Dia da Mulher: do ensino Infantil ao Médio, educadoras listam atividades para trabalhar a data em sala de aula
Escola tem papel importante na discussão da igualdade de gênero, além de formar e incentivar que mais mulheres participem de setores chave da sociedade
VAGNER LIMA
07/03/2025 09h42 - Atualizado há 1 dia
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O Dia Internacional da Mulher, celebrado em todo o mundo em 8 de março, é mais do que uma simples data comemorativa. É uma oportunidade para reflexão sobre as conquistas das mulheres ao longo da história e os desafios que ainda enfrentam. Nesse cenário, o ambiente escolar tem papel fundamental na formação de estudantes conscientes e engajados na luta por igualdade de gênero. A data foi celebrada pela primeira vez na história em 1911, três anos depois de uma marcha que reuniu 15 mil mulheres nas ruas de Nova York, em 1908, exigindo a redução das jornadas de trabalho, salários melhores e direito ao voto. Apenas décadas depois, em 1975, o Dia Internacional da Mulher foi oficializado e reconhecido pela Organização das Nações Unidas (ONU). Além das tradicionais flores e cartões trocados na data, a escola pode tornar o Dia da Mulher uma oportunidade de aprendizado e contribuir para uma sociedade mais justa, incorporando atividades educativas para formar gerações mais conscientes e preparadas para promover a igualdade de gênero. Para ajudar professores e educadores a abordar a data nas atividades em sala de aula, especialistas em educação listam atividades pedagógicas adequadas para cada fase da Educação Básica. Educação Infantil e anos iniciais do Ensino Fundamental: representatividade desde cedo A infância é um período crucial para a formação de valores e percepções sobre o mundo. "É essencial apresentar às crianças figuras femininas inspiradoras, estimulando a representação positiva das mulheres na sociedade e ajudando a desconstruir estereótipos desde cedo", afirma a diretora pedagógica do Brazilian International School (BIS), de São Paulo, Audrey Taguti. Uma atividade recomendada pela especialista é a leitura de histórias infantis (sejam leituras mediadas pelo professor, no caso das crianças menores; ou a leitura feita pelo próprio aluno alfabetizado) protagonizadas por mulheres fortes, como "Malala, a menina que queria ir para a escola” e "Histórias de ninar para garotas rebeldes", que trazem exemplos concretos de mulheres que desafiaram barreiras e transformaram suas realidades. Outra atividade recomendada é a dramatização de momentos históricos protagonizados por mulheres, permitindo que as crianças vivenciem de forma lúdica a importância da participação feminina em diversas áreas. Criar um mural interativo com imagens e descrições de mulheres notáveis também é uma forma visual e didática de reforçar a representatividade. Ao incorporar essas práticas no dia a dia escolar, as crianças crescem mais conscientes da diversidade de papéis femininos na sociedade e do impacto positivo da igualdade de gênero. Ensino Fundamental: desconstruindo estereótipos Nesta fase da educação das crianças, é importante trabalhar a desconstrução de estereótipos de gênero. "Trabalhar histórias de mulheres de diferentes áreas é essencial para ampliar as referências das meninas e para que os meninos também reconheçam a relevância feminina na sociedade", afirma a diretora pedagógica da Escola Bilíngue Aubrick, de São Paulo, Teca Antunes. Para os anos iniciais do Ensino Fundamental, a educadora aponta como uma proposta pedagógica eficiente conversar com alunos e alunas a partir de vivências de seu cotidiano, como escolhas de brinquedos e brincadeiras em que meninos e meninas podem igualmente se envolver. Além disso, é essencial garantir a presença de mulheres em diferentes áreas curriculares: artistas plásticas, escritoras, cientistas e figuras históricas devem fazer parte do planejamento acessado pelas crianças. Já nos anos finais do Ensino Fundamental, com uma maior maturidade dos adolescentes, o professor tem a oportunidade de investir em uma abordagem mais crítica e investigativa. Os alunos podem ser incentivados a pesquisar biografias de grandes mulheres que transformaram o mundo e marcaram a história, como Marie Curie (física polonesa que descobriu os elementos químicos Polônio e Rádio), Frida Kahlo (pintora mexicana ícone do feminismo), Dandara dos Palmares (guerreira negra do período escravagista e colonial brasileiro) e Ada Lovelace (matemática inglesa responsável por criar o primeiro algoritmo de computador da história), compartilhando suas descobertas com a classe. Ensino Médio: debate e reflexão crítica Nesta fase, a discussão sobre desigualdade de gênero pode ser aprofundada por meio de debates e análise de fatos reais. Atividades como rodas de conversa sobre o impacto da desigualdade salarial, representação feminina na ciência e na política e violência contra a mulher podem ser enriquecedoras. Além disso, filmes podem ajudar a ampliar a discussão, como os títulos Estrelas Além do Tempo (conta a história de três funcionárias da Nasa que foram fundamentais para que o homem chegasse à Lua) e Adoráveis Mulheres (três irmãs com personalidades diferentes que crescem e amadurecem unidas pelo amor em meio à Guerra Civil americana). Outra estratégia é incentivar os jovens a resgatar importantes memórias associadas a figuras femininas que foram de alguma forma importantes em suas vidas: criar uma atividade em que eles possam justificar, agradecer e parabenizá-las pelas suas habilidades, qualidades e forças que as tornaram tão especiais e dignas de lembranças e admiração deles. “Acredito ser uma grande oportunidade para identificar o porquê essas mulheres são valorizadas por eles e chamar a atenção para as suas próprias forças de caráter. Essa identificação revela aspectos que eles valorizam na vida e que podem buscar para si mesmos, usando-as como inspiração, exemplo e modelo”, opina a psicóloga, pedagoga e gestora da Escola Internacional de Alphaville, de Barueri, Ana Cláudia Favano. Além disso, é possível ainda resgatar modelos femininos que embora os estudantes não tenham convivido presencialmente, tenham de alguma forma contribuído para questões pessoais, que podem ser autoras de livros marcantes, cientistas que fizeram grandes descobertas ou figuras públicas que trouxeram importantes reflexões e aprendizados para suas vidas. “Acredito que o Dia da Mulher é uma grande oportunidade de trabalharmos como somos rodeados de pessoas que nem sempre temos a percepção de seu devido valor. A possibilidade de experienciar a gratidão entre os jovens é um exercício de crescimento pessoal”, completa Ana Claudia. As especialistas: Ana Claudia Favano é gestora da Escola Internacional de Alphaville. É psicóloga; pedagoga; educadora parental pela Positive Discipline Association/PDA, dos Estados Unidos; e certificada em Strength Coach pela Gallup. Especialista em Psicologia da Moralidade, Psicologia Positiva, Ciência do Bem-Estar e Autorrealização, Educação Emocional Positiva e Convivência Ética. Dedicada à leitura e interessada por questões morais, éticas, políticas, e mobiliza grande parte de sua energia para contribuir com a formação de gerações comprometidas e responsáveis. Audrey Taguti acumula 41 anos de experiência e trabalho em Educação. É formada em Magistério e Pedagogia, possui pós-graduações em Psicopedagogia e Bilinguismo e é especialista em Alfabetização. É diretora pedagógica do Brazilian International School – BIS, de São Paulo/SP desde a fundação do colégio, em 2000. Teca Antunes é pedagoga, Mestre em Educação Especial e pós graduada nas áreas de Didática para Educação Bilíngue e Alfabetização. Tem experiência em sala de aula e na gestão de escolas bilíngues, além de atuar como formadora de professores em diversas áreas. Na Escola Bilíngue Aubrick, atua na direção pedagógica promovendo o alinhamento de práticas frente ao projeto pedagógico da instituição, acompanhando o desenvolvimento profissional dos colaboradores e buscando construir uma experiência de excelência e relevância para todos os estudantes.
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VAGNER ADACIANO DE LIMA
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FONTE: FSB Comunicação