Jornal literário impresso paranaense completa 15 anos e celebra teimosia em páginas

Em setembro, periódico fundado pelo jornalista Daniel Zanella, completa 15 anos de circulação ininterrupta

DAMARIS PEDRO
12/09/2025 17h29 - Atualizado há 6 horas

Jornal literário impresso paranaense completa 15 anos e celebra teimosia em páginas
Foto: Damaris Pedro
 

O Jornal RelevO, um dos maiores jornais literários independentes do Brasil, completa 15 anos de circulação contínua. Criado em Araucária, Região Metropolitana de Curitiba, em setembro de 2010 pelo jornalista Daniel Zanella, o impresso é consolidado como um dos espaços mais versáteis e democráticos da literatura brasileira. Ao longo de quase 200 edições, publicou mais de 2 mil autores e autoras, sobretudo escritores nunca publicados em veículos literários anteriormente.

O projeto sem fins lucrativos, “até porque não consegue”, de acordo com o seu fundador, é financiado por assinantes, apoiadores e anunciantes que enxergam no veículo a possibilidade de atingir um público leitor em busca de novidades e de um tanto de humor. “Atualmente, temos cerca de 1.100 assinantes e um corpo de 20 anunciantes. A partir de nossa distribuição descentralizada, chegamos gratuitamente em mais de 450 pontos culturais do Brasil todo”, alega Zanella.

Com sede em Curitiba desde 2022, “embora também tenha passado despercebido em Araucária nos 12 anos anteriores”, alega o publisher, o RelevO permanece em um cenário dominado por algoritmos, plataformas digitais e consumo rápido de conteúdo. Prossegue como um objeto palpável, com tiragens que já chegaram a 10 mil exemplares. Atualmente, a tiragem é de 6 mil exemplares. Mateus Ribeirete, editor-assistente e responsável pela operação digital, explica que, hoje, o periódico enquanto objeto é muito mais interessante do que 15 anos atrás. “Manusear um jornal de papel em 2025 se tornou uma ‘experiência sensorial’”, explica. “Não somos retrô, nostalgia ou resistência. É apenas teimosia autoral, fruto da vontade de imprimir em 2010 e continuar imprimindo em 2025”, completa.

Ao longo de sua trajetória, o veículo passou por diversas fases. Em idos de 2010, o Jornal sofria os impactos diretos do fechamento de diversos veículos de notícias e de cadernos culturais, segundo Zanella. O editor conta que, em 2015, os custos subiam de forma avassaladora e a via digital surgia como uma espécie de salvação e de único futuro possível para os veículos de comunicação. Em 2020, quando a pandemia decretou o encerramento de diversos projetos culturais, Zanella seguiu adiante. “Curioso pensar, depois de tantas fases difíceis, que, em 2025, temos uma nova relação do público com aquilo que se convenciona chamar de analógico”, defende. “Ser impresso não é apenas mais uma estratégia de ir contra a corrente, mas também uma saída da poluição digital que se tornou, sobretudo, o ambiente das redes sociais. Este formato virou um espaço de descanso e de fruição”, acrescenta.

O processo de amadurecimento do projeto também passa pela constância, tanto da regularidade de impressão quanto da equipe que se envolve diretamente com a produção. “Mesmo conciliando com outras atividades profissionais ao longo desses 15 anos, o RelevO nunca deixou de ser prioridade”, resume Zanella, que administra desde a seleção dos textos até o contato direto com assinantes. “Publisher é um nome bonito para definir aquele que paga as contas e vai para o Serasa”, define. “Outro aspecto que considero importante na manutenção do Jornal é o núcleo que temos, do editor-assistente ao setorista da distribuição em Curitiba. Todos estão há muitos anos envolvidos. Preferimos uma equipe enxuta e coesa do que crescer e perder a nossa identidade, seja ela qual for”, define.

O impacto da publicação é também percebido por leitores e apoiadores. A assinante Jennifer Bazzi, 32, que recebe a assinatura regularmente em Curitiba, descreve que ler o formato físico é como segurar as palavras com as próprias mãos. “Gosto de virar as páginas e ver a evolução da leitura. Ainda tenho esperança no impresso”. Já o escritor e advogado Rafael Estorilio, 32, reforça o senso de comunidade do periódico: “No começo, assinei por impulso, mas depois percebi a importância de fugir das telas. É disso que o mundo precisa: conversas reais, leitura de verdade”, enfatiza.

Parceiros também reconhecem o valor simbólico da publicação, como Rafael Gayer, 42, assinante de Araucária e também patrocinador do projeto em diversos momentos. “Acompanho o RelevO desde o lançamento e entendo que receber o impresso mensalmente sempre sanou minhas necessidades pós-prandiais de um bom espresso acompanhado de um periódico com cheiro de papel. Vida longa!”, completa.

 

Sobre o Jornal RelevO
O Jornal RelevO é um impresso mensal de literatura. É editado, desde setembro de 2010, pelo jornalista Daniel Zanella. Mateus Ribeirete é o editor-assistente e responsável pela operação digital; Giovanni Guerreiro comanda as redes sociais. Bolívar Escobar é o diagramador. Marceli Mengarda produz infográficos e outros materiais visuais. Gabriel Scurupa é responsável pela logística de distribuição em Curitiba. O periódico conta com o serviço público de prestação de contas na página 2 e um ombudsman na página 5. Atualmente, o espaço é assinado por Rafael Maieiro. O Jornal tem uma tiragem mensal de 6 mil exemplares e distribuição dirigida em mais de 150 cidades do Brasil. Em 2018, chegou à marca de mil assinantes; hoje, conta com 1.150. Você pode assinar o RelevO e recebê-lo em casa a partir de R$ 80 ao ano.


 

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FONTE: Damaris Pedro
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