A nova voz masculina da música paraense ganha espaço entre tradição e pop

Em um cenário historicamente dominado por grandes divas, Rhenan Sanches representa uma geração de intérpretes do Norte que buscam protagonismo com identidade e originalidade

TINTEIRO ASSESSORIA DE IMPRENSA
01/09/2025 08h15 - Atualizado há 20 horas

A nova voz masculina da música paraense ganha espaço entre tradição e pop
Divulgação

Por muito tempo, quando se falava em música paraense no circuito nacional, os nomes mais lembrados eram femininos: Joelma, com a potência da Banda Calypso; Gaby Amarantos, ícone do tecnobrega; Dona Onete, mestra da carimbó chamegado; e Viviane Batidão, fenômeno popular. Essa predominância não se deu por acaso: a cena nortista encontrou nelas vozes fortes, carisma, presença de palco e resistência cultural. Mas agora, um novo ciclo começa a se formar — mais plural, mais híbrido e, aos poucos, com mais vozes masculinas ganhando espaço.

Entre os nomes que se destacam nesse processo está Rhenan Sanches, cantor, compositor, produtor e diretor artístico, natural de Belém (PA). Com quase duas décadas de estrada, ele trilha um caminho sólido e autoral, misturando brega, tecnomelody, lambada e pop em um repertório que dialoga com as novas gerações sem romper com a essência amazônica. O artista representa uma resposta contemporânea ao apagamento histórico de artistas do Norte, especialmente homens, em line-ups e rankings nacionais.

Rhenan cresceu cercado por música. Filho de cantor, enteado de um dos criadores da lambada, vivenciou os bastidores de bandas locais antes de assumir o microfone. Suas faixas autorais — como os clipes “Bumbum pra Trás” e “Sigilo” — misturam letras dançantes, batidas eletrônicas e elementos visuais que o aproximam do pop mainstream, mas sempre com sotaque paraense e forte carga de pertencimento regional.

“Minha geração cresceu ouvindo brega como quem aprende a falar. Sempre foi parte da nossa linguagem afetiva. A diferença é que hoje também somos produtores, diretores, gestores da nossa própria voz”, explica o artista, que também comanda sua própria produtora, a Jamboo Produções.

Mercado crescente, mas ainda desigual

Segundo dados da Pró-Música Brasil, em 2023 o consumo de música brasileira nas plataformas digitais cresceu 93,5% em relação ao ano anterior, consolidando o país como o 9º maior mercado fonográfico do mundo, de acordo com o IFPI (International Federation of the Phonographic Industry). No entanto, a diversidade geográfica dentro desse mercado ainda é um desafio.

Um levantamento do festival The Town, realizado em 2023, mostrou que menos de 5% dos artistas no line-up vinham das regiões Norte e Centro-Oeste juntas. Eventos como Rock in Rio, Lollapalooza e até festivais públicos seguem priorizando nomes do Sudeste e Sul, enquanto vozes do Norte — especialmente homens — ainda batalham por reconhecimento nacional.

“A gente quer mostrar que a Amazônia também é urbana, pop, criativa. A cultura daqui não é só patrimônio, é produção viva. Eu quero ver mais artistas da minha terra nos palcos principais do país”, defende Rhenan.

Da cena local para o Brasil

A ascensão de Rhenan Sanches acompanha o momento de efervescência da cultura paraense. Projetos, festivais e editais voltados à cultura amazônica têm impulsionado novos talentos. A estética dos videoclipes, a sonoridade das aparelhagens, a narrativa das letras românticas — tudo é parte de um projeto maior: mostrar que o Pará não é exceção cultural, mas vanguarda musical.

Com a turnê “Os Sons que Vêm do Pará”, o artista pretende circular entre palcos e centros culturais, levando shows dançantes, aulas abertas de brega paraense (em parceria com o bailarino Rolon Ho) e conversas com o público. A proposta vai além do entretenimento: é um projeto de educação estética, valorização cultural e descentralização da arte.

Enquanto o mercado ainda engatinha na diversidade de seus palcos, artistas como Rhenan seguem na linha de frente — cantando, dançando e dizendo, com todas as letras, que o Norte também tem voz, e ela é forte, pop e autoral.

 

Sobre Rhenan Sanches

Cantor e compositor de Belém (Pará), Rhenan transitou entre ritmos como brega, lambada, carimbó, forró e tecnomelody ao longo de cerca de 20 anos de carreira.
Ele é conhecido pelo estilo que mistura música popular regional com uma estética pop contemporânea, ganhando o apelido de “pop amazônico”.

Possui sete álbuns lançados e já gravou cerca de quatro projetos audiovisuais importantes, incluindo DVD ao vivo.

Ficou conhecido com o clipe “Bumbum Pra Trás”, divulgado pelo projeto Sons do Pará, e com o single “Sigilo”, considerado um marco do retorno ao tecnomelody.

Seu trabalho alcançou vídeos com mais de 6,5 milhões de visualizações no YouTube e cerca de 25 mil ouvintes mensais no Spotify.

Rhenan se destaca por unir musicalidade regional com linguagem moderna, produzindo para dança e festa, mas sem perder conexão com suas raízes culturais. O artista transita entre show pop e performances que valorizam a identidade amazônica.


Notícia distribuída pela saladanoticia.com.br. A Plataforma e Veículo não são responsáveis pelo conteúdo publicado, estes são assumidos pelo Autor(a):
PAULO NOVAIS PACHECO
[email protected]


Notícias Relacionadas »