Martha Sales na 1ª Bienal do Livro de Sergipe: Literatura, resistência e ancestralidade em destaque na cena artística sergipana

Escritora, Iyalorixá e antropóloga, a autora celebra a vida e a cultura afro-brasileira com seus livros "Pé de Tempo" e "Okum D'orin", em um evento histórico para a literatura local.

TAMYRIS TORRES
12/09/2025 14h34 - Atualizado há 11 horas

Martha Sales na 1ª Bienal do Livro de Sergipe: Literatura, resistência e ancestralidade em destaque na cena
Arquivo pessoal
 

A 1ª Bienal do Livro de Sergipe, evento que marca um momento histórico para a literatura local, recebe nos dias 18, 19 e 20 de setembro uma programação plural e transformadora. Entre os destaques, a escritora, Iyalorixá e socióloga Martha Sales participará no dia 19 de setembro com suas duas obras publicadas: "Pé de Tempo: Poesia Oferenda" e "Okum D'orin: A poesia que vem do mar".

A presença de Martha Sales na Bienal, que acontece no Museu da Gente Sergipana, reforça a missão do evento de valorizar a cultura e a produção literária do estado. Em um cenário onde as narrativas afro-brasileiras e as vozes dos povos de terreiro ainda enfrentam sub-representação, as obras de Martha surgem como um farol de resistência.

Pé de Tempo: Uma dança com a existência

Lançado recentemente, "Pé de Tempo" é uma obra que vai além da poesia. Ilustrado pela artista visual Taíme Gouvêa, o livro desvela o tempo como uma divindade feminina e cíclica que tece destinos, das sementes às rugas, dos ciclos menstruais à menopausa marcando a vida da autora enquanto mulher de axé e que vive a passagem do tempo. É uma narrativa que mistura poesia e resistência, celebrando a vida em seus múltiplos ritmos.

Para Martha Sales, o livro é um ato político que celebra o tempo como espaço de reinvenção e denuncia o apagamento das narrativas afro-brasileiras. A autora, que transita com fluidez entre o axé e a academia, conecta saberes ancestrais às urgências contemporâneas, propondo uma leitura do tempo como teia que une passado, presente e futuro.

Okum D'orin: A poesia que vem do mar

Além de seu lançamento mais recente, Martha Sales também levará à Bienal sua primeira obra, "Okum D'orin: A poesia que vem do mar". Este livro é um testemunho poético da profunda conexão da autora com Yemanjá, a Yèyé Omo Eja. Através de versos que dançam com a fluidez e o frescor das águas de Sergipe, Martha traduz poeticamente essa escuta.

Ilustrado com aquarela pelo artista Roniery, a obra convida o leitor a uma jornada de autoconhecimento, ancestralidade, maternidade e conexão com o sagrado. A presença de ambos os livros na Bienal oferece ao público a oportunidade de conhecer a trajetória literária completa da autora, desde a celebração do mar até a dança com o tempo.

A 1ª Bienal do Livro de Sergipe, idealizada há anos e finalmente concretizada, promete ser um marco na história da literatura sergipana. A participação de Martha Sales, com suas obras que entrelaçam espiritualidade, feminino e resistência, contribui para uma programação que busca ser plural, inclusiva e transformadora.

Sobre a autora: 

Martha Sales é Iyalorixá, professora licenciada em Sociologia pela Universidade Federal de Sergipe (UFS), especialista em Antropologia pela UFS/NPPGA e pós-graduanda em Cinema e Linguagem Audiovisual. É membro do Núcleo de Pesquisa e Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (NPEABI/UFS), membro e sócio-fundadora da Sociedade de Estudos Étnicos, Políticos, Sociais e Culturais Omolàiyé e sócio-fundadora e Coordenadora do Espaço de Arte, Cultura e Educação Omiró Casa de Mar. Com "Pé de Tempo" e "Okum D'orin", Martha Sales confirma sua voz potente e sensível na literatura contemporânea, explorando as profundezas da experiência humana com uma perspectiva enraizada na sabedoria ancestral e em sua vivência como Iyalorixá.


 

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ALEX YAN DA COSTA MENDES
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