Sul tem 3.634 mortes por câncer de mama em 2023 apesar de ser líder em rastreamento mamográfico

Mesmo com a maior cobertura mamográfica do país, a região Sul enfrenta um atraso alarmante no tratamento, resultando em centenas de mortes evitáveis

GIOVANNA CASTRO
25/08/2025 10h52 - Atualizado há 4 horas

Sul tem 3.634 mortes por câncer de mama em 2023 apesar de ser líder em rastreamento mamográfico
Instituto Natura

O câncer de mama segue como o tipo que mais acomete mulheres no Brasil. Na região Sul, os dados do Panorama do Câncer de Mama 2025, elaborado pelo Instituto Natura em parceria com o Observatório de Oncologia do Movimento Todos Juntos Contra o Câncer, mostram avanços relevantes no rastreamento da doença, mas também indicam pontos de atenção em relação ao tempo de início do tratamento.

Com uma taxa de cobertura mamográfica bienal de 27,2%, a maior do país, a região demonstra esforços contínuos na detecção precoce da doença. Paraná (29,2%) e Rio Grande do Sul (28,1%) apresentam os melhores índices, enquanto Santa Catarina registra 22,5%. No entanto, a cobertura ainda está distante dos 70% recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Apesar da ampliação dos exames, a mortalidade na região permanece elevada, com taxa de 23,4 óbitos por 100 mil mulheres em 2023, a mais alta entre as regiões brasileiras. Ao todo, 3.634 mulheres perderam a vida para o câncer de mama no Sul no último ano. O Rio Grande do Sul concentra a maior taxa entre os estados, com 27,3 por 100 mil.

Outro ponto crítico é o tempo entre o diagnóstico e o início do tratamento. Em 2023, a média foi de 180 dias, uma melhora em relação à média histórica de 213 dias (2015–2023), mas ainda 120 dias acima do limite legal de 60 dias estabelecido pela Lei nº 13.896/2019.

"O Panorama do Câncer de Mama 2025 traz um retrato de como o cuidado com a saúde feminina ainda está longe de ser equitativo no Brasil. Para mudar essa realidade, é preciso fazer muito mais do que campanhas pontuais. O cuidado com a saúde das mamas deve começar na atenção básica e seguir com acesso aos exames, diagnóstico e tratamento em tempo oportuno", afirma Mariana Lorencinho, líder de Saúde das Mulheres do Instituto Natura.

Mesmo com 63,8% dos casos detectados em estágio inicial, a região ainda apresenta uma proporção significativa de diagnósticos tardios: 36,2%. “Não basta detectar o câncer de mama cedo. Se o tratamento demora, o tempo deixa de ser aliado e se torna inimigo. A Região Sul precisa de medidas concretas para reduzir essa distância entre o diagnóstico e a ação”, destaca Nina Melo, coordenadora de pesquisa do Observatório de Oncologia.

Sobre o estudo

O Panorama do Câncer de Mama 2025 é um estudo observacional com base em dados públicos dos sistemas de informação do SUS, abrangendo o período de 2015 a 2024. A análise inclui notificações, produção de exames, tratamentos e registros de mortalidade.

Acesse o estudo completo: www.panoramacancerdemama.com.br

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GIOVANNA BONFIM DE CASTRO
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