Dia Nacional da Leitura: histórias de quem lê e dicas para transformar o hábito em prazer
Leitores compartilham suas trajetórias e mostram como o convívio em clubes de leitura e o contato com livrarias ajudam a manter viva a relação com os livros
ANGELO DAVANçO COMUNICAçãO
09/10/2025 12h05 - Atualizado há 13 horas
Divulgação
O Dia Nacional da Leitura, comemorado neste domingo (12/10), é uma data para celebrar o poder transformador dos livros e também para refletir sobre o desafio de mantê-los próximos em um país onde apenas 16% dos adultos compram livros e 20% leem durante o tempo livre, segundo a mais recente pesquisa Retratos da Leitura no Brasil (Instituto Pró-Livro, 2025). Ainda assim, a cena literária vive um momento de resistência e reinvenção: o número de clubes de leitura cresceu 35% nos últimos três anos (Câmara Brasileira do Livro, 2024), e as livrarias de rua voltaram a ganhar espaço como lugares de encontro, trocas e descobertas, como mostra o Anuário Nacional de Livrarias (ANL, 2023). Em Ribeirão Preto, a Degustadora de Histórias, livraria, café e editora localizada na região central (rua Garibaldi, 485), é um desses espaços que mantêm a leitura em evidência “Nossos clubes de leitura são, para muitos, o ponto de retomada do prazer de ler. A conversa sobre o livro amplia o olhar, tira a leitura da solidão e devolve a ela o sentido de comunidade”, comenta a livreira e editora Melissa Velludo, que hoje coordena 15 clubes literários que reúnem, todos os meses, mais de 400 pessoas em torno do livro. O livro como refúgio e terapia Para Carlos Eduardo Capelini Eli Lopes, 24 anos, estudante de pós-graduação, a leitura é mais do que um hábito, é um abrigo. “A literatura é um refúgio quando o mundo está pesado demais. É como uma cabana no meio da floresta onde a gente vai descansar. Eu diria que a literatura é um dos fármacos para a alma”, afirma. Lopes lê de três a cinco livros por mês e costuma reservar o fim do dia para mergulhar nas histórias. “Nem que seja uma ou duas páginas antes de dormir, eu leio todos os dias. Mas tem noite que a história está tão boa que eu vou madrugada adentro”, conta. A ideia da leitura como refúgio também é lembrada pela professora Ariana Serra, 42 anos, que cresceu entre bibliotecas escolares e livros de Monteiro Lobato e Pedro Bandeira. “Os livros são meu momento de distração e de reflexão ao mesmo tempo. Estão sempre por perto, na bolsa, no carro, espalhados pela casa. São uma companhia constante”, diz. O papel das livrarias e dos clubes Nas últimas décadas, o avanço das plataformas digitais e as mudanças de consumo transformaram a forma como os leitores se relacionam com o livro. Ainda assim, o retorno das pequenas livrarias de rua e o surgimento de clubes de leitura presenciais reacendem o vínculo afetivo com o livro físico. A professora Anna Laura Pozzetti de Abreu, 27 anos, lembra que sua relação com os livros começou cedo, aos quatro anos, quando aprendeu a ler com o incentivo da mãe. Hoje, os clubes são parte essencial de sua rotina. “O que me ajuda muito a manter o ritmo de leitura são os clubes. É muito bom ir até a livraria, encontrar pessoas queridas, debater sobre os livros. Sempre aprendo muito. É uma troca que me incentiva a ler mais”, explica. Experiência que também vive a professora de Jardinópolis Karina Pizeta Brilhadori, 47 anos. “Os clubes de leitura me abriram um mundo de possibilidades. A gente não se sente tão sozinho, porque ler ainda é uma coisa muito solitária. O clube aproxima pessoas com o mesmo gosto e transforma a leitura em necessidade”, conta. Melissa Velludo concorda. “A leitura compartilhada é um caminho de formação leitora. As pessoas descobrem autores que talvez nunca escolheriam sozinhas. E o mais bonito é perceber que cada encontro é também um encontro entre pessoas, entre experiências e memórias”. Dicas para quem quer começar a ler As experiências dos leitores ajudam a desenhar um mapa simples para quem deseja criar o hábito da leitura. Para Anna Laura, o primeiro passo é encontrar um gênero que desperte interesse. “Quando a gente se envolve na história, fica difícil deixar o livro de lado. E o importante é não se comparar com ninguém. Cada pessoa tem seu ritmo”. Karina reforça a importância de ter o livro sempre por perto. “A vida é corrida, então qualquer minutinho serve. Às vezes eu leio enquanto espero por algo ou até no intervalo do trabalho. O livro precisa estar sempre à mão”. Ariana recomenda começar por textos menores, como contos, crônicas ou quadrinhos: “Eles abrem a porta para a imaginação e mostram que o prazer da leitura pode estar em poucos minutos do dia”. Um mercado em transformação Apesar dos desafios, o cenário do livro no Brasil mostra sinais de vitalidade. Entre 2017 e 2022, as vendas de livros cresceram 38%, chegando a 58,6 milhões de exemplares. O e-commerce representa hoje 35% da receita das editoras, mas quase metade dos leitores ainda prefere comprar presencialmente, sobretudo quando os preços são equivalentes. “Isso mostra que as pessoas valorizam a experiência de estar numa livraria, conversar com o livreiro, participar de um evento literário. A leitura não é só consumo, é convivência”, completa Melissa. Como participar dos clubes de leitura Os clubes de leitura da Degustadora de Histórias acontecem ao longo de todo o mês e contemplam diferentes gêneros e perfis de leitores, dos clássicos às autoras contemporâneas, passando por quadrinhos, literatura russa, vencedores do Nobel e títulos inéditos da própria editora. Cada grupo se reúne mensalmente na livraria, com mediação da equipe da casa ou convidados e participação aberta ao público mediante aquisição prévia dos livros na própria livraria. A programação completa está disponível nas redes sociais da livraria: @adegustadoradehistorias. 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ANGELO ROGÉRIO DAVANÇO
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