Por Dr. Marcelo Müller – Médico-Veterinário, Mestre em Pesquisa Clínica, especializado em clínica médica e cirúrgica de pequenos animais, bem-estar animal e atendimento veterinário domiciliar. Autor do livro “Meu Pet… Meu Mundo…”
Imagine a cena: o casal está em clima de intimidade, mas ao lado da cama... dois olhinhos atentos, orelhas em pé e até um suspiro de desconfiança. Se você já passou por essa situação, não está sozinho. Muitos tutores relatam que seus cães os encaram fixamente durante o sexo – e isso gera vergonha, risadas nervosas e até desconforto.
Mas afinal, o que passa pela cabeça do cachorro nesse momento? Ciúmes? Confusão? Curiosidade? Ou ele realmente acha que precisa proteger alguém?
O comportamento tem explicação científica. Cães são animais hipersociais, que observam constantemente o ambiente para interpretar sinais. Durante o sexo, eles podem reagir de três formas principais:
Instinto de proteção – o cachorro interpreta a movimentação intensa e sons como sinais de possível ameaça. O olhar fixo é uma forma de vigilância.
Curiosidade social – os cães acompanham as interações humanas porque tentam decifrar nossos rituais. O sexo, para eles, pode ser só mais um “comportamento esquisito” do tutor.
Ciúmes e apego – alguns cães são tão apegados que se sentem deslocados quando o tutor dá atenção a outra pessoa. Nesse caso, o olhar pode vir acompanhado de choramingo, latido ou tentativa de intervenção.
Um estudo da PLOS One (2018) mostrou que cães apresentam sinais de “ciúmes” quando percebem seus tutores interagindo intimamente com outras pessoas ou animais. Ou seja, aquele olhar atravessado pode ser mesmo de “posse”.
Enquanto os tutores sentem constrangimento, para os cães o sexo não carrega nenhum peso moral. Para eles, tudo se resume a observação, proteção ou busca de atenção.
No entanto, o incômodo é legítimo. Muitos casais relatam perda de concentração ou até brigas por causa da presença do pet durante a relação.
Fechar a porta – simples, mas eficiente.
Enriquecimento ambiental – ofereça brinquedos, petiscos interativos ou um espaço aconchegante para o pet se distrair.
Treinamento positivo – acostumar o cão a respeitar momentos de privacidade é parte da educação.
Consultar um veterinário comportamentalista – se o pet apresenta ansiedade exagerada ou comportamento possessivo, pode ser sinal de apego patológico.
No fim das contas, aquele olhar fixo durante o sexo não é julgamento moral. É apenas mais uma prova de como os cães nos acompanham em cada detalhe da vida, mesmo nos momentos mais íntimos.
A questão é: você está preparado para lidar com isso de forma saudável, sem culpas ou tabus? Afinal, cuidar do bem-estar do pet também passa por respeitar os limites da convivência dentro de casa.
Conclusão provocativa:
Se seu cachorro não desgruda os olhos de você durante o sexo, não se culpe. Ele não está te julgando. Mas talvez esteja se perguntando: “Por que não estou no meio dessa bagunça também?”
Sobre o Autor
Dr. Marcelo Müller é Médico-Veterinário com mestrado em Pesquisa Clínica, especializado em clínica médica e cirúrgica de pequenos animais, bem-estar animal e atendimento veterinário domiciliar. Atua na promoção de saúde preventiva e integrativa, com foco no diagnóstico precoce, respeito à senciência animal e fortalecimento do vínculo entre pets e tutores. Autor do livro “Meu Pet… Meu Mundo…”.
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PRISCILA GONZALEZ NAVIA PIRES DA SILVA
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