Clube de Leitura "Mãe Leva Outra" mergulha em "Soroca" para desvendar laços maternos e crises atuais

Livro de Angela Marsiaj será tema do próximo encontro do clube; estão abertas as inscrições para o evento, marcado para o dia 30 de junho.

TAMYRIS TORRES
25/06/2025 15h02 - Atualizado há 1 dia

Clube de Leitura "Mãe Leva Outra" mergulha em "Soroca" para desvendar laços maternos e crises atuais
Arquivo pessoal
 

O Clube de Leitura “Mãe Leva Outra” se prepara para um mergulho no universo de “Soroca”, romance de estreia da escritora e jornalista Angela Marsiaj. Em seu encontro mensal, via Google Meet, no dia 30 de junho, às 19h, as participantes vão tratar do romance em si – seus personagens, a trama baseada na trajetória de mulheres de hoje e do passado, e a linguagem polifônica – além de tocar em questões que compõem o pano de fundo do livro, como a maternidade, a violência, a escravidão, a ancestralidade e o colapso ambiental.

Publicado pela Editora Urutau, "Soroca" é uma narrativa potente que atravessa tempos histórico-afetivos, convidando os leitores a um mergulho nas complexas camadas das relações humanas e do nosso passado coletivo. A obra foi finalista do Prêmio Alta Books, e a autora tem contos publicados em diversas antologias e na Revista Pessoa, além de ter sido finalista dos prêmios SESC São Paulo 2018 (romance) e Kindle 2015 (conto). Durante a pandemia, Angela Marsiaj também compartilhou seu conhecimento literário e entrevistou autores na Cultura FM-SP.

Os interessados em participar do encontro do Clube de Leitura “Mãe Leva Outra” podem preencher o fomulário e ter mais informações aqui: https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSeXOMmdBQYBkyiq4uxeLcYWKLcJ7k487e8TD0YTzEHjE34hzA/viewform  

"Soroca": Metáfora da realidade brasileira?

O título do livro, "Soroca", tem origem na palavra tupi sorok e designa uma "fenda no solo em razão de infiltração de água. No romance, a protagonista Petra, uma mãe, é tragada por uma soroca durante uma tempestade na capital paulista. Esse evento a lança em um vórtice entre a vida e a morte, confrontando-a com um passado mais vívido que o presente. A obra tece com singularidade um denso relacionamento entre mãe e filha, questões de ancestralidade indígena, o colapso ambiental das cidades, a maternidade em suas múltiplas manifestações e a violência que, mesmo parecendo superada, ressurge com força.

Violência ancestral: na ficção e na atualidade

Na ficção de Angela Marsiaj as questões indígenas originárias se encontram com o tema atual, e de séculos, da violência feminina. As evidências estão num estudo da USP publicado na revista Science em maio deste ano: 13% dos brasileiros têm DNA indígena, muito mais do que é registrado no censo de 2022 do IBGE. Este DNA, diz o estudo, foi transmitido quase exclusivamente por linhagem materna. Isso indica uma alta probabilidade de uniões não consensuais de brancos com mulheres indígenas, consumadas, portanto, na violência. 

De igual modo, a menção a um rio canalizado de São Paulo, o Rio Verde, remete ao problema do colapso ambiental das cidades. A capital paulista, por exemplo, convive com centenas de quilômetros de cursos d'água soterrados. Esse processo de urbanização, como apontam estudos de universidades e órgãos ambientais, agrava problemas como enchentes – onde fenômenos como as "sorocas" se tornam visíveis e perigosos – e a perda de ecossistemas vitais. O livro destaca o fato de que, em algum ponto do século XX, o Rio Verde foi "rasgado em dois e enterrado".

Um trecho da obra: "Talvez se o engenheiro não tivesse falado da água que mina a terra, Petra não teria dito soroca e nem caído numa. Os indígenas não conheciam o asfalto, então asfalto não podia ter nome tupi. Mas o que tinha engolido a mãe de Joana era uma soroca e das grandes. Sorocabuçu."

Clube "Mãe Leva Outra": Um espaço de diálogo e reflexão

O romance "Soroca" aborda questões relevantes para o Clube "Mãe Leva Outra", como os complexos e, por vezes, densos relacionamentos entre mães e filhas, a ancestralidade e a maternidade em suas diversas manifestações. O clube de leitura tem se consolidado como um espaço seguro e criativo para mães e mulheres compartilharem vivências a partir da literatura. Criado como desdobramento da coleção homônima da Editora Urutau, o projeto se dedica a discutir temas urgentes da maternidade real e da condição feminina, agora também por meio da ficção.

O projeto é realizado por um grupo de escritoras-mães que se revezam na mediação, organização e divulgação. A proposta inclui:

 
  • Encontros virtuais para discutir obras da coleção;
  • Temas urgentes, como invisibilidade materna, luto gestacional e maternidade solo;
  • Ações práticas, como a articulação de pautas para políticas de apoio a mulheres em vulnerabilidade.


 

Fazem parte da iniciativa as escritoras:

 
  • Maíra Castanheiro: “Tornar-se mãeconheira”
  • Fabiana Grieco: “Aquela que vejo pelo espelho”
  • Valentina da Cunha Jarjura: “A cidade que carrega teu nome como um sussurro no meu ouvido”
  • Cristina Parga: “Clearblues Blues”
  • Ariana Pereira: “Nunca me contaram”
  • Angela Marsiaj: “Soroca”
  • Analu Leite: “Com amor, mamãe”
  • Fernanda França de Oliveira: “Palavras que guardei para minha filha”
  • Glória Diógenes: “Mãe sem a outra”
  • Marcela Cavallari: “Cavidade materna: Sete camadas de nós”
  • Yasmin Bidim: “O corpinho então nada”
 

SERVIÇO

Clube de Leitura Mãe Leva Outra – Maternidade e Literatura

 Encontro on-line mensal

  • Encontro mensal com o livro da autora Angela Marsiaj, “Soroca”: 30 de junho, às 19h (via Google Meet - link enviado por e-mail para as participantes inscritas)


 

FICHA TÉCNICA


 

  • Título: Soroca
  • Autora: Angela Marsiaj
  • Editora: Urutau (Selo Hecatombe)
  • Páginas: 320
  • Formato: 13x16,5cm (formato de bolso)
  • Encadernação: Brochura
  • ISBN: 978-65-6035-016-8
  • Preço: R$ 65

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ALEX YAN DA COSTA MENDES
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FONTE: Assessoria de imprensa
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