Canetas de emagrecimento exigem acompanhamento médico rigoroso, alerta médico

Diretor do Instituto Mantese explica que o uso do medicamento deve ser guiado por avaliação clínica, exames laboratoriais e um plano de acompanhamento

MARCELO OLIVEIRA - COMUNICAçãO ESTRATéGICA CAMPINAS
27/08/2025 09h48 - Atualizado há 12 horas

Canetas de emagrecimento exigem acompanhamento médico rigoroso, alerta médico
Divulgação

Campinas, 27 de agosto de 2025 - As chamadas “canetas de emagrecimento” se tornaram um fenômeno nas farmácias brasileiras. Com promessas de perda de peso por meio de aplicações subcutâneas semanais ou diárias, esses medicamentos atraíram celebridades e milhões de usuários no mundo todo. Mas o sucesso não vem sem riscos — principalmente quando o uso é feito sem prescrição médica e acompanhamento clínico adequado.

 

As canetas são medicamentos originalmente desenvolvidos para o tratamento do diabetes tipo 2. Os mais conhecidos — liraglutida, semaglutida e tirzepatida — atuam mimetizando o hormônio GLP-1, que regula a saciedade e o esvaziamento gástrico. Ao serem aplicadas, aumentam a sensação de plenitude e reduzem a ingestão alimentar, promovendo emagrecimento sustentado.

 

A demanda por essas substâncias é crescente. Segundo estimativas da IQVIA, empresa global de análise de mercado farmacêutico, as vendas de medicamentos à base de GLP-1 cresceram mais de 400% nos últimos três anos no Brasil, especialmente com o aumento da procura por Ozempic (semaglutida) e Saxenda (liraglutida). A chegada nesta semana da versão nacional da liraglutida, da EMS, deve impulsionar ainda mais o mercado.

 

“Esses medicamentos podem trazer benefícios importantes no controle da obesidade e das comorbidades associadas, como diabetes, hipertensão e apneia do sono. Mas seu uso deve ser sempre guiado por avaliação clínica, exames laboratoriais e um plano de acompanhamento”, alerta o médico George Mantese, especialista em Medicina de Família e Comunidade, mestre em Epidemiologia, doutorando em Educação em Saúde pela USP e diretor do Instituto Mantese de Anti-Aging e Longevidade.

 

Segundo Mantese, a adesão ao tratamento depende não apenas do custo, mas também dos efeitos colaterais, frequência de uso e do acompanhamento profissional. “Estudos apontam que a taxa de abandono é alta entre pessoas que iniciam o uso sem orientação — muitas vezes interrompendo após os primeiros sintomas adversos”, explica ele.

 

“Essas drogas exigem ajustes progressivos de dose e monitoramento laboratorial. Além disso, o paciente precisa estar envolvido em mudanças de estilo de vida. Senão, o efeito é temporário e os riscos aumentam”, conta o médico.

 

Mantese lembra que os efeitos colaterais mais comuns dessas medicações são náuseas, vômitos, diarreia, constipação e sensação de estufamento. Essas reações são geralmente leves e tendem a diminuir com o tempo, conforme o corpo se adapta ao medicamento. “O uso das canetas deve ser cauteloso em pessoas com distúrbios gastrointestinais, histórico de depressão grave ou transtornos alimentares”, afirma o especialista.

 

As canetas injetáveis são uma inovação importante no enfrentamento da obesidade, reconhecida como doença crônica e multifatorial. No entanto, seu uso precisa ser cercado de cuidado, prescrição médica e acompanhamento contínuo. O entusiasmo popular e o marketing agressivo não podem substituir o bom senso clínico.

 

“Emagrecer não pode ser encarado como um ato isolado. É um processo que envolve saúde física, mental e social. Essas medicações podem ser grandes aliadas — desde que inseridas num plano de cuidado completo, com metas realistas e segurança”, conclui George Mantese.

 


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MARCELO FRANCISCO DE OLIVEIRA
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