A indústria química impõe condições de trabalho em que a exposição a agentes perigosos é constante, sejam substâncias tóxicas, corrosivas ou contaminantes biológicos. Por isso, as vestimentas de proteção química precisam cumprir uma série de critérios técnicos para garantir que o trabalhador esteja verdadeiramente protegido. Não se trata apenas de cobrir o corpo, mas de estabelecer uma barreira confiável contra riscos invisíveis, muitas vezes letais.
Priscila Akiti, especialista técnica da América Latina de Tyvek® Garments da DuPont, multinacional líder em tecnologia de materiais, apontou oito principais requisitos que devem ser observados na hora de selecionar uma vestimenta para ambientes químicos.
Proteção química e biológica
Vestimentas eficazes devem ser projetadas para atuar contra uma ampla variedade de substâncias perigosas, incluindo líquidos, vapores tóxicos e agentes biológicos. “A DuPont oferece diferentes linhas de vestimentas, como ProShield®, Tyvek® e Tychem®, cada uma com tecnologias específicas para diferentes níveis de risco e aplicações”, afirma a especialista.
“A linha ProShield® é voltada para proteção básica contra partículas e respingos leves, sendo ideal para atividades com menor exposição química. Já Tyvek® combina proteção com respirabilidade, sendo indicada para ambientes que exigem barreira contra partículas finas e alguns agentes biológicos, sem comprometer o conforto. Por fim, a linha Tychem® é voltada para os cenários mais críticos, com versões que oferecem proteção contra centenas de agentes químicos, incluindo líquidos tóxicos e vapores perigosos”, explica Priscila.
Resistência e durabilidade
Além de atuar como barreira, o material da vestimenta precisa manter sua integridade estrutural mesmo em condições adversas, resistindo a rasgos e abrasões. “A resistência mecânica é essencial para garantir que a vestimenta continue protegendo durante toda a jornada de trabalho. Por isso, é importante avaliar o desempenho do tecido em testes de tração e rasgo, além da durabilidade em uso real”, diz a profissional.
Riscos combinados
Muitas indústrias químicas apresentam mais de um risco simultaneamente, como riscos químicos e térmicos, baixa visibilidade ou até mesmo risco de ignição e presença de vapores inflamáveis. Dessa forma, é recomendado que a aplicação e situação específica sejam analisadas, a fim de identificar o traje de proteção ideal. Por exemplo, para ambientes com riscos químicos e térmicos, há a necessidade de utilizar um tecido com a proteção combinada. Já para ambientes com baixa visibilidade, a exigência é utilizar macacões com faixas refletivas para melhor nitidez.
“A DuPont conta com diversas vestimentas de riscos combinados. Um caso disso são as vestimentas de proteção química e secundária a chamas, projetadas para oferecer proteção adicional, como o Tychem® 2000 SFR. O Tyvek®, por sua vez, é antiestático em ambos os lados do tecido, importante para evitar o acúmulo de eletricidade estática, que pode causar faíscas perigosas em ambientes inflamáveis. Outro exemplo são as vestimentas laranjas de alta visibilidade, que aumentam a segurança dos trabalhadores ao torná-los facilmente identificáveis em ambientes com pouca luz ou alto tráfego”, afirma.
Tipo de costura adequada
Um ponto técnico muitas vezes negligenciado é o tipo de costura. “Muitos focam apenas no tecido, mas a costura pode ser um ponto crítico de vulnerabilidade. A DuPont, por exemplo, oferece três tipos de costura, cada uma com características específicas para diferentes níveis de risco”, aponta a profissional.
A costura simples, feita com agulha e linha, pode permitir a entrada de contaminantes em ambientes com exposição química mais intensa. Para a costura reforçada, além da costura tradicional, há um reforço adicional que aumenta a resistência mecânica. É ideal para ambientes onde há muito atrito ou movimentação, mas que ainda não envolvem exposição direta a agentes químicos agressivos. “Por isso, a costura termosselada oferece mais proteção, pois ela aplica fita química sobre a costura com calor e pressão, garantindo que o ponto frágil seja reforçado com a mesma barreira do tecido principal”, detalha.
Conforto e ergonomia
Embora o foco das vestimentas seja a proteção, o conforto dentro dos limites técnicos também é um critério importante. O peso do material, a respirabilidade e o ajuste ao corpo impactam diretamente a performance do trabalhador. “A ergonomia adequada melhora a mobilidade e reduz o estresse térmico, o que também contribui para a segurança operacional. Além disso, a escolha do tamanho correto da vestimenta é essencial para garantir liberdade de movimento e eficácia na proteção”, explica.
Certificação e normas técnicas
É fundamental que a vestimenta possua o Certificado de Aprovação (CA), documento emitido pelo Ministério do Trabalho e Previdência que atesta sua conformidade com normas de segurança. Um exemplo é a ISO 16602, uma norma de padrão internacional que estabelece diretrizes específicas para o desenvolvimento e a avaliação de EPIs, abordando aspectos como materiais, desempenho, durabilidade e segurança. Ela complementa a importância do CA, uma vez que a vestimenta não apenas precisa ter esse certificado, mas também deve cumprir com as exigências específicas que garantem a proteção contra riscos variados, tais como agentes químicos, térmicos ou biológicos.
“O CA, junto à ficha técnica da vestimenta, informa contra quais agentes ela protege e sob quais condições. Essa é a base mínima para a escolha segura de um EPI”, afirma a especialista.
Escolha de marcas confiáveis
Além da certificação oficial, a origem e a reputação do fabricante contam muito. “Não basta o produto ter CA, é importante contar com marcas que realizem testes em laboratórios próprios, mantenham controle de qualidade rigoroso e ofereçam suporte técnico no país. Isso faz diferença em situações críticas”, diz Priscila.
Treinamento e capacitação
Por fim, a eficácia da proteção depende também de quem usa. “Não adianta ter o melhor EPI se você não sabe usar. Vestir da maneira correta, verificar danos antes do uso e saber quando descartar, tudo isso deve fazer parte de treinamentos regulares”, reforça a especialista. Como a maioria dessas vestimentas são de uso limitado, o descarte após contaminação é obrigatório para preservar a integridade da barreira.
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JOÃO VITOR RUVOLO NAVARRO
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