As novas tarifas impostas pelos Estados Unidos sobre produtos de madeira brasileiros colocam em risco um dos mercados mais estratégicos para o setor florestal nacional. A avaliação foi feita no Podcast WoodFlow #18, que reuniu o CEO da WoodFlow, Gustavo Milazzo, o presidente da Associação Catarinense de Empresas Florestais (ACR), Jose Mario Ferreira, e o presidente da Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal (APRE Florestas), Fabio Brun.
Segundo os convidados, o impacto é especialmente grave no Sul do país, onde a dependência do mercado americano é maior. Em alguns segmentos do ramo madeireiro, como portas, molduras e pisos, a participação dos EUA nas exportações chega a ultrapassar 80%. “É uma situação que vai deixar cicatrizes no setor, mas também pode trazer experiência e abrir oportunidades para mudanças estruturais”, afirmou Fabio Brun.
O episódio destacou que, apesar das dificuldades, o Brasil mantém vantagens competitivas globais, como produtividade florestal superior à de outros países e produtos que atendem nichos específicos no mercado internacional. “O setor madeireiro brasileiro é consolidado e resiliente. Já superamos outras crises e podemos sair mais fortes, desde que haja uma ação coordenada para negociar com os Estados Unidos e preservar os empregos e investimentos na cadeia produtiva”, ressaltou Jose Mario Ferreira.
Diante do cenário, os participantes reforçaram que a negociação direta entre Brasil e Estados Unidos é urgente para evitar perdas irreversíveis de mercado. O diálogo bilateral pode abrir caminho para a revisão ou redução das tarifas, permitindo que as exportações brasileiras retomem competitividade e preservem o relacionamento histórico e interdependente com o país norte-americano.
Além disso, destacaram que medidas governamentais de apoio ao setor serão fundamentais para atravessar os próximos seis meses, período estimado para que o mercado se acomode à nova realidade. Incentivos fiscais, linhas de crédito emergenciais e políticas de manutenção de empregos podem ser decisivos para impedir o fechamento de empresas e a perda de mão de obra qualificada.
Para Gustavo Milazzo, o momento exige união entre indústrias, associações e governos estaduais e federal. “É urgente abrir um canal de negociação para reverter ou mitigar as tarifas. Sem isso, corremos o risco de perder espaço em um mercado vital para a madeira brasileira”, pontuou.
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MARIANA RUDEK
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