A revolução silenciosa: por que a experiência do usuário é a nova moeda da TI crítica

Por Francisco Larez*

ANA SARTORI
05/08/2025 06h35 - Atualizado há 4 horas

A revolução silenciosa: por que a experiência do usuário é a nova moeda da TI crítica
Progress Software / Divulgação
Enquanto departamentos de TI globais investem trilhões em infraestrutura, um paradoxo assombra o setor: 76% das empresas priorizam métricas de hardware, mas apenas 34% monitoram sistematicamente o tempo de resposta percebido pelo usuário final, segundo o Gartner. Essa desconexão tem um custo empresarial palpável. Quando aplicações críticas travam ou arrastam-se, não são apenas gráficos de CPU que falham – são transações perdidas, produtividade evaporada e confiança do cliente corroída. Estudos do IDC revelam que uma hora de indisponibilidade de sistemas críticos custa, em média, R$ 300 mil para empresas médias, cifra que escala para milhões em setores financeiros ou de saúde.

A verdadeira gestão avançada de TI começa com uma inversão radical de prioridades. Tecnologias como os Application Delivery Controllers (ADCs) não são meros balanceadores de carga: são atuários de continuidade. Redirecionam tráfego em milissegundos diante de falhas de servidores, garantindo que o usuário nunca perceba a engrenagem quebrada nos bastidores. Contudo, disponibilidade sem desempenho é uma vitória oca. É aqui que o Network Performance Monitoring and Diagnostics (NPMD) emerge como vigia estratégico.


A camada de segurança, outrora isolada, agora é tecida na própria arquitetura de desempenho. Ferramentas de Network Detection and Response (NDR) analisam 100% do tráfego em tempo real, identificando ameaças como ransomware que, segundo a consultoria ESG, paralisam operações por 23 dias em 45% dos ataques bem-sucedidos. Essa visibilidade integral não é luxo: é o que impede que um dispositivo comprometido paralise toda uma cadeia produtiva.

A Inteligência Artificial promete acelerar essa revolução, mas seu brilho requer lentes críticas. Embora o mercado de IA para segurança cresça 24% ao ano, segundo dados do MarketsandMarkets, o mantra "confiar, mas verificar" permanece inegociável. Sistemas autônomos de NDR usando deep learning detectam 40% mais ameaças zero-day que soluções tradicionais, de acordo com a Forrester, mas também geram falsos positivos que podem paralisar operações legítimas. A automação cega é um convite ao caos: ferramentas devem amplificar o julgamento humano, jamais substituí-lo.

O futuro pertence às organizações que entenderem que a “sopa de letrinhas” ADCs, NPMD, APM e NDR não são siglas isoladas, mas elos de uma única corrente: a experiência do usuário final. Quando um cliente clica em "comprar" ou um médico acessa prontuários, nanossegundos de latência convertem-se em vantagem competitiva – ou em chão rachado. Projeções do mercado de APM, que atingirá US$ 12,76 bilhões até 2033, segundo dados da Verificada Mercado Relatórios, confirmam essa mudança.

Essa revolução, porém, é silenciosa por uma razão fundamental: seu sucesso se mede pela ausência de ruído. Quando a experiência do usuário flui sem atritos, quando o acesso é instantâneo e a interação intuitiva, a complexa orquestração de ADCs, NPMD e NDR desaparece da percepção. O usuário final não celebra a latência imperceptível ou a ameaça bloqueada em milissegundos; ele simplesmente age, confiante de que o digital responde.

É nessa invisibilidade do esforço tecnológico, nessa naturalização da excelência, que reside o verdadeiro poder da nova moeda. A TI crítica deixa de ser um departamento de suporte e se torna o próprio oxigênio da operação – só notado quando falta, mas vital e transformador quando presente em sua plenitude silenciosa. A grande provocação, então, não é apenas priorizar a experiência, mas compreender que sua máxima conquista é tornar-se imperceptível, fundindo-se de tal forma ao fluxo do negócio que sua sofisticação passe despercebida, como a engrenagem perfeita que só revela seu valor pelo movimento contínuo que permite.


A mensagem final é cristalina: infraestrutura robusta sem experiência ágil é castelo de cartas. Segurança blindada sem disponibilidade contínua é fortaleza vazia. A TI que sobreviverá não será a que acumula mais teraflops (unidade de medida que representa a capacidade de processamento de um computador), mas a que transforma cada clique do usuário no centro gravitacional de sua arquitetura. Essa não é uma evolução tecnológica – é uma revolução filosófica. E seu termômetro decisivo será sempre aquele instante frágil entre um comando humano e uma resposta digital.

*Francisco Larez é vice-presidente da Progress Software para América Latina e Caribe.
 

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ANA PAULA SARTORI
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