Por que alguém invade uma escola com uma faca nas mãos, disposto a atacar crianças? A neuropsicologia pode ajudar a entender os caminhos tortuosos que a mente humana percorre até chegar a um ato tão extremo.
O ataque registrado nesta terça-feira (8) em Estação, no interior do Rio Grande do Sul, onde um adolescente feriu crianças com golpes de faca dentro de uma escola, reacende uma discussão urgente: o que leva alguém a cometer esse tipo de violência? A resposta, embora complexa, começa no cérebro — e é nesse território que a neuropsicologia mergulha em busca de explicações.
“Como neuropsicóloga, meu papel é tentar lançar luz sobre o que, à primeira vista, parece apenas escuridão. Diante de atos violentos como ataques em escolas, é natural que a sociedade busque explicações. E a neuropsicologia entra justamente aí — não para justificar, mas para compreender os processos mentais e cerebrais que podem levar alguém a romper todos os limites éticos e emocionais”, conta a neuropsicóloga Carol Mattos, especialista em comportamento humano.
Transtornos mentais ou alterações neurológicas podem estar por trás
Segundo estudos da American Academy of Psychiatry and the Law, distúrbios como psicopatia, transtorno de personalidade antissocial e esquizofrenia paranóide aparecem com frequência em perfis de autores de ataques em massa. Além disso, disfunções em áreas cerebrais específicas — como o córtex pré-frontal e o sistema límbico — estão associadas à impulsividade, dificuldade de julgamento moral e ausência de empatia.
“A neuropsicologia não é uma resposta única nem uma solução mágica. Mas ela é uma ferramenta poderosa de prevenção. Avaliações neuropsicológicas podem ajudar a identificar alterações em funções como empatia e julgamento moral — e com isso, orientar intervenções antes que um ato extremo ocorra”, disse a especialista.
Avaliações neuropsicológicas ajudam na prevenção
Hoje, muitas escolas e instituições de segurança já contam com protocolos de análise de risco que incluem exames neuropsicológicos. Eles avaliam funções como empatia, impulsividade, autorregulação e tomada de decisão, podendo identificar sujeitos com maior risco de desenvolver comportamentos violentos.
O que fazer diante disso?
A neuropsicologia não é uma bola de cristal — mas ela oferece ferramentas que permitem investigar mais a fundo o que se passa na mente de pessoas que cruzam limites impensáveis. Após tragédias como a de Estação, a atuação de equipes interdisciplinares, que combinem segurança, saúde mental e educação, é urgente. Compreender não é suavizar o impacto de um ato bárbaro: é tentar impedir que ele se repita.
"Por fim, é fundamental reforçar: compreender não é suavizar. É agir. É reunir ciência, saúde mental, educação e políticas públicas para que tragédias como esta não se repitam. A prevenção começa no cuidado, no olhar atento e no compromisso coletivo com a saúde emocional — desde a infância até a vida adulta", finaliza Carol.
Alguns comportamentos devem ser sinais de alerta para pais, professores e responsáveis, tais como:
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SANDRA MARIA MARTINS
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