Terremotos: o que a ciência revela sobre os abalos que moldam a Terra

*Prof. Eduardo Salamuni

VALQUIRIA MARCHIORI
16/05/2025 13h32 - Atualizado há 4 horas

Terremotos: o que a ciência revela sobre os abalos que moldam a Terra
Agência Nacional de Mineração

Eles surgem sem aviso, sacodem o chão, derrubam construções e, por vezes, arrasam cidades inteiras. Os terremotos, também chamados de sismos, sempre despertaram curiosidade e temor na humanidade. Os terremotos são manifestações da instabilidade da crosta terrestre inclusive naquelas porções imersas sob os oceanos. São resultantes do alívio repentino de tensões acumuladas na crosta terrestre, o que provoca uma movimentação do solo na forma de ondas. Esses eventos sempre impressionaram o ser humano que criou mitos em torno do fenômeno natural, não raro apontando-os como manifestações divinas.

Com a evolução do conhecimento da Geologia, os mitos deram lugar a observações muito precisas dos tremores de terra, no que diz respeito às suas causas e aos sítios onde ocorrem com maior frequência, bem como à sua potência destrutiva, em geral ligada às falhas geológicas que são geradas ou ativadas pelos eventos sísmicos.

Os geocientistas, por meio da observação direta e indireta criaram equipamentos e métodos para a avaliação precisa dos eventos sísmicos. Assim, sismógrafos de tamanhos variados podem detectar desde microssismos até sismos de grande magnitude. Podem ser móveis ou instalados em laboratórios de alta precisão, que recebem sinais de várias partes do globo. Esses equipamentos não só determinam o epicentro, ponto focal de sua manifestação na superfície, como também o hipocentro, ou seja, o ponto focal em subsuperfície onde se originou o tremor.

 

Os terremotos são medidos pela escala de sua Magnitude (M), anteriormente denominada de escala Richter, que se trata de uma escala logarítmica onde cada aumento de ponto significa um acréscimo de 10 vezes na amplitude das ondas e de 30 vezes na energia liberada. O terremoto de maior magnitude, que atingiu a escala M 9,5, ocorreu em 1960 em Valdivia, no Chile. Os sismos também são medidos pela escala de Intensidade de Mercalli Modificada (MMI), variável de I a XII, que determina os impactos de um terremoto no epicentro e seu entorno, tanto na percepção das pessoas quanto pelas consequências de seu poder destrutivo. Uma curiosidade é que um terremoto pode ser de grande magnitude, porém baixa intensidade, por exemplo em regiões pouco habitadas.

A crosta terrestre, juntamente com a porção superior do manto, é subdividida em placas tectônicas (ou litosféricas). O limite de uma placa tectônica pode interagir com o limite de outra placa de três maneiras diferentes: a primeira é quando duas placas estão se afastando entre si (movimento divergente); a segunda é quando duas placas estão comprimidas entre si (movimento convergente) e a terceira é quando duas placas estão deslizando lateralmente uma em relação à outra (movimento conservativo). Os terremotos mais potentes ocorrem nas bordas das placas tectônicas, onde essas gigantescas peças do quebra-cabeça terrestre se comprimem ou deslizam umas contra as outras. É o que acontece no Chile, Japão, Nepal, oeste dos EUA, Índia e Myanmar — enfim em todas áreas localizadas em zonas sismogênicas com grande tensão geológica.

Isso, porém, não significa que regiões afastadas dos limites das placas estejam imunes. Mesmo o Brasil, considerado geologicamente estável, registra sismos ocasionais. São eventos de baixa magnitude e raros, mas existem zonas sismogênicas mapeadas por pesquisadores em estados como o Rio Grande do Norte (a mais ativa do país), Paraná, Amazonas e Ceará.

No Paraná, por exemplo, já foram identificadas ocorrências sísmicas em cidades como Rio Branco do Sul, Telêmaco Borba e Londrina, além do seu litoral norte na divisa com São Paulo.

A importância de se entender os mecanismos dos grandes terremotos está na necessidade de se determinar os riscos sísmicos para as comunidades suscetíveis aos eventos sísmicos de grande intensidade. Neste contexto estão os tremores que geram tsunamis, que em geral são muito destrutivos, já que as ondas de choque na crosta oceânica deslocam grande quantidade de água dos oceanos que alagam grandes extensões de terra nas cidades litorâneas.

Usar a ciência para ajudar a humanidade a viver melhor é obrigação ética de todo pesquisador e, nas geociências, e o estudo sismológico é uma das áreas mais apaixonantes. A sismologia não é apenas uma área técnica, mas é um campo de estudo essencial para compreendermos o planeta em que vivemos — e, consequentemente, para estarmos preparados diante de sua força.

Esse tema vai estar no centro dos debates da I Conferência de Geologia e Mineração do Mercosul, que acontece no dia 6 de junho de 2025, em Foz do Iguaçu. O evento reunirá especialistas, pesquisadores e representantes do setor produtivo de diversos países da América do Sul para discutir a nova era da mineração e da geociência. Participe! Para informações acesse o site https://www.geominefoz.com.br/conferenciadegeologiaemineracaodomercosul

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Prof. Eduardo Salamuni, Professor, Doutor titular do  Departamento de Geologia UFPR.



 

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VALQUIRIA CRISTINA DA SILVA
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