Acabei de voltar do Web Summit Vancouver e, assim como aconteceu no Rio de Janeiro, o evento foi dominado por um tema central: inteligência artificial. De fato, a sensação que tive é de déjà-vu — como se estivéssemos entrando em mais uma das grandes bolhas tecnológicas que surgem de tempos em tempos. Já passamos pelas .com, Web 2.0, unicórnios, criptos, NFTs… e agora é a vez da IA.
Mas se tem uma coisa que todas essas "bolhas" têm em comum é que, mesmo quando estouram, deixam para trás uma revolução. A tecnologia avança, a forma como fazemos negócios muda, e o mundo não volta a ser como era antes. Com a IA, não vai ser diferente. A diferença agora é a velocidade.
Os VCs deixaram claro: a prioridade hoje são empresas de IA, não mais as fintechs, que reinaram até pouco tempo atrás. É uma mudança de foco que mostra como o mercado está reagindo — e se adaptando — rapidamente. E a mensagem principal para qualquer negócio é simples: "Just use it."
A IA está aí para ser usada, mas com responsabilidade. Gosto de pensar nela como um estagiário extremamente capaz: precisa de orientação, não vai substituir o time inteiro, mas pode aumentar muito a produtividade e a qualidade do que entregamos.
Outro ponto que me chamou atenção é como a barreira para criar um MVP despencou. Com uma boa engenharia de prompt, qualquer pessoa com uma ideia razoável já consegue testar um produto no mercado. Isso acelerou tanto o nascimento quanto a morte de startups. O ciclo de vida de uma empresa nunca foi tão curto — e isso exige mais agilidade e foco de quem empreende.
Por outro lado, essa aceleração traz desafios concretos de infraestrutura. A demanda por energia e processamento está explodindo. Os data centers já estão ficando mais caros e, se a indústria de energia não evoluir junto, vamos ver gargalos sérios. Um exemplo interessante que apareceu por lá é a Optimems, com sua proposta de virtual power plants. É o tipo de inovação que mostra que a cadeia de transformação é muito maior do que apenas software e aplicativos.
A palestra do Neil Patel também trouxe alguns insights valiosos. Ele comparou o desempenho de blogs escritos por humanos com os produzidos por IA e descobriu que o conteúdo humano teve 5,44 vezes mais acessos. Isso não significa que a IA deva ser ignorada, mas sim usada como apoio, não como substituta.
Outro dado que me chamou atenção foi a evolução da jornada do consumidor: em 2021, um cliente precisava de 8,5 interações com uma marca antes de comprar. Em 2025, esse número subiu para 11,1. O funil está mais longo, mais complexo, e passa por múltiplos canais.
E por falar em canais, o SEO continua vivo — só que completamente diferente. A busca por informação se concentra agora em ferramentas como ChatGPT, Deepseek, Gemini ou Copilot . A descoberta de novos produtos e marcas acontece nas redes sociais, principalmente entre a Geração Z. As buscas transacionais ainda estão no Google, mas estamos falando de um novo ecossistema de atenção. E quem trabalha com marketing precisa acompanhar esse novo comportamento.
Algumas startups que me chamaram atenção no evento e que vale a pena acompanhar:
Volto do Canadá com uma certeza: a inteligência artificial está transformando o presente em uma velocidade impressionante. Já não se trata de uma tendência para o futuro — é uma realidade que impacta negócios, comportamento e decisões agora. E como em toda revolução, quem não se adapta, fica para trás. Diante desse cenário, surge uma provocação inevitável: o que você espera do futuro próximo com a IA? E, mais importante, o que você pretende fazer com isso?
Notícia distribuída pela saladanoticia.com.br. A Plataforma e Veículo não são responsáveis pelo conteúdo publicado, estes são assumidos pelo Autor(a):
PEDRO GABRIEL SENGER BRAGA
[email protected]