Colesterol: o vilão que mora no prato?

*Vaniele Silva Pinto Pailczuk

JULIA ESTEVAM
11/08/2025 09h08 - Atualizado há 3 horas

Colesterol: o vilão que mora no prato?
Banco Uninter

No Brasil, cerca de 23 milhões de pessoas já receberam diagnóstico médico de colesterol elevado, representando 14,6% dos adultos no país, conforme dados do Ministério da Saúde. O impacto é expressivo: as doenças cardiovasculares seguem como a principal causa de morte no Brasil, representando aproximadamente 30% dos óbitos anuais, ou cerca de 400 mil mortes. Estima-se que até 30% desses casos estejam associados ao colesterol alto, reforçando a importância da prevenção e da vigilância contínua.

E, ainda assim, o colesterol é algo que muita gente só lembra quando o exame de sangue chega. Quando o LDL aparece nas alturas, vem o susto. Já o HDL, todos torcem para estar alto, mesmo sem lembrar exatamente por quê. Antes de tratá-lo como vilão absoluto, é importante compreender melhor o papel que ele desempenha no organismo e como manter seus níveis equilibrados pode evitar complicações graves.

E você sabe o que é o colesterol? É um tipo de gordura presente no organismo, fundamental para o bom funcionamento do corpo humano, pois ajuda a produzir hormônios, vitamina D e é parte importante das células. Cerca de 70% dele é produzido pelo fígado e os outros 30% são adquiridos por meio da alimentação. Por isso mesmo, é tão importante manter uma dieta equilibrada, alimentos como embutidos, frituras e outros ricos em gordura saturada podem elevar os níveis de colesterol além do normal. O problema é quando o equilíbrio se perde.

O LDL que ganhou o apelido de “colesterol ruim” e, em tom bem-humorado, até de “Logo Deus Leva, numa referência às iniciais da sigla, é aquele que, em excesso, pode se acumular nas artérias e aumentar o risco de infarto e acidente vascular encefálico (AVE). Já o HDL é o “colesterol bom”, responsável por ajudar a limpar essa gordura em excesso. Os dois precisam trabalhar juntos, mas essa parceria nem sempre funciona como deveria.                                                           

O colesterol alto se instala em silêncio, muitas vezes alimentado por uma rotina sedentária, dietas gordurosas, estresse e, claro, aquele famoso combo: falta de tempo + fast food + “depois eu vejo isso”. Alguns sinais podem aparecer: fadiga frequente, dores de cabeça, palpitações, inchaço abdominal e até hipertensão. Ainda assim, é comum que ele só seja descoberto em exames de rotina. Daí a importância de manter os check-ups em dia, mesmo quando a gente se sente “bem”.

As complicações do colesterol alto vão muito além de um infarto ou AVC. Quando não controlado, ele pode comprometer a circulação sanguínea a ponto de provocar doença arterial periférica, aumentando o risco de amputações. Os efeitos não param por aí: o acúmulo de placas de gordura nos vasos também está associado à demência vascular, que prejudica memória e raciocínio. Em estágios mais graves, a sobrecarga nos vasos pode afetar rins e outros órgãos vitais, comprometendo a qualidade e a expectativa de vida.                         

Além da alimentação desequilibrada e do sedentarismo, outros fatores podem contribuir para o aumento do colesterol: obesidade, tabagismo e até causas genéticas. Sim, existe uma condição chamada hipercolesterolemia familiar, que pode elevar significativamente os níveis de colesterol desde a infância. Nesse caso, uma alteração nos genes faz com que o corpo produza colesterol em excesso, e isso exige acompanhamento médico desde cedo.

A boa notícia é que dá para cuidar. Comer melhor, fazer exercícios com regularidade, parar de fumar e manter o acompanhamento médico em dia são atitudes simples e possíveis. E não, não precisa virar um atleta ou viver de salada. É sobre fazer escolhas mais conscientes e sustentáveis, sem terrorismo alimentar.                                                                                                                       

No fim das contas, o colesterol não é um inimigo declarado. Ele só precisa ser vigiado, respeitado e mantido no lugar certo. Porque saúde é isso: equilíbrio. E uma pitada de bom humor também ajuda, desde que a próxima consulta não fique para depois.

*Vaniele Silva Pinto Pailczuk, enfermeira, especialista em UTI/ Urgência e Emergência, professora e tutora de cursos de pós-graduação na área da saúde no Centro Internacional Uninter.

 


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JULIA CRISTINA ALVES ESTEVAM
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