Demora recorde no Centro-Oeste agrava mortes por câncer de mama

mama Mulheres aguardam, em média, 245 dias para iniciar o tratamento; quase metade dos casos são identificados em estágio avançado

GIOVANNA CASTRO
25/08/2025 10h55 - Atualizado há 4 horas

Demora recorde no Centro-Oeste agrava mortes por câncer de mama
Instituto Natura

O atraso no início do tratamento e o diagnóstico em estágio avançado são realidades comuns em todas as regiões do Brasil e no Centro-Oeste esse cenário se agrava. Em 2023, mulheres da região esperaram, em média, 245 dias para iniciar o tratamento contra o câncer de mama, de acordo com o Panorama do Câncer de Mama 2025, realizado pelo Instituto Natura em parceria com o Observatório de Oncologia do Movimento Todos Juntos Contra o Câncer. O tempo médio de espera na região é o mais alto do país, superando em 185 dias o limite legal de 60 dias previsto na Lei nº 13.896/2019. Além disso, 48,6% dos casos de câncer de mama no Centro-Oeste são diagnosticados em estágio avançado, quando as chances de cura diminuem drasticamente. O diagnóstico tardio, somado ao longo tempo de espera pelo início do tratamento, eleva a complexidade do tratamento e os riscos para as pacientes.

Com uma taxa de cobertura mamográfica de apenas 15,7% no biênio 2023–2024, o Centro-Oeste tem a segunda pior cobertura do Brasil, à frente apenas da Região Norte. No Distrito Federal, a cobertura foi de 11,7%; em Mato Grosso, de 13,3%; e em Goiás, 15,9%. O melhor desempenho da região foi registrado por Mato Grosso do Sul, com 22,2%.

"O Panorama do Câncer de Mama 2025 traz um retrato alarmante de como o cuidado com a saúde feminina ainda está longe de ser equitativo no Brasil. Para mudar essa realidade, é preciso fazer muito mais do que campanhas pontuais. O cuidado com a saúde das mamas deve começar na atenção básica e seguir com acesso aos exames, diagnóstico e tratamento em tempo oportuno", afirma Mariana Lorencinho, líder de Saúde das Mulheres do Instituto Natura.

Mortalidade em alta

A taxa de mortalidade bruta na região saltou de 12,9 óbitos por 100 mil mulheres em 2015 para 17,0 em 2023, um aumento de 32%. Foram registradas 1.420 mortes por câncer de mama no Centro-Oeste no último ano, também o maior número da série histórica.

Mato Grosso do Sul apresentou a maior taxa da região, com 18,9 óbitos por 100 mil mulheres, seguido por Goiás, com 17,7, e Distrito Federal, com 17,2.

"O crescimento da mortalidade mostra que o problema não está apenas na detecção, mas em toda a jornada da paciente. É essencial investir na regionalização da atenção oncológica, garantindo que os serviços cheguem a quem mais precisa, inclusive nas áreas rurais e interioranas", reforça Nina Melo, coordenadora de pesquisa do Observatório de Oncologia.

Sobre o estudo

O Panorama do Câncer de Mama 2025 é um estudo observacional com base em dados públicos dos sistemas de informação do SUS, abrangendo o período de 2015 a 2024. A análise inclui notificações, produção de exames, tratamentos e registros de mortalidade.

Acesse o estudo completo: www.panoramacancerdemama.com.br

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GIOVANNA BONFIM DE CASTRO
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