Feriado e diversão
O beijo de Carnaval e os riscos invisíveis da folia para a saúde
DéBORA PINHO
28/02/2025 17h38 - Atualizado há 5 horas
Arquivo pessoal
*Arlindo Aburad O Carnaval é um dos momentos mais aguardados do ano, sinônimo de festa, música e encontros. Durante a folia, a euforia da festa e a liberdade da celebração levam muitos foliões a curtirem intensamente cada momento, incluindo os beijos na boca entre desconhecidos. O que pouca gente se dá conta é que essa prática pode trazer riscos invisíveis, comprometendo a saúde. O contato direto da saliva durante um beijo pode ser um meio eficiente para a transmissão de diversas doenças. O HPV (papilomavírus humano), embora seja mais comumente transmitido pelo sexo, também pode ser pelo beijo se houve lesões na boca ou feridas na gengiva. Ele tem sido cada vez mais associado ao aumento de casos de câncer de boca e orofaringe, especialmente entre jovens. Um estudo realizado na cidade de São Paulo revelou que, enquanto os cânceres bucais tradicionalmente ligados ao tabagismo estão diminuindo, aqueles relacionados ao HPV estão crescendo entre homens e mulheres com menos de 39 anos. Pesquisas internacionais já apontam uma possível epidemia de cânceres de cabeça e pescoço relacionados ao HPV, e os dados brasileiros seguem essa tendência. Além disso, problemas comuns como cárie e gengivite são facilmente compartilhados, já que as bactérias responsáveis por essas infecções se propagam pela troca de saliva. A gengivite, se não tratada, pode evoluir para periodontite, um quadro mais grave que pode levar à perda dentária. A cárie, por sua vez, pode parecer inofensiva à primeira vista, mas exige tratamentos constantes e desgastes nos dentes que, ao longo dos anos, podem resultar na necessidade de próteses. Além das doenças bucais, algumas infecções mais sérias também podem ser transmitidas pelo beijo. A mononucleose infecciosa, popularmente conhecida como “doença do beijo”, é causada por um vírus presente na saliva e provoca febre, dores no corpo, ínguas no pescoço e até inflamação no fígado. Outra vilã silenciosa é o herpes labial, uma infecção viral que, após o primeiro contato, permanece no organismo por toda a vida, podendo ser reativada em momentos de baixa imunidade ou exposição intensa ao sol. A meningite, que pode ter consequências graves e até fatais, também figura entre as doenças transmissíveis pelo beijo. Estudos indicam que adolescentes que trocam beijos com múltiplos parceiros têm até quatro vezes mais chances de contrair a doença. A hepatite C, embora menos comum nesse tipo de transmissão, pode ser passada através da saliva em casos específicos. Já a hepatite B e o HIV possuem menor risco de contágio pelo beijo, mas a possibilidade existe quando há feridas na boca ou sangramentos causados por piercings. No clima de festa, é fácil esquecer que pequenas atitudes podem ter grandes impactos. Isso não significa que é preciso abrir mão da diversão, mas sim agir com mais consciência. A empolgação do Carnaval deve ser aproveitada sem descuidar da saúde. Afinal, a melhor lembrança da folia é a alegria vivida e não um problema de saúde adquirido na festa. *Arlindo Aburad é dentista, doutor em Patologia Bucal pela USP Notícia distribuída pela saladanoticia.com.br. A Plataforma e Veículo não são responsáveis pelo conteúdo publicado, estes são assumidos pelo Autor(a):
DÉBORA PINHO DE ALENCAR LIMA
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