com problemas odontológicos ou de articulação temporomandibular.
Segundo a neurocirurgiã Dra. Ingra Souza, o primeiro desafio é o diagnóstico correto. “Por se manifestar como dor facial, muitos pacientes buscam primeiro dentistas e outros especialistas. É fundamental reconhecer os sinais da neuralgia do trigêmeo para evitar tratamentos equivocados e reduzir o sofrimento do paciente”, explica.
A neuralgia do trigêmeo costuma estar associada à compressão do nervo por um vaso sanguíneo, o que desencadeia crises de dor. Outras causas incluem esclerose múltipla e, em situações mais raras, tumores. “A principal característica é a dor em choque, unilateral, que pode ser desencadeada por atividades simples como mastigar, falar ou até escovar os dentes”, detalha a Dra. Ingra.
De acordo com a American Association of Neurological Surgeons (AANS), a neuralgia do trigêmeo afeta cerca de 12 a cada 100 mil pessoas por ano, com maior incidência em mulheres acima dos 50 anos.
O tratamento inicial geralmente envolve o uso de medicações específicas para controle da dor neuropática. Quando os remédios deixam de ser eficazes ou causam efeitos colaterais importantes, alternativas cirúrgicas podem ser indicadas.
Entre as técnicas estão a descompressão microvascular, em que o vaso que pressiona o nervo é afastado, e procedimentos minimamente invasivos, como a rizotomia por radiofrequência ou o uso de radiação direcionada (Gamma Knife). “Cada caso deve ser avaliado de forma individualizada. O objetivo é devolver qualidade de vida ao paciente e reduzir as crises incapacitantes”, ressalta a neurocirurgiã.
“A neuralgia do trigêmeo não ameaça a vida do paciente, mas altera sua rotina de forma significativa. O reconhecimento precoce e a escolha do tratamento adequado fazem toda a diferença para o controle da doença”, conclui a Dra. Ingra Souza.
Ingra Souza é neurocirurgiã, com atuação em cirurgias de crânio, coluna e dor. É coautora do estudo “Therapeutic anticoagulation for venous thromboembolism after recent brain surgery” (Clin Neurol Neurosurg, 2020). Aprovada na Prova de Título de Especialista da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia (SBN) em 2025, atende no Rio de Janeiro e em Minas Gerais.
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PAULO NOVAIS PACHECO
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