Dados sob ataque: como a segurança digital virou questão de sobrevivência

*Cesar Schmitzhaus

CAREN GODOY
15/09/2025 14h00 - Atualizado há 2 horas

Dados sob ataque: como a segurança digital virou questão de sobrevivência
Cesar Schmitzhaus_Teltec Data
No mês do consumidor, a reflexão sobre a confiança entre empresas e clientes ganha uma dimensão inevitável: a segurança digital. Vazamentos de dados que expuseram milhões de pessoas nos últimos anos mostram que, em um mundo conectado, proteger informações deixou de ser diferencial competitivo para se tornar pré-condição de sobrevivência. A fidelidade do consumidor, historicamente associada a preço, qualidade e atendimento, hoje depende também de um ativo invisível, mas decisivo: a garantia de que seus dados não serão usados contra ele.

O cenário é preocupante. Segundo levantamentos recentes, o custo médio global de uma violação de dados atingiu US$ 4,45 milhões, o valor mais alto desde o início da série histórica. No Brasil, esse custo é de US$ 1,28 milhão, o maior da América Latina. Mais grave que os números é o impacto na confiança: estudo da PwC revelou que para 90% dos consumidores brasileiros a proteção dos seus dados pessoais é um dos fatores mais importantes para as empresas conquistem a sua confiança. Em outras palavras, um ataque bem-sucedido não apenas compromete sistemas, mas corrói a relação entre marca e cliente.


Os efeitos vão além da estatística. Sempre que uma organização expõe dados de clientes, seja por falhas técnicas, ataques externos ou descuidos humanos, o dano se estende à reputação. Casos recentes mostraram como incidentes de segurança provocaram quedas expressivas no valor de mercado de empresas, ações judiciais coletivas e uma desconfiança que persiste por anos. O consumidor, cada vez mais informado, associa privacidade e proteção digital diretamente à credibilidade.

Outro desafio está na governança. Muitas empresas ainda delegam o tema exclusivamente à área de TI, sem o envolvimento da alta administração. O resultado é uma gestão reativa, baseada em apagar incêndios depois do ataque. Mas o consumidor contemporâneo não perdoa a negligência. Para ele, transparência, preparo e prevenção são sinais claros de respeito. O que está em jogo não é apenas conformidade com a LGPD ou outras regulações, mas a capacidade de demonstrar, na prática, que a empresa valoriza e protege aqueles que confiam nela.

É verdade que a sofisticação dos ataques desafia até as organizações mais preparadas. Inteligência artificial, deep fakes e engenharia social sofisticada ampliam o arsenal dos criminosos. Mas a defesa também evolui: análise comportamental, detecção autônoma e resposta em tempo real já fazem parte das ferramentas disponíveis. O que falta, muitas vezes, não é tecnologia, mas priorização estratégica e cultura organizacional voltada à resiliência digital.

O Dia do Consumidor deveria servir como lembrete: proteger dados é proteger pessoas. Não se trata apenas de blindar sistemas, mas de zelar pelo futuro da relação entre empresas e sociedade. Confiança digital não se conquista com campanhas publicitárias, mas com ações concretas, mensuráveis e consistentes de segurança. Em 2025, nenhuma organização pode se dar ao luxo de tratar dados como mera informação. Eles são a nova moeda da confiança, e sem confiança, não há consumo que resista.
 

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CAREN GODOY DE FARIA
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