A realização da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30) em Belém, entre 10 e 21 de novembro de 2025, é histórica: será a primeira vez que a cúpula climática global terá a Amazônia como palco. O evento mobiliza investimentos bilionários em mobilidade, saneamento e infraestrutura, além de estruturas como a Casa Brasil Pará 2025, espaço flutuante e terrestre para debates e exposições sobre sustentabilidade. Mas, por trás do simbolismo, a cidade enfrenta uma realidade que desafia o discurso ambiental: Belém convive com mais de 100 pontos críticos de descarte irregular de entulho e lixo, segundo a Associação Brasileira para Reciclagem de Resíduos da Construção Civil e Demolição (Abrecon).
Esses locais afetam a saúde pública, degradam áreas urbanas e de preservação e refletem um cenário nacional preocupante: segundo a Pesquisa Setorial 2024 da Abrecon, o Brasil gera mais de 106 milhões de toneladas de resíduos da construção civil (RCD) por ano, o equivalente a 660 estádios do Maracanã cheios de entulho. Apenas 25% desse total é reciclado e entre 30% e 40% recebe destinação adequada, o que significa que cerca de 64 milhões de toneladas ainda são descartadas de forma clandestina.
"A COP 30 não pode ser só um evento de discursos — ela precisa deixar um legado real na gestão de resíduos e na forma como a construção civil atua. O entulho descartado de forma criminosa hoje é a água contaminada e o solo degradado de amanhã", afirma Rafael Teixeira, especialista em reciclagem e logística de resíduos da Abrecon. Com a atenção global voltada para a Amazônia, Belém tem a chance de mostrar que é possível unir desenvolvimento urbano e preservação ambiental, e a construção civil precisa assumir o papel de protagonista nessa transformação. Para mudar esse cenário e alinhar o setor às metas ambientais debatidas na conferência, a Abrecon propõe 10 ações sustentáveis que construtoras, incorporadoras e proprietários podem adotar ao construir ou reformar.
A cidade de Belém não conta com um sistema de gestão dos resíduos da construção, o que reflete no estado. Pará e Amazonas são os maiores estados do Norte e descartam seus resíduos da construção, em grande parte, em rios, lagos e locais clandestinos e irregulares.
É imperioso que a COP 30 sirva para destacar o papel do poder público na condução de soluções sustentáveis, seja na destinação adequada dos resíduos ou na reciclagem do RCD, gerando benefícios sociais e ambientais.
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PEDRO GABRIEL SENGER BRAGA
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