O hospital por trás do hospital: o papel vital da logística na saúde

*Roberto Pansonato

JULIA ESTEVAM
11/08/2025 09h10 - Atualizado há 4 horas

O hospital por trás do hospital: o papel vital da logística na saúde
Rodrigo Leal

Os hospitais são pilares fundamentais do sistema de saúde, desempenhando um papel crucial na prestação de serviços, desde atendimentos de emergência até tratamentos contínuos e cirurgias de todos os níveis de complexidade. Segundo os dados mais recentes da Confederação Nacional da Saúde, em 2022, tínhamos 4.466 hospitais em atividade no Brasil, sendo que 59% eram considerados hospitais de pequeno porte, de até 50 leitos. Para que toda essa estrutura de saúde funcione de forma eficiente e eficaz, a logística desempenha um papel igualmente crucial. Ela é responsável por todo o controle de medicamentos e insumos hospitalares, desde a compra e armazenamento até o monitoramento de estoque. Nesse processo, a logística reversa também atua no tratamento de resíduos hospitalares, classificando o que é reciclável, orgânico e perigoso.

A logística hospitalar garante que todos os insumos, de medicamentos e materiais cirúrgicos a produtos de higiene, estejam disponíveis no momento e local certos, nas quantidades adequadas e em conformidade com as normas de qualidade e segurança. Para isso, processos de compras, recebimento, armazenagem, controle de estoque, distribuição e descarte de resíduos são essenciais.

A gestão eficiente dos estoques de medicamentos é um dos desafios mais críticos para os hospitais, pois a falta de suprimentos pode comprometer tratamentos, agravar condições clínicas, causar atrasos em procedimentos e até levar à transferência de pacientes. De acordo com estudos realizados por Leal et al., 2025 (revista.fateczl), a ineficiência na distribuição de medicamentos nos hospitais está diretamente relacionada à ausência de um sistema integrado de gestão logística, que possibilite um fluxo de informações entre os setores de compras, fornecedores, centro de abastecimento farmacêutico e equipe de assistência ao paciente.

Desperdício de medicamentos é outro ponto crítico na logística hospitalar, pois itens vencidos não representam apenas perdas financeiras, mas também riscos à saúde do paciente e passivos ambientais. Boas práticas logísticas, como o uso de sistemas integrados de gestão (ERP), rastreamento por códigos de barras e inventários rotativos, são ferramentas essenciais para minimizar esse problema.

Em relação à logística reversa, o descarte inadequado de resíduos pode gerar graves consequências ambientais e sanitárias. Conforme dados do Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil - 2023, da ABREMA, em 2022, mais de 307 mil toneladas de resíduos de serviços de saúde (RSS) foram geradas no Brasil. Ainda, segundo o estudo, com base em dados da Sindusfarma, 261,4 toneladas de medicamentos e embalagens foram coletadas pelo sistema de logística reversa de medicamentos em 2022. Nesse sentido, atenção especial deve ser dada aos processos de recolhimento, separação e o tratamento adequado de cada tipo de resíduo é crucial: materiais recicláveis seguem para indústrias de reciclagem, resíduos orgânicos podem ser encaminhados à compostagem, enquanto os perigosos exigem incineração ou manejo especializado. Tais processos demonstram a responsabilidade socioambiental das instituições de saúde no cumprimento da Política Nacional de Resíduos Sólidos - PNRS (Lei nº 12.305/2010).

Profissionais capacitados, com conhecimento específico em gestão de cadeias de suprimentos, controle de estoques e manejo de resíduos, são cada vez mais necessários para lidar com a complexidade das operações logísticas hospitalares. O profissional de logística pode contribuir de forma estratégica para a redução de custos, melhoria da qualidade dos serviços e sustentabilidade institucional.

Segundo o “Portal Hospitais Brasil”, considerando todos os custos tangíveis e intangíveis do processo logístico, a gestão da logística intra-hospitalar pode comprometer mais de 60% da receita de um hospital. Portanto, investir em processos logísticos robustos e em profissionais qualificados é fundamental para garantir a qualidade, a segurança e o sucesso das operações hospitalares, com impactos positivos para a sociedade como um todo. 

* Roberto Pansonato é Mestre em Educação e Novas Tecnologias, graduado Bacharel em Desenho Industrial, com atuação em Gestão de Engenharia de Processos e Produção. É professor do Centro Universitário Internacional - Uninter, onde atua na tutoria dos cursos de Logística e Gestão do E-Commerce e Sistemas Logísticos.

 


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JULIA CRISTINA ALVES ESTEVAM
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