*Por Thomas Law
Nos últimos anos, a mobilidade elétrica vem ganhando destaque como uma alternativa viável ao transporte tradicional. No Brasil, essa transição está começando a dar as caras, graças à demanda crescente por soluções que melhorem a eficiência do transporte e reduzam a poluição nas áreas urbanas. Porém, fica o questionamento: estamos preparados para essa nova realidade?
De acordo com a Bloomberg New Energy Finance, 30% da frota mundial de veículos leves deverá ser elétrica até 2040. Além disso, um estudo da consultoria McKinsey indica que, até 2040, o Brasil deve ter cerca de 11 milhões de automóveis movidos à bateria elétrica, refletindo o crescente interesse dos brasileiros por essa tecnologia. Entretanto, essa evolução traz desafios significativos em termos de infraestrutura. Para que a mobilidade elétrica se torne uma realidade acessível e funcional, é preciso investir em diversas áreas, como: estações de carregamento, planejamento urbano integrado, e claro, contar com políticas públicas que promovam a adoção de veículos elétricos.
No que se refere às estações de carregamento, a ABVE (Associação Brasileira do Veículo Elétrico) estima que o país conta com mais de 10 mil eletropostos, públicos e privados. Porém, em termos de comparação com outros países e considerando a extensão territorial, estamos muito atrás. A China, referência em mobilidade elétrica, conta com mais de 10 milhões de pontos de recarga. Outros países, como Holanda e Alemanha, contam com mais de 90.000 e 55.000 pontos, respectivamente.
A Noruega também se destaca como líder em mobilidade elétrica, graças a investimentos estratégicos. Além de uma ampla rede de carregadores públicos rápidos, o país, que é o primeiro a ter mais veículos elétricos do que movidos a gasolina, oferece benefícios aos usuários. A experiência norueguesa, junto com a chinesa, demonstram que governos podem estimular a adoção de veículos elétricos por meio de políticas públicas e investimento.
Embora tenhamos visto avanços, o Brasil ainda não dispõe de infraestrutura adequada para mobilidade elétrica, como vias dedicadas com interconexões municipais, representando um certo atraso, considerando que atualmente já existe até mesmo um trecho de asfalto, em Detroit (EUA), onde é possível carregar veículos por indução enquanto se dirige.
A mobilidade elétrica se alinha perfeitamente ao conceito de cidades inteligentes. Esses ambientes urbanos utilizam tecnologia para melhorar a qualidade de vida dos cidadãos, tornando a mobilidade mais eficiente e sustentável. A integração de veículos elétricos com sistemas de transporte público inteligente, como ônibus elétricos conectados, pode otimizar rotas e reduzir congestionamentos. Além disso, a coleta de dados sobre padrões de mobilidade pode ajudar as autoridades a planejar melhor a infraestrutura, tornando-a mais responsiva às necessidades da população.
Para que o Brasil esteja realmente preparado para a mobilidade elétrica, é necessário um esforço colaborativo entre governos, setor privado e sociedade. Outra questão é que a promoção de campanhas educativas, o incentivo à produção e venda de veículos elétricos e a ampliação da rede de carregamento são passos fundamentais.
Para finalizarmos, a mobilidade elétrica não é apenas uma tendência, mas uma necessidade para o futuro ao redor do mundo. Com o aumento das vendas de veículos elétricos, é fundamental que haja investimentos significativos em infraestrutura e políticas públicas que apoiem essa transição. Se o país se comprometer a se adaptar, poderemos transformar o transporte urbano, criando ambientes mais limpos, eficientes para todos.
*Thomas Law, é doutor em Direito Comercial pela PUC-SP, com pós-doutorado na USP e sócio-proprietário do escritório de advocacia que leva seu nome. Fundador do hub de inovação Ibrawork, é reconhecido por sua contribuição na interseção entre o campo jurídico e a inovação, integrando o poder público, a iniciativa privada e as universidades, especialmente na área de smart cities.
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Gabriela Calencautcy
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