Comida mais barata alivia bolso, mas alta da energia continua pesando

Desde 2023, o índice que mede o preço dos alimentos não mostrava queda de forma consecutiva.

Deto Vale
29/09/2025 14h31 - Atualizado há 2 horas

Comida mais barata alivia bolso, mas alta da energia continua pesando
Imagem ilustrativa: Acervo / Agência Brasil

Pelo terceiro mês seguido, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), que é uma prévia do que vai ser a inflação oficial no Brasil, calculado pelo IBGE, mostra um alívio nos preços.

Produtos básicos como tomate (-17,49%) e cebola (-8,65%) ficaram mais baratos, puxando uma redução de 0,35% nos custos com alimentação no mês. No acumulado do trimestre, a queda já se aproxima de 1%.

Além desses itens, outros alimentos essenciais da mesa do brasileiro também registraram recuo: o café moído caiu 1,81%, o feijão-carioca 2,84% e o arroz 2,91%. Somados, arroz e feijão — base da dieta nacional — já acumulam queda de 20% e 7,6% em 2025, respectivamente.

Com isso, comer em casa ficou 0,63% mais barato em setembro. Já as refeições fora de casa, embora tenham desacelerado, ainda subiram 0,36%, contra 0,71% em agosto.

Para Carlos Eduardo de Oliveira Jr., presidente do Sindicato dos Economistas de São Paulo, esse movimento traz um alívio imediato para as famílias de baixa renda, que destinam grande parte do orçamento à alimentação. “A queda em itens essenciais melhora o poder de compra, mas pode ser pontual e não necessariamente sustentável”, afirma.

Segundo ele, a redução nos preços está ligada a uma combinação de fatores. De um lado, boas safras e condições climáticas favoreceram a queda dos alimentos frescos. Do outro lado, medidas como descontos na conta de luz em agosto, controle de tarifas e políticas agrícolas ajudaram a aliviar o custo de vida.

Mesmo assim, especialistas alertam que o efeito no bolso das famílias é limitado. Para o economista André Paiva Ramos, mestre em política monetária e fiscal pela PUC, a percepção de melhora não é tão clara porque os salários continuam baixos e o crédito segue caro. “Isso mantém o poder de compra prejudicado, mesmo com a queda dos alimentos”, explica.

Alta da energia reduz alívio

Enquanto a alimentação deu trégua, outros itens pesaram no orçamento. O grupo “Habitação” registrou alta de 3,31%, puxado pela energia elétrica residencial, que disparou 12,17% em setembro. Também ficaram mais caros o vestuário (0,97%), saúde e cuidados pessoais (0,36%) e despesas pessoais (0,20%).

No fim, a inflação do mês ficou em 0,48%. Ou seja, a queda dos preços da comida trouxe alívio parcial, mas o aumento da conta de luz e de outros serviços essenciais manteve a pressão sobre o bolso das famílias.

O cálculo do IPCA-15 mede a variação do custo de vida médio de famílias com renda entre 1 e 40 salários mínimos em áreas urbanas do Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, São Paulo, Belém, Fortaleza, Salvador e Curitiba, além de Brasília e do município de Goiânia.

Veja os destaques do IPCA-15 para alimentos em setembro

  • Alimentação e bebidas - queda de 0,35%
  • Tomate - queda de 17,48%
  • Cebola - queda de 8,65%
  • Mamão - queda de 7,38%
  • Batata-inglesa - queda de 5,88%
  • Arroz - queda de 2,91%
  • Feijão carioca - queda de 2,84%
  • Café moído - queda de 1,81%
  • Laranja-pera - queda de 1,1%.


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