O Brasil possui cerca de 4,9 milhões de empreendedores entre 18 e 29 anos, o que corresponde a 16% do total de empreendedores no país, conforme o relatório Empreendedorismo Jovem no Brasil 2025. A maioria destes empreendedores atua nos setores de serviços e comércio, que são áreas que apresentam baixo custo inicial, mas com alta competitividade.
Os números confirmam que empreender está cada vez mais no horizonte do jovem brasileiro, porque houve um crescimento expressivo dos Microempreendedores Individuais (MEIs). Estima-se que o país tenha superado a marca de 15,6 milhões de registros ativos, impulsionado por um aumento de 24,5% apenas no primeiro trimestre do ano em relação ao mesmo período de 2024, o que representa 2,2 milhões de novos negócios, segundo dados do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE).
Contudo, esses jovens ainda enfrentam obstáculos significativos: apenas 27,2% possuem CNPJ, o que evidencia a baixa formalização e a fragilidade de grande parte desses negócios. Se por um lado esses números revelam vigor e potencial, por outro evidenciam lacunas, porque os jovens talentos acadêmicos muitas vezes carecem de apoio para transformar pesquisa em produto ou negócio.
A falta de acesso a capital inicial, suporte técnico, infraestrutura e mercados adequados faz com que muitos empreendimentos fiquem presos à informalidade ou enfrentem grandes dificuldades para crescer, distanciando a teoria e a prática. Se o talento do jovem universitário está sendo direcionado ao empreendedorismo, é urgente repensar a estrutura de ensino e a forma de preparar esse público para os desafios do mercado.
Para que essa mudança se consolide, criar políticas públicas que estimulem a ciência aplicada ao setor de geração de negócios, fortalecer a educação empreendedora e ampliar o apoio institucional por meio de instrumentos como propriedade intelectual, incubadoras, financiamento e redes de mentoria pode de fato fazer a diferença.
Somente assim a aproximação entre ciência e negócios deixará de ser um ideal distante e se tornará motor para que o Brasil construa um ecossistema inovador, competitivo e sustentável no futuro próximo. Um exemplo deste movimento são os eventos e desafios “empresa/escola”, no formato de competições e geração de ideias de negócios, que incentivam o protagonismo estudantil.
Vivemos uma época em que o reconhecimento científico não se limita mais aos laboratórios ou às grandes descobertas publicadas em revistas especializadas. A ciência, hoje, busca ultrapassar os muros da academia e alcançar a sociedade em diferentes formatos e linguagens.
Nesse contexto, vale destacar o papel essencial da formação profissional na popularização do conhecimento científico, transformando saberes técnicos e teóricos em soluções acessíveis e aplicáveis ao cotidiano.
Entre os jovens universitários, essa tendência pode ser percebida por meio de iniciativas voltadas à inovação e ao empreendedorismo. Portanto, a formação na área de gestão e negócios busca cultivar ideias inovadoras, estimulando um ambiente acadêmico fértil de criatividade e resolução de problemas reais. O talento e a criatividade da juventude estão postos. O que falta é transformar potencial em política pública, e ideias em negócios que mudem o Brasil.
(*) Graziele Ueno é professora e coordenadora de curso do Centro Universitário Internacional Uninter. Doutora em Tecnologia e Sociedade, mestre em Turismo e especialista em Educação e em Meio Ambiente.
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JULIA CRISTINA ALVES ESTEVAM
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