Silvia, 60 anos, percebeu que algo estava errado quando perdeu a vontade de sair da cama e até de passear com o cachorro no fim da tarde. “Eu não tinha sentimento — nem de raiva, nem de tristeza, muito menos de alegria —, mas não entendia o que se passava comigo”, conta. O diagnóstico veio no consultório: depressão.
Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), mais de 300 milhões de pessoas no mundo vivem com depressão, e o Brasil é o país da América Latina com maior número de casos. Entre os brasileiros, as mulheres são as mais afetadas — o Ministério da Saúde estima prevalência de até 20% delas ao longo da vida, contra 12% dos homens.
Tratamento que vai além da depressão
De acordo com a psiquiatra Luana Zen, a depressão precisa ser tratada não apenas para melhorar o humor, mas para evitar complicações sérias. “A ausência de cuidado adequado está diretamente ligada ao risco de suicídio e ao estigma das doenças mentais”, alerta.
Entre as opções terapêuticas, há medicamentos usados tradicionalmente contra o Transtorno Depressivo Maior, que também têm mostrado eficácia em outros cenários. A especialista cita a desvenlafaxina (conhecida comercialmente como Afax) como exemplo. “Esse tipo de medicação, além de atuar na depressão, pode aliviar os fogachos e outros sintomas da perimenopausa e da menopausa, oferecendo qualidade de vida em duas frentes”, explica.
Sintomas da menopausa
A perimenopausa pode começar até dois anos antes da última menstruação e se estender por quatro anos após a menopausa. O período ocorre geralmente entre os 45 e 54 anos de idade – uma população mundial atual de 1 bilhão de mulheres, que tende a crescer com o aumento da longevidade, devendo chegar a 1,2 bilhão até 2030, de acordo com o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA). “Estima-se que 87% dessas mulheres tenham fogachos, e um terço delas chega a sentir mais de dez episódios por dia. São seis anos de sofrimento que podem ser atenuados com tratamento adequado”, observa Luana.
Os sintomas não se limitam ao calor súbito e suor excessivo. Muitas mulheres relatam palpitações, ansiedade, calafrios, rubor facial e até queda no desempenho sexual. “Quando a menopausa se soma à depressão, o impacto pode ser devastador”, reforça a médica.
Além dos mitos
Ainda persiste o receio de que antidepressivos causem dependência, mas, segundo Luana, trata-se de um mito. “Não há evidências científicas que comprovem esse risco. Pelo contrário, a falta de tratamento aumenta as chances de complicações cardiovasculares, diabetes e até doenças degenerativas”, afirma.
Mais do que afastar preconceitos, especialistas defendem que é preciso abrir espaço para que mulheres falem sobre saúde mental e sobre a transição da menopausa sem tabu. Silvia concorda: “Quando descobri que um tratamento poderia ajudar tanto na depressão quanto nos sintomas da menopausa, senti que havia esperança de voltar a viver plenamente”.
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MAIRA BECKER DE OLIVEIRA RAMOS
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