Lideranças Periféricas se Mobilizam no Recife por Financiamento Climático Justo
Evento reúne organizações de base do Grande Recife para construir diretrizes de financiamento climático das periferias rumo à COP30
RACHEL MOTTA
25/09/2025 16h22 - Atualizado há 2 horas
Divulgação
Nos dias 26 e 27 de setembro, o Recife será palco de um encontro inédito entre organizações periféricas que enfrentam, todos os dias, os efeitos das mudanças climáticas em seus territórios. Realizada pela Iniciativa PIPA em parceria com a Rede GERA, a imersão “Clima de Cuidado – Financiamento Climático para as Periferias” integra o projeto Mutirão Global por Financiamento Climático das Periferias, que está construindo diretrizes para incidir sobre a agenda climática nacional e internacional, com foco na COP30, em Belém (PA). Durante dois dias de atividades imersivas, cerca de 20 organizações de base da Região Metropolitana do Recife irão se reunir em espaços simbólicos e afetivos, na ONG Cores do Amanhã e na Casa de Sal, em Itamaracá, para construir um Mapa de Tecnologias Sociais, consolidar diretrizes de financiamento, fortalecer narrativas comunitárias e promover práticas de cuidado coletivo. A iniciativa valoriza o cuidado como metodologia de enfrentamento às mudanças climáticas: cuidar das pessoas que cuidam do território é condição para a justiça climática. A iniciativa é realizada pela PIPA, organização que atua nacionalmente com formação, dados e incidência política para justiça climática nas periferias em parceria com a Rede GERA, articulação de base comunitária que conecta lideranças periféricas do Grande Recife em torno do cuidado, da soberania alimentar e da regeneração dos territórios. Juntas, PIPA e GERA mobilizam vozes, práticas e dados para reposicionar as periferias como protagonistas da agenda climática. “Não é possível pensar em soluções climáticas globais sem escutar e fortalecer quem já cuida do planeta desde a base. As periferias estão na linha de frente do combate às crises ambientais, mas seguem fora dos grandes fluxos de financiamento climático. As periferias precisam ser enxergadas como potenciais parceiras no enfrentamento às mudanças climáticas! ”, afirma Gabriela Feitosa, da Rede GERA e Iniciativa PIPA. Este encontro também integra o processo do BEG – Balanço Ético Global, uma articulação internacional vinculada à COP30 que propõe repensar a justiça climática a partir da ética, do cuidado e da escuta dos territórios. O evento está entre os diálogos autogestionados do BEG, abertos por lideranças de todo o mundo até outubro de 2025, com o objetivo de construir reflexões coletivas sobre as dimensões morais da crise climática e caminhos para um futuro mais justo e seguro para todos. O protagonismo das Periferias O encontro é parte de uma mobilização nacional articulada pela Iniciativa PIPA, que lançou recentemente uma Consulta Pública para escutar organizações periféricas de todo o país sobre os desafios e potências na agenda climática. Os dados dessa escuta serão apresentados em Recife e servirão de base para a construção coletiva de propostas e diretrizes, transformando dados em diretrizes, saberes em políticas públicas, e experiências locais em estratégias globais. “Em contextos extremos de crise climática, é urgente que diferentes setores como filantrópico, público e privado invistam em quem já está agindo: mulheres negras, juventudes e comunidades periféricas que criam soluções para resistir ao racismo ambiental e às violências dos extremos climáticos”, reforça Nildamara Torres, coordenadora de pesquisa Iniciativa PIPA. Justiça Climática no Recife Recife é, há anos, uma das capitais brasileiras mais ameaçadas pelas mudanças do clima. O aumento do nível do mar, as chuvas torrenciais, as ilhas de calor e a precarização do saneamento escancaram as desigualdades sociais e raciais que marcam a cidade. Segundo o Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas, as populações negras e periféricas são as mais afetadas por desastres climáticos no país, mas são também as que menos acessam recursos para enfrentá-los. A Rede GERA, que coorganiza o evento, atua justamente nesse vazio estrutural, conectando lideranças ribeirinhas, quilombolas, urbanas e periféricas do Grande Recife em estratégias de resiliência, soberania alimentar, reflorestamento comunitário e comunicação para justiça climática. “Este é um encontro entre saberes ancestrais e tecnologias sociais emergentes. Vamos trocar, mapear, nos fortalecer. Mas também cobrar: sem financiamento das periferias, não há justiça climática possível”, diz Joice Paixão, coordenadora da Rede GERA. Cuidado como prática política O segundo dia da imersão será inteiramente dedicado às práticas de cuidado: alimentação afetiva, escuta sensível, práticas corporais e partilhas em roda. “O cuidado é uma tecnologia social. Alimentar, acolher, curar, escutar, tudo isso sustenta a vida e fortalece a capacidade de regenerar territórios, no ano da COP30 cuidar de quem cuida dos territórios é fundamental para nós ”, destaca Marcelle Decothé, diretora de sustentabilidade e estratégia na Iniciativa PIPA. Ao final, serão sistematizados produtos fundamentais para os próximos passos da mobilização: - Mapa de Tecnologias Sociais desenvolvido pelas participantes,
- Relatório-síntese para advocacy,
- Carta de Adesão à Rede GERA, articulando novas lideranças ao movimento.
Serviço Evento: Clima de Cuidado – Financiamento Climático para as Periferias Data: 26 e 27 de setembro de 2025 Locais: • Dia 26/09 – Cores do Amanhã: Av. Garota de Ipanema, 02 - Totó, Recife – PE • Dia 27/09 – Casa de Sal, Ilha de Itamaracá – PE Horário: Das 8h às 17h Organização: Iniciativa PIPA + Rede GERA Evento fechado para organizações convidadas Notícia distribuída pela saladanoticia.com.br. A Plataforma e Veículo não são responsáveis pelo conteúdo publicado, estes são assumidos pelo Autor(a):
RACHEL VIANA MOTTA
[email protected]
FONTE: Luciana Nunes e RM Comunicação
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