Parada do Orgulho LGBT+ de São Paulo 2025 traz como tema "Envelhecer LGBT+: Memória, Resistência e Futuro”

Neste ano, a Parada do Orgulho LGBT+ de São Paulo, organizada pela Associação da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo-APOLGBT-SP, considerada a maior do mundo, traz à Avenida Paulista um tema necessário, sensível e urgente: "Envelhecer LGBT+: Memória, Resistência e Futuro".

JULIANNA SANTOS GOMES
16/06/2025 13h19 - Atualizado há 16 horas

Parada do Orgulho LGBT+ de São Paulo 2025 traz como tema "Envelhecer LGBT+: Memória, Resistência e Futuro”
divulgação
 

A 29ª edição do evento acontece em 22 de junho e promete jogar luz sobre as invisibilidades e os desafios enfrentados por pessoas LGBT+ que envelhecem à margem de políticas públicas, amparo social e dignidade.

A escolha do tema não é apenas simbólica — é pessoal e política. O produtor artístico da Parada, Heitor Werneck, traz sua própria vivência como reflexo da realidade de milhares de pessoas LGBT+ idosas no Brasil:

“Esse tema é muito pertinente para mim, que sou um homem gay, com 58 anos, autista, sem família e que, por ser LGBT sempre trabalhei fora do CLT e agora tenho que correr atrás de recursos para minha aposentadoria. Eu mesmo me pergunto: o que o governo poderia me ajudar nisso?”, declara.

A fala de Werneck ecoa os sentimentos de uma geração que desbravou o caminho dos direitos LGBT+, mas que agora enfrenta o envelhecimento com pouca ou nenhuma rede de apoio.
 

Heitor Werneck, 58 anos

Diego Oliveira, diretor cultural e captador de recursos e parcerias da APOLGBT-SP, reflete sobre o tema desta edição:

“O tema busca conectar as pessoas que lutaram pelos direitos que temos hoje para a população LGBT+, mesmo via STF, celebrar suas vidas, mesmo as que já nos deixaram com a geração atual; mostrar nossa resistência, principalmente neste ano em que as pautas de DE&I foram atacadas, e que precisamos continuar construindo diálogos pela manutenção dos nossos direitos humanos; e o futuro, onde possamos somente celebrar e não mais reivindicar, o mundo ideal que nos motiva e inspira a continuar trabalhando por estes dias melhoras para todas as pessoas.”

Diego Oliveira, 41 anos

Muitos não constituíram família nos moldes tradicionais, foram expulsos de casa ainda jovens, enfrentam preconceito no mercado formal de trabalho, e hoje envelhecem em condições de vulnerabilidade — seja pela falta de segurança financeira, seja pela solidão, ou pela ausência de políticas públicas que contemplem suas especificidades.

Segundo dados do IBGE e de organizações da sociedade civil, pessoas LGBT+ têm maior propensão ao isolamento na velhice, sofrem discriminação em instituições de acolhimento, e ainda lidam com o etarismo aliado à LGBTfobia. 

A Parada quer trazer esse debate para o centro da sociedade: qual vida é possível para quem viveu (ou ainda vive) à margem?

Mais do que uma festa, um manifesto

Como em todos os anos, a Parada será um momento de celebração, orgulho e diversidade, mas também um poderoso grito por inclusão, respeito e políticas efetivas enquanto movimento social, da APOLGBT-SP. O evento contará com trios elétricos temáticos, apresentações artísticas e ações de conscientização, além de mobilizações em torno de pautas como:

  • A criação de políticas públicas voltadas à população LGBT+ idosa;
     
  • A inclusão da pauta LGBT+ em programas de saúde mental, assistência social e previdência;
     
  • O combate à solidão forçada e ao abandono;
     
  • A formação de redes de apoio comunitárias e intergeracionais.
     

A escolha do tema deste ano, aconteceu após o “Fórum Que Parada Nós Queremos?” que reuniu ativistas e instituições ligadas à pauta de direitos humanos para a população LGBT+. O tema busca reconhecer que há múltiplas formas de envelhecer — determinadas por raça, classe, gênero, deficiência, orientação sexual, identidade de gênero e acesso à cidadania. 

Envelhecer como uma pessoa trans, uma mulher lésbica negra, um homem gay periférico ou uma pessoa não binária tem significados e obstáculos diferentes — e todos merecem visibilidade, escuta e dignidade.

A Parada LGBT+ de São Paulo 2025 convida toda a sociedade a refletir: Que futuro estamos construindo para quem envelhece fora dos padrões heteronormativos? Que políticas são urgentes agora? Que lugar queremos ocupar na velhice — e com quem?


 

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JULIANNA SANTOS GOMES
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