Cineasta brasileira Luiza Botelho participa de dois paneis do Afrocannes deste ano

Diretora do curta 'Bela Lx-404' debaterá no Disruptive Filmmaking e no Brazil In Focus

Isidoro B. Guggiana
20/05/2025 16h35 - Atualizado há 10 horas

Cineasta brasileira Luiza Botelho participa de dois paneis do Afrocannes deste ano
Luiza Botelho e Joel Zito Araujo - crédito: Casa de Criação Cinema/Divulgação
Com experiência em direção, produção e roteiro, a cineasta brasileira Luiza Botelho foi convidada para o AfroCannes, um evento no prestigioso Cannes na França que visa promover a diversidade e a inclusão de afrodescendentes em toda a indústria cinematográfica. A diretora participou do evento em dois painéis.

“Palestrar no AfroCannes, em plena efervescência do Festival de Cannes, é uma oportunidade emocionante e simbólica. Sinto que esses dois encontros se complementam e refletem partes essenciais da minha trajetória”, conta a diretora. O Afrocannes aconteceu entre os dias 15 e 19 de maio.


Luiza, que dirigiu e escreveu o curta "Bela Lx-404", que foi protagonizado por Lea Garcia, em sua última participação no cinema, e produziu longas como "O Pai de Rita" (2021), "Meu Amigo Fela" (2019) e "Filhas do Vento" (2004), é um nome em ascensão no cenário internacional, e participou do Disruptive Filmmaking - The Reimaginers: Who's Disrupting Filmmaking in the 2020s and How?. Nele, ela debateu as vozes e tecnologias que estão redefinindo o cinema contemporâneo, com mediação de Caprice Crawford (EUA/Alemanha).

“Esse painel tem tudo a ver com o tipo de filmes que faço: obras que desafiam narrativas hegemônicas e reimaginam a arte do cinema. Estar ao lado de diretores tão inovadores como Izu Ojukwu, Simon Moutaïrou, Alex Kahuam, Jo Southwell e Karima El Mahmoud, foi um presente. Estou animada com a troca, com o público, e com as reflexões que surgirão a partir desses encontros”, celebra.

Logo depois, ela esteve no Brazil In Focus - A Thematic Exploration of the new faces of Brazilian Cinema. O painel destacou a nova geração do cinema brasileiro, com foco em cineastas afro-brasileiros. “Tive a honra de dividir o palco com a presidente da Spcine, Lyara Oliveira, o diretor Luís Lomenha, e o produtor Ernest White II, para discutir as novas faces do cinema brasileiro — passando pelo legado do meu pai, Joel Zito Araújo, até essa nova geração de talentos que vem transformando nossa representatividade e nossa imagem no mundo”.

Selecionada para a Producer’s Network após receber o prêmio Producer Network Award no Cinélatino – Rencontres de Toulouse (França), Luiza apresenta o longa Saudade, uma coprodução Brasil–Estados Unidos em busca de parceiros europeus. O filme é dirigido por ela e cocriado com seu pai, Joel Zito Araújo, referência incontornável do cinema negro brasileiro.

“Saudade é um drama sensível sobre reconciliação entre gerações, deslocamento e pertencimento, protagonizado por um homem negro que retorna ao Brasil com uma doença terminal após décadas nos EUA, em busca de despedida e reconexão com tudo o que deixou para trás.”

Além de "Saudade", Casa de Criação Cinema leva ao Marché outros dois projetos em busca de coprodução e distribuição internacional, todos centrados em experiências negras, com forte identidade autoral e potência estética: AI: Ancestral Intelligence, longa-metragem de ficção científica ambientado na comunidade fictícia de Kaluanã, e é uma ficção científica afrofuturista e indígena-futurista que imagina uma solução inesperada para a especulação imobiliária, através da união entre tecnologia e saberes ancestrais.

“Ambos filmes dialogam com minha trajetória e com meu desejo de contar histórias que expandam a imaginação e valorizem as experiências negra e indígena de maneira complexa, poética e universal.”

E, também, "Em Busca do Cinema Africano", novo documentário de Joel Zito Araújo (em pós-produção), é um relato em primeira pessoa sobre os encontros, afetos e reflexões do cineasta em mais de duas décadas de viagens pelo continente africano, guiado pelo olhar de seus realizadores.

A presença de Luiza no Marché reafirma o compromisso da Casa de Criação Cinema com a construção de um audiovisual brasileiro plural, internacionalizado e politicamente engajado. “Poder apresentar esses projetos no Producers Network no Marche du Film no Festival de Cannes é uma oportunidade única de conectá-los a parcerias internacionais que podem fazê-los crescer e ganhar o mundo”, comemora a diretora.

No Festival, Luiza também promove o curta BELA LX-404, que recebeu cinco prêmios, incluindo Melhor Curta-Metragem de Ficção no Pan African Film Festival 2025, festival qualificatório para o Oscar.

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ISIDORO BECKER GUGGIANA
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FONTE: Patrícia Rabello
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