Brasil Completa 10 Anos Livre da Raiva Humana Transmitida por Cães: Marco Vital da Saúde Pública

Depois de uma década sem casos de raiva canina humana, entenda as estratégias, desafios e o papel crítico do tutor, veterinário e vacinação para manter esse status.

PRISCILA GONZALEZ
05/10/2025 08h00 - Atualizado há 3 horas

Brasil Completa 10 Anos Livre da Raiva Humana Transmitida por Cães: Marco Vital da Saúde Pública
Marcelo Müller

Por Dr. Marcelo Müller — Médico-Veterinário, Mestre em Pesquisa Clínica, especializado em clínica médica e cirúrgica de pequenos animais, bem-estar animal e atendimento veterinário domiciliar. Autor do livro “Meu Pet… Meu Mundo…”


Raiva canina humana: o que mudou nos últimos 10 anos

O Brasil alcançou uma conquista histórica: já se passaram 10 anos desde o último caso documentado de raiva humana transmitida por cães (variantes caninas AgV1/AgV2). 

Esse feito é fruto de um conjunto de ações interligadas do Sistema Único de Saúde (SUS), que envolvem vacinação massiva de cães e gatos, disponibilização gratuita de vacinas antirrábicas, soros humanos quando necessários, além de vigilância epidemiológica reforçada. 


Como esse status foi possível

Aqui estão os principais pilares que sustentam essa vitória:

  • Campanhas regulares de vacinação animal: cães e gatos domésticos continuamente vacinados, com coberturas altas em muitos municípios. 

  • Resposta rápida a focos: quando há suspeita ou detecção de doença em animais ou circulação viral, equipes de zoonoses e saúde pública agem prontamente. 

  • Profilaxia pós-exposição humana: acesso ao tratamento adequado, soros e vacinas disponíveis para pessoas que sofreram mordida ou contato com animal suspeito. 

  • Integração das políticas públicas com vigilância ativa: monitoramento constante dos casos silvestres, principalmente de morcegos e saguis, que permanecem como reservatórios potenciais. 


Os dados epidemiológicos mais recentes

  • O último caso confirmado de raiva humana transmitida por cão ocorreu em 2015, no Mato Grosso do Sul. 

  • Antes disso, havia registro em 2013 no Maranhão. 

  • Desde então, todos os casos humanos de raiva notificados foram causados por variantes silvestres ou animais não domésticos (morcegos, primatas ou outros) — não por cães ou gatos. 


O que ainda exige atenção

Mesmo com esse marco, há desafios que não podem ser ignorados:

  • A raiva silvestre continua ativo risco, especialmente com morcegos (quirópteros) que têm contato com áreas urbanas.

  • A cobertura vacinal animal precisa se manter alta. Qualquer falha nas campanhas ou queda na adesão pode abrir brechas.

  • A conscientização dos tutores sobre a necessidade de vacinar seus pets, mesmo em locais sem casos recentes, é chave para manter o controle da doença.

  • Vigilância epidemiológica precisa ser mantida e fortalecida nas regiões remotas ou de acesso difícil, para detectar potenciais focos.


Por que isso importa para tutores e veterinários

Como veterinário que trabalho com atendimento domiciliar, vejo o quanto esse tipo de marco reforça a responsabilidade compartilhada:

  • Vacinar cães e gatos é um ato de proteção que beneficia toda a comunidade, não apenas o animal individual.

  • Tutoria consciente: manter as vacinas em dia, observar comportamento suspeito e evitar contato desnecessário com animais silvestres.

  • Profissionais veterinários estão no centro: diagnóstico precoce, educação de tutores e atuação preventiva.


Conclusão: Uma vitória que precisa ser preservada

Celebrar 10 anos sem casos de raiva humana transmitida por cães no Brasil é mais do que motivo de orgulho: é um alerta para manutenção constante das práticas que nos trouxeram até aqui.

Essa conquista demonstra que a união entre política pública eficaz, participação da população e vigilância ativa funciona — mas não podemos nos acomodar. A raiva pode voltar se esquecermos de vacinar, de monitorar e de educar.


Sobre o Autor

Dr. Marcelo Müller é Médico-Veterinário com mestrado em Pesquisa Clínica, especializado em clínica médica e cirúrgica de pequenos animais, bem-estar animal e atendimento veterinário domiciliar. Atua na promoção de saúde preventiva e integrativa, com foco no diagnóstico precoce, respeito à senciência animal e fortalecimento do vínculo entre pets e tutores. Autor do livro “Meu Pet… Meu Mundo…”


Notícia distribuída pela saladanoticia.com.br. A Plataforma e Veículo não são responsáveis pelo conteúdo publicado, estes são assumidos pelo Autor(a):
PRISCILA GONZALEZ NAVIA PIRES DA SILVA
[email protected]


Notícias Relacionadas »
Comentários »
Comentar

*Ao utilizar o sistema de comentários você está de acordo com a POLÍTICA DE PRIVACIDADE do site https://itaqueraemnoticias.com.br/.