Ex-oficiais de segurança israelenses pedem o fim do conflito em Gaza

Vídeo veiculado no último domingo traz argumentos de que os combates poderiam ter terminado e solicita que Israel encerre o conflito

EMILLY ANDRADE
05/08/2025 22h42 - Atualizado há 6 horas

Ex-oficiais de segurança israelenses pedem o fim do conflito em Gaza
divulgação IBI
Em mensagem de vídeo veiculada no último domingo, 19 ex-oficiais de segurança israelenses fizeram um apelo conjunto para o término do conflito em Gaza, com o argumento de que Israel vem acumulando mais perdas do que vitórias e que hoje a luta é mais por razões políticas do que por necessidade militar estratégica. Das pessoas que gravaram o vídeo, muitas já criticaram o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e a forma como a coalizão lidou com a guerra.

Legendado em inglês, o vídeo traz argumentos de que os combates em Gaza poderiam ter terminado há muito tempo e ainda traz pedidos para que Israel encerre a guerra com um cessar-fogo permanente e um acordo abrangente para a libertação de todos os 50 reféns restantes de uma só vez.


O vídeo foi publicado nos canais de mídia social da UnXeptable, que se descreve como um “movimento popular lançado por um grupo de israelenses residentes na área da Baía de São Francisco em apoio a um Israel democrático”.

João Koatz Miragaya, historiador e assessor do Instituto Brasil-Israel lembra que não é a primeira vez que ex-comandantes das forças de segurança se manifestam contra Netanyahu. “Em 2017, uma carta pedindo a solução de dois estados foi assinada por 17 ex-comandantes das forças armadas, do Mossad e do Shin Bet. Pode-se dizer que a política do primeiro-ministro é vista pelos especialistas como uma ameaça à segurança nacional, e isso vem de longa data”, explica Miragaya.

Planos de expansão da ofensiva
Em meio a negociações paralisadas para um novo cessar-fogo, Netanyahu é a favor da expansão da guerra, de acordo com uma fonte diplomática citada no domingo pela mídia israelense. Embora as reportagens afirmem que ele tem o apoio de alguns ministros, ele enfrenta a oposição do Chefe do Estado-Maior das Forças de Defesa de Israel (IDF), Tenente-General Eyal Zamir, do Ministro das Relações Exteriores, Gideon Sa'ar, do líder do Shas, Aryeh Deri, do Conselheiro de Segurança Nacional, Tzachi Hanegbi, e do chefe do Mossad, David Barnea, bem como do negociador do Shin Bet, conhecido pela inicial hebraica "Mem", e do Major-General Nitzan Alon, que supervisiona o arquivo de reféns para os militares.

Após os relatos dos planos de Netanyahu, o Fórum de Reféns e Famílias Desaparecidas disse que o primeiro-ministro estava "levando Israel e os reféns ao abismo".

“A conversa, que tem sido ouvida repetidamente, sobre a libertação dos reféns por meio de uma vitória decisiva é uma fraude”, disse o Fórum, que representa a maioria das famílias dos 50 reféns restantes.

E segundo notícia da rede de TV israelense i12, fontes do governo afirmam que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu pretende expandir a ofensiva israelense até tomar o controle total do território palestino. O plano deve ser comunicado ao gabinete de Netanyahu na terça (5), mas o governo israelense ainda não se pronunciou oficialmente.

Os críticos do governo israelense já alegavam que Netanyahu evita concordar com o fim permanente da guerra e o retorno dos 50 reféns ainda em cativeiro para preservar sua coalizão, que depende de partidos de extrema direita que insistem em continuar a luta e cujos líderes expressaram seu desejo de conquistar Gaza permanentemente, expulsar seus moradores e reassentá-la com judeus.

Carta a Trump
Na última sexta-feira, um grupo de cinco ex-oficiais de segurança enviou uma carta ao presidente dos EUA, Donald Trump, pedindo que ele ajudasse a acabar com a guerra.

Os signatários, do grupo Comandantes pela Segurança de Israel, explicaram a Trump que o país "já alcançou há muito tempo" os dois objetivos da guerra que podem ser alcançados pela força — o desmantelamento das formações militares do Hamas e sua governança. O terceiro objetivo, o retorno dos reféns, disseram eles, "só pode ser alcançado por meio de um acordo".

Eles afirmaram que o Hamas não é mais uma ameaça estratégica para Israel e disseram que o país tem capacidade de lidar com qualquer ameaça do grupo terrorista.

A carta pediu ainda que Trump formasse uma “coalizão regional-internacional” que ajudasse uma Autoridade Palestina reformada a oferecer uma alternativa aos moradores de Gaza no lugar do Hamas “e sua ideologia cruel”.

Participantes do vídeo
Entre os 19 ex-oficiais das IDF, chefes de inteligência, diretores do Shin Bet e do Mossad e comissários de polícia que gravaram o vídeo veiculado domingo estavam o ex-primeiro-ministro e chefe das IDF, Ehud Barak, e os ex-chefes de gabinete das IDF, Moshe Ya'alon e Dan Halutz; os ex-diretores do Shin Bet, Nadav Argaman, Yoram Cohen, Ami Ayalon, Yaakov Peri e Carmi Gillon; os ex-chefes do Mossad, Tamir Pardo, Efraim Halevy e Danny Yatom; e os ex-comissários da Polícia de Israel, Dudi Cohen, Moshe Karadi, Rafi Peled e Assaf Hefetz.

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