O câncer de mama é hoje a principal causa de morte por câncer entre mulheres no Brasil, e a Região Norte não foge a essa realidade. De acordo com o Panorama do Câncer de Mama 2025, elaborado pelo Instituto Natura em parceria com o Observatório de Oncologia do Movimento Todos Juntos Contra o Câncer, a taxa de cobertura mamográfica da região é de apenas 11,9%, quase 60% abaixo da recomendação da Organização Mundial da Saúde, que indica 70% de cobertura entre mulheres de 50 a 69 anos. Além disso, as mulheres do Norte aguardam, em média, 238 dias entre o diagnóstico e o início do tratamento, o que representa um descumprimento de 178 dias em relação ao prazo legal de 60 dias estabelecido pela Lei nº 13.896/2019.
A cobertura de mamografias segue baixa em quase todos os estados da região, com destaque negativo para Roraima, com 3,5%, Tocantins, com 6,1%, e Amapá, com 17,7%. Embora o Acre tenha registrado a maior taxa regional, com 23,9%, o índice ainda está muito abaixo do mínimo necessário para garantir a detecção precoce da doença.
Esse cenário contribui para o elevado índice de estadiamento tardio na região. Atualmente, 45,5% dos casos de câncer de mama são diagnosticados em estágios avançados, quando as chances de cura diminuem e os tratamentos se tornam mais complexos.
"O Panorama do Câncer de Mama 2025 traz um retrato alarmante de como o cuidado com a saúde feminina ainda está longe de ser equitativo no Brasil. Para mudar essa realidade, é preciso fazer muito mais do que campanhas pontuais. O cuidado com a saúde das mamas deve começar na atenção básica e seguir com acesso aos exames, diagnóstico e tratamento em tempo oportuno", afirma Mariana Lorencinho, líder de Saúde das Mulheres do Instituto Natura.
Mortalidade em crescimento
A taxa de mortalidade por câncer de mama também vem crescendo na região. Em 2023, foram registrados 945 óbitos, o maior número desde o início da série histórica, em 2015, quando ocorreram 667 mortes. Estados como Rondônia, com 14,9 mortes por 100 mil mulheres, e Roraima, com 16,1, apresentaram índices alarmantes, superando inclusive a média nacional em anos anteriores.
"Esses dados são um chamado à ação. Precisamos garantir políticas públicas regionais que considerem as especificidades territoriais da Amazônia, com soluções que envolvam o fortalecimento da atenção básica, a interiorização de serviços especializados e o uso da tecnologia para garantir acesso ao diagnóstico precoce", destaca Nina Melo, coordenadora de pesquisa do Observatório de Oncologia.
Sobre o estudo
O Panorama do Câncer de Mama 2025 é um estudo observacional com base em dados públicos dos sistemas de informação do SUS, abrangendo o período de 2015 a 2024. A análise inclui notificações, produção de exames, tratamentos e registros de mortalidade.
Acesse o estudo completo: www.panoramacancerdemama.com.br Notícia distribuída pela saladanoticia.com.br. A Plataforma e Veículo não são responsáveis pelo conteúdo publicado, estes são assumidos pelo Autor(a):
GIOVANNA BONFIM DE CASTRO
[email protected]