O manejo sustentável do pirarucu, um dos símbolos da biodiversidade amazônica, ganhou um importante reforço nesta terça-feira (9). A comunidade de Ingaioara, localizada na Reserva de Desenvolvimento Sustentável de Mamirauá, em Fonte Boa (AM), recebeu um flutuante de pré-beneficiamento, estrutura que promete transformar a atividade na região e consolidar a bioeconomia como caminho de desenvolvimento sustentável. A iniciativa integra o projeto Cadeia Produtiva do Pirarucu Manejado, desenvolvido pela Fundação Amazônia Sustentável (FAS) com apoio estratégico do Bradesco, que reafirma seu compromisso com o fortalecimento das comunidades locais e a valorização de uma das espécies mais emblemáticas da Amazônia.
O novo flutuante garante condições adequadas de higiene e conservação do pescado logo após a captura, reduzindo perdas e aumentando a qualidade do produto. Com capacidade para processar até 53 toneladas de pirarucu inteiro eviscerado por safra, a estrutura atenderá mais de 80 manejadores de quatro comunidades locais, fortalecendo a geração de renda, a segurança alimentar e a valorização do trabalho ribeirinho. A solução foi desenvolvida pelo Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá em parceria com os próprios manejadores, incorporando práticas tradicionais ao conhecimento técnico. Além de otimizar a cadeia produtiva, o flutuante também fortalece a autonomia comunitária.
"Hoje eu agradeço à FAS e ao Bradesco, porque, com esse apoio, estamos recebendo essa linda estrutura. A gente sabe do recurso que foi investido, inclusive, por isso, criamos um regimento interno para cuidar melhor desse flutuante. Eu acredito muito que, com essa ajuda, podemos organizar a produção e conseguir um valor maior pelo nosso trabalho", afirmou Raimundo “Birico” Gomes Ferreira, manejador da comunidade Ingaioara.
Desde o início do projeto, em 2021, a proposta vem fortalecendo o protagonismo de jovens e mulheres no processamento e comercialização do pescado, ampliando oportunidades de renda e inovação social. “O flutuante de Ingaioara representa mais do que uma estrutura física. Ele aproxima o beneficiamento das áreas de manejo, reduz custos logísticos, melhora a segurança do trabalho e amplia a autonomia das associações locais. É uma conquista coletiva que reforça o papel das comunidades na bioeconomia amazônica e vai garantir mais qualidade e valor ao produto, principalmente mais dignidade para quem vive do manejo do pirarucu”, afirma Edvaldo Correa, gerente do Programa de Prosperidade na Floresta da FAS.
Resultados
O projeto já transformou realidades em suas etapas anteriores. A primeira etapa, concluída em 2023, beneficiou 369 pessoas com capacitações que aprimoraram técnicas tradicionais e elevaram o preço médio do pirarucu, garantindo maior renda às famílias ribeirinhas. Na segunda fase, foram realizadas melhorias em infraestrutura e treinamentos em gestão de negócios e educação financeira. Nesse mesmo período, 153 manejadores das Reservas de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Mamirauá e Piagaçu Purus participaram da Feira do Pirarucu, em Manaus, movimentando mais de 33 toneladas em vendas para 2.800 clientes. O projeto é realizado em parceria com a Associação dos Moradores e Usuários da RDS Mamirauá Antônio Martins (Amurman), Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Secretaria de Estado de Meio Ambiente do Amazonas (Sema) e Secretaria de Estado da Produção Rural (Sepror).
Voluntários do Bradesco também levaram palestras de educação financeira, fortalecendo a autonomia dos manejadores na gestão de seus recursos. Agora, na terceira fase, além do novo flutuante, o projeto prevê aprimoramentos no monitoramento do pescado, novas capacitações e a continuidade da Feira do Pirarucu, evento já reconhecido internacionalmente como exemplo de conciliação entre conservação ambiental e geração de renda. Graças à atuação direta das comunidades, a população de pirarucus — antes ameaçada de extinção — se recupera de forma consistente nas últimas décadas, resultado comprovado por pesquisas do Instituto Mamirauá.
Segundo Silvana Machado, diretora-executiva de Recursos Humanos e Sustentabilidade do Bradesco “Projetos como este mostram que é possível conciliar conservação ambiental com desenvolvimento econômico local. A entrega do flutuante consolida uma jornada de quatro anos de apoio contínuo à cadeia produtiva do pirarucu. O Bradesco tem um compromisso histórico com a preservação da floresta e a valorização das populações que vivem dela”, destaca. O manejo do pirarucu segue cotas definidas cientificamente, garantindo equilíbrio ecológico e reprodução da espécie. Assim, cada peixe comercializado simboliza um modelo de manejo responsável, coletivo e sustentável, conduzido pelas comunidades locais.
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ADRIANA MONORI SILVA
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