O perigoso jogo da certeza absoluta nos investimentos

Artigo por Elias Coelho*

Victoria Santos
07/05/2025 11h33 - Atualizado há 9 horas

O perigoso jogo da certeza absoluta nos investimentos
Divulgação
Sentado à mesa de pôquer, você tem um trio de ases — uma mão praticamente imbatível. Sua confiança dispara, você aposta todas as fichas. Então seu oponente revela um Royal Straight Flush — a única mão que poderia derrotar a sua. Em segundos, tudo desaparece.

Esta não é apenas uma história de pôquer, mas uma poderosa metáfora para o viés de excesso de confiança que domina o mercado financeiro. Somos todos vulneráveis à ilusão de que sabemos mais do que realmente sabemos, de que nossas previsões são mais precisas do que poderiam ser.


A confiança excessiva leva a três comportamentos financeiros prejudiciais: operações excessivas que geram custos desnecessários, concentração em poucos ativos “certeiros”, e resistência teimosa a evidências contrárias.

O efeito Dunning-Kruger ilustra perfeitamente este fenômeno: no início da jornada de aprendizado, a confiança dispara rapidamente (o “Monte da Estupidez”), apenas para despencar quando nos deparamos com a verdadeira complexidade do tema (o “Vale da Humildade”). Apenas com conhecimento genuíno a confiança volta a subir, de forma mais sólida.

Nem mesmo os especialistas estão imunes. Em 1998, o fundo Long-Term Capital Management — gerido por dois ganhadores do Prêmio Nobel e repleto de PhDs — implodiu espetacularmente. Eles tinham certeza matemática de que seu modelo era infalível, ignorando que “nos mercados financeiros, o improvável acontece com uma inquietante regularidade”.

O paradoxo da informação agrava ainda mais este problema. Na era digital, temos acesso a mais dados do que nunca, o que paradoxalmente aumenta nossa confiança sem necessariamente melhorar nosso conhecimento real.
Como nos proteger deste viés? Primeiro, pratique a autoconsciência, perguntando-se regularmente: “O que me faz tão certo disso?” e “Quais evidências poderiam me provar errado?”. Busque ativamente perspectivas contrárias e implemente um processo decisório estruturado que não permita decisões no calor do momento.

É aqui que uma assessoria financeira independente, baseada no modelo fiduciário (fee-fixo), oferece uma vantagem crucial. Quando seu assessor é remunerado por transação, ele tem pouco incentivo para questionar sua confiança excessiva. No modelo fee-fixo, o assessor só ganha mais quando você ganha mais, alinhando completamente os interesses.

A assessoria adequada funciona como um espelho que mostra não apenas o que você quer ver, mas o que precisa enxergar — uma perspectiva externa que complementa seu conhecimento e protege seu patrimônio de impulsos momentâneos.

Da próxima vez que se pegar pensando “tenho certeza absoluta disso”, faça uma pausa e pergunte-se: “Quem eu penso que sou?”. A resposta honesta a essa pergunta, combinada com uma assessoria alinhada aos seus interesses, pavimentará o caminho para um futuro financeiro mais próspero e tranquilo.
Diferentemente do pôquer, investir não é um jogo — é uma atividade séria que impacta diretamente sua qualidade de vida e segurança financeira. E neste caso, reconhecer os próprios limites não é fraqueza, mas a verdadeira fonte de força.


* Elias Coelho é assessor de investimentos, Planejador Financeiro CFP®️ e sócio da Invés. Atua com foco em planejamento financeiro e no modelo fiduciário (fee fixo ou remuneração transparente) para garantir total alinhamento aos interesses dos clientes. Engenheiro eletricista pela UFMG e pós-graduado em Gestão de Negócios pela Fundação Dom Cabral

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VICTORIA APARECIDA DOS SANTOS BERNARDES DA SILVA
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FONTE: https://inves.finance/
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