Nova versão de liraglutida promete ampliar acesso ao tratamento contra obesidade no Brasil, diz especialista

Com preço mais acessível, medicamento pode democratizar o uso das “canetas emagrecedoras” e ampliar as opções para pacientes com sobrepeso e obesidade

JéSSIE COSTA
09/09/2025 13h15 - Atualizado há 8 horas

Nova versão de liraglutida promete ampliar acesso ao tratamento contra obesidade no Brasil, diz especialista
Divulgação Pexels
Nova versão de liraglutida promete ampliar acesso ao tratamento contra obesidade no Brasil, diz especialista

Com preço mais acessível, medicamento pode democratizar o uso das “canetas emagrecedoras” e ampliar as opções para pacientes com sobrepeso e obesidade

 
Nos últimos dois anos, houve avanços significativos na indústria farmacêutica das chamadas canetas emagrecedoras. O mercado brasileiro de medicamentos injetáveis está em plena expansão, impulsionado pelo aumento de doenças crônicas como a obesidade. De acordo com o Atlas Mundial da Obesidade, estima-se que, em 2025, 31% da população adulta brasileira viverá com obesidade — o equivalente a um em cada três adultos. Além disso, cerca de 68% dos brasileiros apresentam excesso de peso, sendo 37% na faixa de sobrepeso. Impulsionada pela busca por soluções rápidas e eficazes para emagrecimento, chega ao país uma nova versão da liraglutida com preço reduzido, prometendo ampliar o acesso ao tratamento. Segundo estimativas do Goldman Sachs, esse nicho de mercado poderá movimentar US$ 100 bilhões anuais até 2030.

A liraglutida é um análogo do GLP-1, hormônio que auxilia no controle do apetite e na regulação da glicose. No Brasil, está aprovada pela Anvisa tanto para o tratamento do diabetes tipo 2 quanto, em doses específicas, para o manejo da obesidade. A nova formulação, lançada pela farmacêutica SEM, sob o nome Olire, chega após a queda de patente, permitindo preços mais competitivos. Indicada para adultos com sobrepeso associado a comorbidades ou obesidade, é aplicada por via subcutânea, geralmente uma vez ao dia. Outra novidade é que jovens a partir de 12 anos poderão utilizar a caneta no tratamento da obesidade e de doenças associadas, como dislipidemia (colesterol alto).

“Com a queda da patente e o valor mais acessível, será possível atingir uma parcela da população que antes não tinha acesso por conta do custo. Isso é muito importante, porque ao intervir na questão hormonal conseguimos tratar a obesidade de forma mais eficaz. Vejo, inclusive, que em pouco tempo a liraglutida poderá estar disponível no SUS”, afirma Renato de Araujo Pereira, especialista em tratamentos de obesidade da Clínica Bels e membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM).

No mercado, outras opções como Ozempic e Wegovy — ambas à base de semaglutida — oferecem posologia semanal, menor taxa de efeitos gastrointestinais e podem resultar em 10% a 15% de perda de peso. Já o Mounjaro, de tirzepatida, combina ação sobre dois hormônios (GLP-1 e GIP), potencializando a perda de peso para 15% a 20%. Estudos indicam que a liraglutida (Olire), embora exija aplicação diária e possa causar efeitos como náuseas e constipação, é uma alternativa eficaz e agora mais competitiva, com potencial de redução de 5% a 8% do peso corporal. Todos estão aprovados pela Anvisa para tratamento da obesidade — sendo o Wegovy exclusivo para emagrecimento, enquanto Ozempic e Mounjaro têm indicação principal para diabetes e uso off-label para obesidade, sob supervisão médica.

Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 75 milhões de brasileiros têm sobrepeso ou obesidade, incluindo 5,7 milhões de crianças entre 5 e 9 anos — o que equivale a 1 em cada 3 crianças nessa faixa etária. “A obesidade é uma preocupação crescente e reforça a urgência de políticas públicas e educativas que incentivem a reeducação alimentar e a prática de atividade física como base do combate à doença. Há consenso de que hábitos saudáveis e alimentação equilibrada são fundamentais para o sucesso do tratamento”, explica o especialista.

Em nota conjunta, a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, a Sociedade Brasileira de Diabetes e a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica alertam que o uso indiscriminado dessas medicações preocupa, tanto pela segurança da população quanto pela possibilidade de reduzir o acesso a pacientes que realmente necessitam.

“Qualquer um desses tratamentos só terá sucesso pleno com acompanhamento médico contínuo. Sem orientação adequada, existe o risco de reganho de peso. A reeducação alimentar e o apoio de uma equipe multidisciplinar são essenciais para garantir a manutenção dos resultados e cuidar integralmente da saúde do paciente”, conclui o Dr. Renato.

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JESSIE ELLEN COSTA NEVES
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FONTE: Jéssie Costa
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