O seguro inseguro
Vulnerabilidade dos idosos na aposentadoria
TEREZINHA TARCITANO
26/05/2025 11h42 - Atualizado há 3 semanas
Assessoria de Imprensa
Outro dia, no escritório, dona Jacira me ligou, aflita. Não era por conta do andamento do processo. Era o extrato do banco. Três seguros que ela nunca soube ter contratado. Um era "Proteção Vida Premium", outro "Seguro Roubo de Cartão", e o terceiro — esse até bonito no nome — "Tranquilidade Garantida". Só que tranquila, mesmo, só estava a instituição financeira. É impressionante — e revoltante — a maneira como a indústria bancária normalizou a venda casada. Nos últimos tempos, então, virou epidemia: onde há um empréstimo consignado, há um seguro embutido. E onde há um idoso, há três contratos para assinar — sendo que ele só foi ao banco pedir ajuda para consertar o telhado. A armadilha não está no produto, está na sutileza. Oferecem como se fosse proteção, um cuidado, quase um gesto de carinho: “Para a sua segurança, dona Jacira”, dizem. E colhem a biometria. Mas o que se vende não é segurança, é a captura. E a assinatura vem junto com o empréstimo, camuflada entre cláusulas que ninguém explica. A vítima perfeita? Quem não tem tempo, nem estudo, nem desconfiança. Pessoas simples, muitas vezes sozinhas, que confiam no banco como sempre confiaram nas outras pessoas. A verdade é que essas instituições encontraram um novo filão: o da vulnerabilidade. Não é só um produto a mais no catálogo. É um esquema que se alimenta da boa-fé e tem como pano de fundo uma classe enorme de pessoas. Um produto tipicamente brasileiro. Dona Jacira, coitada, ainda tentou cancelar. Deram-lhe um número de protocolo e um prazo de 45 dias úteis. E enquanto isso... já trocou de calendário, algumas vezes. E segue resignada em sua vida de brasileira. Dr. Alexandre Triches Advogado e professor https://schumachertriches.com.br/ Notícia distribuída pela saladanoticia.com.br. A Plataforma e Veículo não são responsáveis pelo conteúdo publicado, estes são assumidos pelo Autor(a):
TEREZINHA LUCIA ANTUNES TARCITANO
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FONTE: Alexandre Triches