Prematuridade e atraso de fala: um alerta para as famílias

Estudos apontam que bebês prematuros têm risco maior de dificuldades na linguagem, mas intervenção precoce pode mudar esse cenário

JúLIA BOZZETTO
25/08/2025 22h18 - Atualizado há 3 horas

Prematuridade e atraso de fala: um alerta para as famílias
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Pouco se fala sobre a relação entre prematuridade e atraso de fala, mas especialistas reforçam que o tema precisa estar no radar das famílias e profissionais de saúde. Um estudo publicado na Medicine (2019) revelou que crianças prematuras apresentam risco significativamente maior de atraso na linguagem expressiva, com impactos que podem persistir até a idade escolar.

Segundo a fonoaudióloga Angelika dos Santos Scheifer, o mito de que “é normal o prematuro falar mais tarde” tem levado muitas famílias a buscar ajuda apenas quando os filhos já têm 3, 4 ou até 5 anos, atrasando intervenções essenciais.

“A prematuridade não pode ser encarada como desculpa, mas sim como um sinal de alerta para atenção redobrada. Cada bebê prematuro precisa ser acompanhado desde os primeiros meses para que sua fala e seus talentos possam se desenvolver plenamente”, destaca a especialista.

As causas do atraso de fala em prematuros são multifatoriais. No aspecto neurológico, o cérebro ainda está em maturação acelerada no momento do nascimento. No âmbito emocional, a chegada antecipada costuma trazer internações e desafios que colocam o foco da família na sobrevivência do bebê, deixando em segundo plano a estimulação da comunicação. Uma pesquisa publicada na Frontiers in Psychology (2025) mostrou que bebês nascidos entre 32 e 36 semanas apresentam defasagens em habilidades de comunicação social ainda nos dois primeiros anos de vida.

Apesar dos riscos, a ciência mostra caminhos promissores. Um estudo citado pela Time (2014) revelou que o simples ato de falar intencionalmente com o bebê prematuro ainda na UTI neonatal melhora o desempenho linguístico aos 18 meses. “Cada palavra conta. Quando os pais conversam, olham nos olhos, celebram balbucios e gestos, estão abrindo espaço para que a criança se comunique melhor. A prevenção começa no afeto e se fortalece com orientação profissional”, afirma Angelika.

Para a especialista, o acompanhamento precoce, aliado à escuta qualificada, o apoio emocional e o treinamento às famílias, pode reduzir significativamente os impactos da prematuridade na fala. “O atraso pode ser prevenido ou minimizado quando ciência, afeto e ação caminham juntos”, reforça Angelika.


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