*Por Ricardo Maravalhas
Após a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) entrar em vigor no ano de 2020, a privacidade e a proteção de dados vêm se destacando entre as empresas de diversos setores e portes. Nesse processo de adequações, muitas organizações se viram obrigadas a rever processos internos, políticas e até mesmo as suas estruturas tecnológicas. Porém, existem desafios que vão além do jurídico: a consolidação, de forma autêntica e duradoura, de uma cultura de privacidade na estrutura das empresas.
A cultura da privacidade nada mais é do que a incorporação dos princípios da proteção de dados pessoais no dia a dia da organização, englobando todas as áreas e colaboradores, não apenas se limitando aos setores jurídico e tecnologia. É preciso ir além e entender que a privacidade não é apenas uma obrigação burocrática, mas sim algo que agrega também valor e credibilidade com clientes e parceiros, além do mercado como um todo.
Para isso, é preciso que o engajamento comece pela alta liderança, devendo ser a primeira a demonstrar compromisso com a proteção de dados para além do discurso por meio de ações práticas: fazer investimentos em treinamentos recorrentes, adotar ferramentas seguras e incentivar a participação ativa dos colaboradores e correção de vulnerabilidades. Quando os líderes tratam a privacidade com seriedade, esse comportamento influencia toda a empresa, gerando um efeito dominó.
Além disso, a LGPD é uma lei viva, aplicada à medida em que novos casos surgem e a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) emite diretrizes conforme os avanços tecnológicos. Por isso, é fundamental haver uma educação contínua com atualizações do tema, assim como a implementação de canais de comunicação acessíveis e dinâmicos para que todos os colaboradores – do atendimento ao jurídico, assim como marketing e RH compreendam o seu papel na proteção de dados.
Ao mesmo tempo, a privacidade também exige uma constante revisão de processos, porque cada fluxo interno que envolve coleta, armazenamento, uso ou compartilhamento de dados pessoais deverá ser mapeado, avaliado e, dependendo do caso, reestruturado. Quando as empresas reduzem a coleta ao mínimo necessário e garantem que os dados tratados tenham uma base legal clara, elas minimizam riscos e demonstram respeito pela autonomia dos titulares.
A meu ver, reforçar a cultura de privacidade não é um fim em si, mas um processo contínuo de amadurecimento organizacional, e as empresas que compreendem isso tendem não apenas a evitar sanções, mas também a se destacar em um mercado cada vez mais aderente e exigente quanto à ética digital.
Por fim, tratar a confiança do consumidor como um ativo valioso e respeitar a privacidade deixa de ser um diferencial e passa a ser uma condição essencial à sustentabilidade das empresas a médio e longo prazos. Quem investe hoje na construção de uma cultura sólida e genuína estará muito mais preparado para o futuro — e mais próximo de conquistar a confiança de quem realmente importa: as pessoas, independentemente dos avanços tecnológicos.
Ricardo Maravalhas é fundador e CEO da DPOnet, empresa com mais de 4.500 clientes, que nasceu com o propósito de democratizar, automatizar e simplificar a jornada de conformidade com a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) por meio de uma plataforma SaaS completa de Gestão de Privacidade, Segurança e Governança de Dados, com serviço de DPO embarcado, atendimento de titulares, que utiliza o conceito de Business Process Outsourcing (BPO) e IA integrada (DPO Artificial Intelligence).
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Gabriela Calencautcy
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