Colesterol: 6 mitos e verdades sobre esse vilão do coração
Além de silenciosa, a aterosclerose, doença causada pelo acúmulo de colesterol ruim (LDL) nas paredes dos vasos, é progressiva e responsável por 67% dos casos de doenças cardiovasculares
KARINA KLINGER
11/08/2025 13h38 - Atualizado há 9 horas
Crédito: Freepik
São Paulo, agosto de 2025 – As doenças cardiovasculares continuam sendo a principal causa de morte no Brasil e no mundo[1]. Entre os principais responsáveis por essas enfermidades, que causam cerca de 400 mil mortes por ano apenas no Brasil[2], está a aterosclerose — uma doença provocada pelo acúmulo do colesterol ruim (LDL) nas paredes das artérias2,[3]. Diante desse cenário, o Mês de Combate ao Colesterol é uma oportunidade para esclarecer e desmistificar informações. Embora o colesterol desempenhe funções importantes no organismo, seus níveis elevados podem representar sérios riscos à saúde3. Para ajudar a entender melhor o que é o colesterol e qual o seu impacto na saúde do coração, o cardiologista Luís Henrique Gowdak, Coordenador de Gestão Assistencial da Unidade de Aterosclerose e Coronariopatia Crônica do InCor-HCFMUSP, reuniu informações essenciais sobre o tema. Só existe um tipo de colesterol: Mito. Com papel importante no corpo humano, o colesterol é um tipo de gordura que está presente nas membranas das células e é essencial para a produção de alguns hormônios e da vitamina D3. Cerca de 70% a 80% do colesterol do nosso corpo é produzido internamente, principalmente pelo fígado[4]. O restante vem da alimentação3. Como não se dissolve no sangue, o colesterol precisa se ligar a partículas chamadas lipoproteínas para circular pelo organismo1. As duas principais são: - o HDL (conhecido como “bom colesterol”) que ajuda a remover o excesso de colesterol das artérias, levando-o de volta ao fígado, onde pode ser eliminado[5].
- LDL (“colesterol ruim”): em níveis elevados, especialmente quando combinado a fatores de risco como tabagismo, diabetes ou obesidade, pode se acumular nas paredes das artérias, formando placas de gordura3. Esse processo é chamado de aterosclerose, e pode dificultar a passagem do sangue1,2.
O colesterol ruim (LDL) não é o único fator de risco para as doenças cardiovasculares: Verdade. Embora diversos fatores de risco possam comprometer a saúde do coração — como má alimentação, obesidade, sedentarismo, hipertensão arterial, diabetes e tabagismo — cerca de 67% das doenças cardiovasculares têm como causa a aterosclerose, enfermidade causada pelo colesterol ruim (LDL)1,2. As taxas ideais de colesterol ruim (LDL) são iguais para todos: Mito. Os níveis ideais do colesterol ruim (LDL) variam de acordo com o risco cardiovascular de cada pessoa1. Para quem tem risco cardiovascular baixo, o ideal é manter os níveis de LDL colesterol abaixo de 130 mg/dL1. Em pessoas com risco intermediário, o valor recomendado é abaixo de 100 mg/dL. Já aqueles que já sofreram um infarto, AVC ou outro evento cardiovascular devem manter um controle mais rigoroso, com o LDL abaixo de 50 mg/dL1. A aterosclerose é uma doença silenciosa – Verdade. Segundo o Dr. Luís Henrique Gowdak, cardiologista do InCor-HCFMUSP, “além de silenciosa por não apresentar sintomas, essa é uma doença crônica e progressiva”. Ele alerta que “por meio de um simples exame de sangue, conseguimos medir os níveis de LDL colesterol. Por isso, é essencial que as pessoas realizem consultas e check-ups regulares, para evitar que a doença seja descoberta apenas quando já evoluiu para um infarto, por exemplo.” Após um evento cardiovascular, os pacientes passam a controlar os fatores de risco. Mito. “Infelizmente, isso nem sempre acontece”, alerta o Dr. Luís Henrique Gowdak, cardiologista do InCor-HCFMUSP. Em um estudo com 2 mil pacientes brasileiros com diagnóstico confirmado de doença cardiovascular aterosclerótica, e do qual o Dr. Gowdak participou, apenas seis estavam com todos os fatores de risco devidamente controlados[6]. “Esse dado é alarmante, pois muitas dessas pessoas acreditam, de forma equivocada, que estão curadas. Esquecem que a doença cardiovascular é crônica e exige cuidado contínuo”, reforça o médico. Não existem apenas medicamentos de uso oral para manter o controle do colesterol. Verdade. Segundo o cardiologista, “além das estatinas, que são de uso oral, há alguns anos contamos também com medicamentos injetáveis para ajudar na redução do LDL-colesterol, aplicados a cada 15 dias ou uma vez por mês[7]”.
“Mais recentemente, chegou ao Brasil uma nova opção terapêutica: um medicamento de aplicação subcutânea, indicado para pacientes com LDL colesterol elevado, apesar do uso de estatinas, que é administrado a cada seis meses[8]”, explica o especialista do InCor-HCFMUSP. Referências
[1] ECONOMIST IMPACT. City Heartbeat Index 2024 – Findings Report. Londres: Economist Impact, 2024. [3] FERENCE, B. A. et al. Low-density lipoproteins cause atherosclerotic cardiovascular disease. Eur Heart J. 2017;38(32):2459–2472. [4]Blesso CN, Fernandez ML. Dietary cholesterol, serum lipids, and heart disease: Are eggs working for or against you? Nutrients. 2018; 10(4):426. [6] Barros e Silva, Pedro GM, et al. Primary results of the brazilian registry of atherothrombotic disease (NEAT)." Scientific Reports 14.1 (2024): 4222. [7] SABATINE, M. S. et al. Evolocumab and clinical outcomes in patients with cardiovascular disease. N Engl J Med. 2017;376(18):1713–1722. Notícia distribuída pela saladanoticia.com.br. A Plataforma e Veículo não são responsáveis pelo conteúdo publicado, estes são assumidos pelo Autor(a):
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