Estudo inédito no Brasil quantifica impacto da reciclagem na descarbonização e reforça urgência da economia circular

studo aponta que para cada tonelada de resíduo reciclado, é evitada a emissão de, 2,059 toneladas de emissão de CO₂e.

DEISE RAMOS
13/08/2025 18h35 - Atualizado há 14 horas

Estudo inédito no Brasil quantifica impacto da reciclagem na descarbonização e reforça urgência da economia
Imagem Divulgação IStock

A Planton, empresa especializada em tecnologia de mensuração de emissões, lança em parceria com a eureciclo o estudo “Impactos da Reciclagem na Emissão de Carbono”, iniciativa inédita que quantifica, com metodologia internacional e dados da cadeia de resíduos do Brasil, os benefícios ambientais da reciclagem e o papel estratégico da economia circular na redução de emissões de gases de efeito estufa.

O levantamento, conduzido em 2025, aponta que, em média, a substituição de uma tonelada de material virgem por reciclado evita a emissão de 2,059 toneladas de CO₂ equivalente (tCO₂e). O estudo será lançado oficialmente em agosto no evento Climate Week em São Paulo.

Como forma de mensurar o impacto da reciclagem na sustentabilidade, atribuindo a gestão de resíduos um importante papel na redução das emissões de gases de efeito estufa, a iniciativa eureciclo e Planton ganha ainda mais relevância em um momento em que o Brasil se prepara para sediar a COP 30, em novembro de 2025, em Belém do Pará — evento considerado decisivo para o avanço de diretrizes globais que conectem sustentabilidade, economia e justiça social.

“O impacto de financiar um estudo como esse vem da importância que o mercado começa a dar a reciclagem e a gestão dos resíduos industriais e pós consumo para conter impactos ambientais vividos hoje pela sociedade, como é o caso das mudanças climáticas. Materializar e mensurar esses impactos é o que vai possibilitar o olhar de indústrias e de órgãos públicos para o investimento no tema” comenta Rodrigo Palos, diretor comercial da eureciclo. 

Realizado com base nas diretrizes internacionais  do GHG Protocol e da ISO 14067, o estudo considerou os cenários de uso 100% de matéria-prima virgem versus 100% reciclada. Embora a indústria geralmente trabalhe com combinações, a comparação direta permite mensurar com clareza os benefícios climáticos da reciclagem. 

O destaque do levantamento foi o alumínio, cuja reciclagem evita a emissão de até 10,563 tCO₂e por tonelada, principalmente por evitar a etapa altamente emissora de extração da bauxita e o processo eletrointensivo de produção do metal primário. Em seguida aparecem os plásticos (2,128 tCO₂e em média), papel (1,348 tCO₂e), aço/ferro (1,759 tCO₂e) e vidro (0,354 tCO₂e).

O   estudo, portanto, demonstrou que a reciclagem de qualquer um dos materiais - plástico, metal, papel e vidro - evita emissões de CO2 de forma significativa. Para além da cadeia de reciclagem, a utilização de material reciclado nas embalagens e produtos contribui para reduzir a extração e o lixo gerado, sendo uma ação efetiva de descarbonização do Escopo 3 - emissões de carbono que acontecem em decorrência de processos das empresas que não podem ser controlados por elas, que abrangem desde a produção de bens e serviços utilizados pela empresa até o uso e descarte de seus produtos pelos consumidores. 

Reciclagem evita emissões e reduz pressão sobre recursos naturais

A análise se concentrou nas etapas de extração da matéria-prima e destinação final dos resíduos, assumindo que as demais fases do ciclo de vida (como uso e fabricação da embalagem) têm emissões equivalentes, independentemente da origem do material. Os dados foram coletados de fontes primárias, como cooperativas de triagem em São Paulo, e secundárias, como a base internacional Ecoinvent 3.10 e os fatores de emissão do 6º Relatório do IPCC (2021).

O estudo também levou em conta as perdas médias nos processos de triagem (23%, segundo a ABREMA), distâncias médias percorridas até o reciclador e o perfil de resíduos recicláveis no Brasil.

“Nosso estudo é primordial para um momento estratégico que o mercado enfrenta, a fim de apoiar marcas que buscam alinhar suas metas de descarbonização com práticas sustentáveis concretas, oferecendo uma base científica, ajustada à realidade brasileira, sobre os benefícios do uso de material reciclado. Os dados refletem o cenário mais atual possível e são fundamentais para decisões mais conscientes e eficazes” afima Raiane Vargas, Diretora de Sustentabilidade da Planton.

Importância estratégica da reciclagem para o clima e a economia circular

Para além das emissões evitadas, a reciclagem gera ganhos importantes em circularidade, prolongando a vida útil dos materiais e reduzindo a necessidade de extração de novos recursos. Essa dinâmica está alinhada aos princípios da economia circular, cada vez mais presente nas agendas corporativas e governamentais, uma vez que a escassez de matéria-prima vem sendo uma preocupação global.

De acordo com a Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente (ABREMA), a reciclagem no Brasil atingiu 8,3% do total de resíduos urbanos, incluindo o trabalho de catadores informais. Com o objetivo de ampliar essas taxas, a eureciclo vem trabalhando o PCR - material reciclado pós consumo - para reinserção do material na cadeia e incentivo a reciclagem no país 

Para que os benefícios da reciclagem se concretizem em escala, é fundamental fortalecer toda a cadeia envolvida — desde a indústria até os catadores. Nesse sentido, o papel da eureciclo é ser fonte de informação, um agente estruturador das cadeias de reciclagem,  e um facilitador no uso de material com conteúdo reciclado através do fornecimento de resina reciclada rastreada e de embalagens finais, em conjunto com uma rede de recicladores e fabricantes de embalagens.  

“Nosso compromisso é contribuir com o fortalecimento estrutural do setor, garantindo que mais empresas adotem embalagens mais sustentáveis e que mais materiais sejam efetivamente reciclados, promovendo a economia circular com qualidade e escala. Cada vez mais marcas assumem compromissos fundamentais que incluem a redução da pegada de carbono, e conseguem retorno em reputação e vendas. O consumidor tem um olhar cuidadoso sobre marcas que apoiam ações efetivamente sustentáveis. ”, destaca Tânia Sassioto, Diretora de Inovação na eureciclo.


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Deise Ramos de Jesus
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