Férias escolares: um convite à leitura e uma pausa saudável nas telas

Pedagogos alertam para o impacto da exposição excessiva às telas e reforçam o papel transformador da leitura na infância

FERNANDA KRAU
15/07/2025 22h13 - Atualizado há 13 horas

Férias escolares: um convite à leitura e uma pausa saudável nas telas
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Com a chegada das férias escolares, muitos pais se veem diante do mesmo dilema: como entreter as crianças sem recorrer ao uso excessivo de telas? Tablets, celulares e videogames ocupam cada vez mais espaço na rotina infantil, oferecendo estímulos rápidos, sons vibrantes e recompensas instantâneas. No entanto, esse consumo constante pode prejudicar aspectos importantes do desenvolvimento cognitivo e emocional das crianças, especialmente quando substitui o tempo dedicado à leitura.

Estudos mostram que a leitura ativa áreas do cérebro relacionadas à linguagem, à memória e à empatia, além de fortalecer a concentração e estimular o pensamento crítico. De acordo com um artigo da Sociedade Brasileira de Neuropsicologia, crianças que leem regularmente apresentam maior capacidade de atenção seletiva, melhor vocabulário e maior flexibilidade cognitiva. Já um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que crianças de 5 a 17 anos não passem mais de duas horas por dia em frente a telas fora do ambiente escolar, um limite que, na prática, é ultrapassado com frequência.

Nesse contexto, educadores vêm reforçando a importância de investir em experiências literárias significativas, especialmente durante as férias, quando há mais tempo livre e menos atividades estruturadas. Para Rossania Estela Rodrigues de Araújo, Diretora Pedagógica do Colégio Objetivo DF, a leitura vai muito além do entretenimento: é uma ferramenta poderosa para o crescimento integral da criança. “A leitura tem um impacto profundo no desenvolvimento da criança, transformando-a em diversos aspectos. Ela estimula a linguagem, a criatividade, a empatia e a capacidade de compreensão do mundo, além de fortalecer habilidades cognitivas como concentração, memória, habilidades linguísticas e criativas”, afirma.

Rossania destaca que o ambiente escolar pode ser um importante ponto de partida para o hábito da leitura, mas que o incentivo também precisa estar presente em casa. “Projetos como rodas de leitura, leituras dinâmicas, sacolas de leitura que levam até às famílias uma parceria de leitura em família, projetos em que as crianças escrevem suas próprias histórias são muito bacanas e extremamente motivadores. Leitura é sabor, é fantasia, é viajar sem sair do lugar”, completa. Para os pais, ela recomenda: “Comprem livros divertidos, coloridos, com histórias criativas e que tenham envolvimento com o público infantil. Acho que a leitura pode sim começar também em casa. Família é espelho e, com a participação dos pais, a proporção da evolução linguística é muito maior”.

O que faz a diferença

Na Heavenly International School, a literatura também é vista como um alicerce essencial para o desenvolvimento do pensamento crítico nas crianças. “A leitura com certeza influencia a construção do pensamento crítico, levando a criança a pensar nas possibilidades criativas, no desenvolvimento e na elaboração das diferenças reais e da criação da fantasia”, destaca o Diretor Pedagógico Valmir Gomes. Ele reconhece que as telas exercem um apelo forte, mas acredita na reversão desse cenário: “Acho que as telas influenciam as crianças a lerem menos, mas acredito que com incentivos, acompanhamentos, podemos sim mudar esse cenário e trazer nossas crianças novamente para o encantamento da literatura e das diversas formas de leitura”.

O desafio, segundo especialistas, não é banir a tecnologia, que também pode ser uma aliada em projetos pedagógicos bem conduzidos, mas equilibrar seu uso e garantir espaço para experiências mais profundas, como a leitura compartilhada e a criação de vínculos afetivos com os livros. Um estudo da Universidade de Cincinnati, nos Estados Unidos, mostrou que crianças que leem com os pais desde os primeiros anos de vida têm até 1,4 milhão de palavras a mais no vocabulário ao ingressar no ensino fundamental, em comparação com aquelas que não têm esse hábito.

Para Valmir, que também é o diretor de inteligência e inovação da instituição, é esse vínculo que faz toda a diferença. “A leitura é uma forma de afeto. Quando um adulto lê para uma criança, ele está dizendo: ‘eu me importo com você’. É nesse gesto simples que a criança entende que ler é mais do que decodificar palavras, é um ato de conexão, imaginação e amor”, conclui.


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