A nova era das startups: Pedro Waengertner propõe um roadmap para fundadores diante da revolução da inteligência artificial

ACE Summit, organizado pela ACE Ventures, reuniu empreendedores e investidores em São Paulo para discutir vendas, tração, liderança e crescimento de negócios no cenário atual

CAROLINA MONTEIRO
06/08/2025 11h03 - Atualizado há 3 horas

A nova era das startups: Pedro Waengertner propõe um roadmap para fundadores diante da revolução da
Imagem: Divulgação

A inteligência artificial já alterou as bases da criação de produtos digitais e, para os fundadores, isso exige mais do que adaptação. Exige reconstrução. Com a proliferação de ferramentas que automatizam decisões, reduzem fricções e operam de forma autônoma, o modelo tradicional de software entra em obsolescência. Produtos precisam ser redesenhados com IA no centro da experiência e na lógica do negócio. Essa foi a principal tese apresentada por Pedro Waengertner, CEO da ACE Ventures, na palestra de encerramento do ACE Summit 2025.

Waengertner defendeu que o modelo clássico de SaaS, baseado em interfaces para input, gestão e relatórios, já não atende ao novo padrão de eficiência exigido. O “SaaS 2.0”, como define, elimina a necessidade de operadores humanos, antecipa problemas e entrega valor invisível ao usuário. Exemplos como Rippling e Intercom mostram essa transição: agentes autônomos que operam nos bastidores substituem atividades humanas e aumentam a precisão das entregas.

IA no core do produto e a mudança no modelo de receita

Mais do que uma revolução técnica, a IA impacta diretamente o modelo de negócio. Startups que incorporam essas tecnologias em seus produtos enfrentam um aumento de custo variável — tokens, processamento e latência de modelo. Isso exige novos modelos de precificação, baseados em proxies como minutos, respostas ou créditos. Empresas como Miro e Eleven Labs já fizeram esse ajuste para manter a sustentabilidade de suas operações com IA embutida.

No marketing, o “time to value” se tornou instantâneo. Produtos que mostram valor antes do cadastro conquistam o usuário no primeiro clique. Pedro destacou exemplos como o Perplexity e o Lovable, que colocam a mágica do produto antes da barreira de entrada. Essa lógica exige que fundadores redesenhem jornadas de aquisição e operem com times mais técnicos, menores e integrados com ferramentas de IA.

Saturação, fidelização e o retorno do relacionamento humano

Com o uso massivo de IA na produção de conteúdo, canais digitais estão entrando em processo acelerado de saturação. E-mails genéricos e automações perdem impacto à medida que se tornam indistinguíveis. Pedro apontou que a diferenciação voltará ao relacionamento humano, à construção de comunidade e à criação de canais próprios. Em vendas complexas, a presença direta pode ser a principal vantagem competitiva.

Outro ponto crítico é a mudança nas métricas de eficiência. Com times mais enxutos e produtos que operam de forma automatizada, o faturamento por colaborador tende a se tornar uma métrica estratégica. Fundos de investimento passarão a observar indicadores como EBITDA por funcionário, ajustando seus critérios de alocação de capital.

Pedro encerrou com um chamado direto à ação: fundadores não devem delegar a IA ao time técnico, mas explorar seus limites diretamente. “Não ache que porque algo não funciona hoje, não vai funcionar daqui a seis meses”, afirmou. Para ele, a velocidade de evolução da IA exige experimentação contínua e domínio direto da tecnologia por quem lidera o negócio.

Sobre o evento

O ACE Summit 2025 reuniu centenas de fundadores, investidores e executivos no Centro de Convenções Frei Caneca, em São Paulo, para debater os principais dilemas da construção de negócios no Brasil. Temas como tração, liderança, impacto, estratégia de vendas e inteligência artificial dominaram a programação. Com um line-up diverso e conteúdo prático, o evento reafirma o papel da ACE Ventures como um dos principais hubs de inovação e empreendedorismo do país.


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Carolina Venciguerra Monteiro
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