Tensão diplomática e política ameaça saúde e segurança dos trabalhadores brasileiros

Apreensão entre EUA e Brasil podem provocar escassez de EPIs, alta nos custos e impacto direto no bem-estar e na integridade de milhões de trabalhadores

DA REDAçãO
03/08/2025 20h20 - Atualizado há 7 horas

Tensão diplomática e política ameaça saúde e segurança dos trabalhadores brasileiros
Ricardo Pacheco
Tensão diplomática e política ameaça saúde e segurança dos trabalhadores brasileiros
 

Apreensão entre EUA e Brasil podem provocar escassez de EPIs, alta nos custos e impacto direto no bem-estar e na integridade de milhões de trabalhadores
 
        A recente escalada de instabilidade diplomática entre os Estados Unidos e o Brasil acende um sinal de alerta no setor de Saúde e Segurança do Trabalho (SST). Embora os efeitos políticos pareçam distantes do chão de fábrica ou dos canteiros de obra, as consequências podem ser imediatas e profundas, especialmente quando se trata do acesso a equipamentos de proteção individual (EPIs), da realização de treinamentos e da manutenção de padrões mínimos de segurança.
        Para Dr. Ricardo Pacheco, médico, gestor em saúde, empresário, mentor, palestrante e presidente da ABRESST - Associação Brasileira de Empresas de Saúde e Segurança no Trabalho, o cenário de tensão internacional tem efeitos em cadeia. “Quando há instabilidade política e diplomática, a primeira vítima pode ser a saúde do trabalhador. A segurança se fragiliza não só pela escassez de materiais, mas também por uma reação de retração econômica que afeta investimentos e processos de prevenção”, alerta.
 
Custos em alta e cadeia de suprimentos em risco
 
        Entre os principais riscos concretos, estão as possíveis sanções comerciais, restrições à importação de insumos e produtos acabados, como máscaras, luvas, capacetes e óculos de proteção, além da elevação nos custos dos EPIs em função da desvalorização do real e da inflação.
        Segundo levantamento da Associação Brasileira da Indústria de Equipamentos e Proteção (ABIQUIM), cerca de 35% das matérias-primas utilizadas na produção de EPIs no Brasil são importadas, especialmente dos EUA, China e União Europeia. Qualquer ruptura nessa cadeia afeta diretamente a segurança dos trabalhadores.
        Segundo o médico, uma das principais vozes do País na defesa de políticas públicas e empresariais voltadas à promoção da saúde e da segurança no trabalho, não estamos falando de luxo, mas de itens essenciais à vida. “A indisponibilidade de um par de luvas ou de uma máscara adequada em uma indústria química, por exemplo, pode ser fatal. Precisamos tratar isso com urgência e responsabilidade”, reforça Dr. Pacheco.
        Outro ponto crítico está na interrupção do fornecimento. A complexa cadeia logística que abastece o setor de SST é extremamente sensível a conflitos políticos e embargos comerciais.
        No cenário atual, atrasos e cancelamentos de cargas já vêm sendo observados por distribuidores e importadores de equipamentos hospitalares e industriais.
        “Na construção civil, por exemplo, a escassez de materiais importados para EPIs pode causar atrasos em obras, aumento do risco de acidentes e consequente judicialização. No setor da saúde, a falta de luvas e máscaras pode colocar em risco tanto profissionais quanto pacientes, especialmente em unidades de urgência”, alerta Dr. Ricardo Pacheco.
 
Inflação e desvalorização podem prejudicar treinamentos e prevenção
 
        O impacto da instabilidade também se estende à capacitação de trabalhadores e à cultura de prevenção. Com a pressão inflacionária e a alta do dólar, treinamentos presenciais, cursos técnicos e ações de conscientização tendem a ser postergados ou cortados por parte das empresas - um retrocesso preocupante.
        O presidente da ABRESST alerta que reduzir investimentos em segurança nunca é uma boa estratégia. “A curto prazo, pode parecer economia. Mas a longo prazo, o custo de um acidente grave, de uma multa trabalhista ou de um afastamento por doença é infinitamente maior”, enfatiza.
 
Efeitos psicológicos e sociais da instabilidade
 
        Além dos impactos materiais, há um fator invisível, mas igualmente nocivo: o efeito psicológico da instabilidade sobre os trabalhadores. A incerteza econômica, somada à insegurança quanto à proteção no ambiente laboral, pode gerar ansiedade, estresse e esgotamento emocional, aumentando a probabilidade de falhas humanas, acidentes e afastamentos por adoecimento.
        “Quando o trabalhador não sabe se terá os equipamentos adequados no dia seguinte, ou se sua empresa conseguirá manter as condições mínimas de segurança, isso corrói sua confiança, seu foco e sua saúde emocional”, afirma o Dr. Ricardo Pacheco. “A instabilidade política e econômica não afeta apenas o faturamento das empresas, ela impacta diretamente o estado mental de quem está na linha de frente.”
        Estudos do Ministério da Saúde mostram que o número de afastamentos por transtornos mentais no Brasil aumentou mais de 30% nos últimos cinco anos - tendência que tende a se agravar em cenários de crise.
 
Setores mais vulneráveis
 
        A insegurança diplomática e política entre dois importantes parceiros comerciais, afeta especialmente setores que dependem de insumos importados para garantir ambientes seguros de trabalho. Entre os mais vulneráveis estão:
 
  • Construção civil - possível escassez de EPIs como capacetes, botas e cintos de segurança pode travar projetos e comprometer a integridade física de trabalhadores.
  • Indústria de alimentos – possíveis dificuldades na importação de embalagens e itens de segurança sanitária podem comprometer a qualidade dos produtos e a saúde dos consumidores.
  • Setor de saúde – havendo a falta de materiais de proteção, pode agravar situações emergenciais e colocar em risco vidas humanas.
  • Transporte e logística - atrasos nas entregas comprometem a segurança de motoristas e operadores, além de reduzir a qualidade dos serviços prestados.
Como enfrentar esse cenário?
 
        Para o Dr. Ricardo Pacheco, é urgente que empresas e governos adotem medidas estruturantes, primeiro para negociar com os EUA, já pensando em como mitigar os impactos dessa instabilidade, entre elas:
  • Diversificar fornecedores e cadeias de suprimento, reduzindo a dependência de países com histórico de instabilidade comercial.
  • Investir em tecnologia e automação, para ter processos mais seguros e menos dependentes de variáveis externas.
  • Fortalecer a cultura de segurança internamente, com ações de comunicação e conscientização contínuas.
  • Incentivar a produção nacional de EPIs e insumos estratégicos, com estímulo à inovação e apoio a pequenas e médias indústrias locais.
  • Ampliar políticas públicas voltadas à segurança do trabalho, garantindo acesso equitativo a equipamentos e treinamentos.
Segurança do trabalho é soberania nacional
 
        O médico, empresário, mentor, palestrante e um dos principais expoentes quando o assunto é saúde e segurança no trabalho, enfatiza que a segurança do trabalhador deve ser tratada como questão de soberania. “Precisamos garantir que, independentemente do cenário político internacional, nossos profissionais estejam protegidos e nossas empresas estejam preparadas”, conclui Dr. Ricardo Pacheco.
 
Sobre o Dr. Ricardo Pacheco
 
        Dr. Ricardo Pacheco é médico do trabalho, gestor em saúde e empresário, formado pela Faculdade de Ciências Médicas de Santos. Iniciou sua trajetória com foco na saúde ocupacional e, ao longo dos anos, expandiu sua atuação para a promoção da saúde integral.
         Em 2001, fundou sua primeira empresa de saúde, que posteriormente consolidando-se como uma plataforma de referência no setor.
         Desde 2002, integra a ABRESST (Associação Brasileira de Empresas de Saúde e Segurança do Trabalho), assumindo a Diretoria de Ética e Legislação em 2008. Nessa posição, foi ouvinte na Câmara Técnica de Medicina do Trabalho, representando a entidade, e desenvolveu projetos importantes, como a implantação do Selo de Qualidade ABRESST e o apoio direto à presidência.
         Em 2019, tornou-se presidente da entidade, cargo que ocupa pelo terceiro mandato consecutivo, expandindo significativamente o impacto da entidade, que hoje assiste mais de 4 milhões de trabalhadores.
         Dr. Ricardo teve papel essencial na revisão e criação de Normas Regulamentadoras (NRs), como o Gerenciamento de Riscos Ocupacionais (GRO) e o Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR) da NR-01, além da inclusão de riscos psicossociais nas normativas. Também participou da criação da NR-38, voltada à segurança dos trabalhadores na limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos.
         Durante a pandemia da covid-19, liderou protocolos de segurança para grandes produções audiovisuais e promoveu eventos online pela ABRESST, orientando empresas e trabalhadores sobre boas práticas em SST. Ativamente presente nos principais congressos do setor, foi um dos responsáveis pela retomada da 25ª edição do COBRASEMT, um dos mais importantes eventos da área.
         Recentemente, participou do G20 no Brasil, abordando questões como estresse térmico e saúde ocupacional.
         Reconhecido por sua expertise, colabora com entidades como ANAMT e ABERGO e frequentemente participa de veículos de comunicação para divulgar temas relacionados à saúde e segurança do trabalho. Seu compromisso com inovação e resultados faz dele um dos grandes nomes da saúde ocupacional no Brasil.
 
Dr. Ricardo Pacheco, CRM-SP 87570 I RQE 22.683.
Ricardo Pacheco, CRM-SP 87570 I RQE 22.683.

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SANDRA MARIA DA CUNHA
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FONTE: Ricardo Pacheco, médico, gestor em saúde e presidente da ABRESST.
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