Você sabia que é possível nascer com uma abertura no coração? Condição conhecida como Comunicação Interventricular afeta mais de 30 mil crianças

Os pais devem estar atentos aos sintomas ainda no primeiro mês de vida da criança, alerta especialista do Hospital Santa Catarina – Paulista. Cirurgia corretiva impede evolução para quadros mais graves, que incluem insuficiência cardíaca, infecções e risco de morte

CAMILA PARREIRA
20/08/2025 16h20 - Atualizado há 9 horas

Você sabia que é possível nascer com uma abertura no coração? Condição conhecida como Comunicação
Divulgação

A Comunicação Interventricular (CIV) é a cardiopatia congênita mais comum do Brasil. De acordo com o Ministério da Saúde, cerca de 30 mil crianças nascem com o problema ao ano. Desse número, por volta de 12 mil pacientes precisam realizar a cirurgia ainda no primeiro ano de vida. Segundo o Dr. Carlos Tosiuman, pediatra do Hospital Santa Catarina - Paulista, a CIV ocorre quando há uma abertura anormal na parede que separa os ventrículos direito e esquerdo, permitindo a passagem de sangue entre os dois lados.

De acordo com o médico, a alta prevalência da doença está associada, principalmente, a pequenas falhas no processo de fusão no septo ventricular, que separa os ventrículos do coração. “Além disso, a CIV, que é compatível com a vida humana, diferente de outras cardiopatias, muitas vezes é assintomática e por isso é sub diagnosticada, dificultando sua identificação entre os pacientes.” explica o especialista. Em muitos casos, a abertura se fecha espontaneamente até os dois primeiros anos de vida.

Sintomas e processo de diagnóstico
Os sintomas podem se manifestar de forma silenciosa e grave. Quando a doença não é identificada a tempo, existe a possibilidade de evolução para quadros de insuficiência cardíaca, hipertensão pulmonar, infecções respiratórias recorrentes, atraso no crescimento e risco de morte. Mas, como ficar atento aos primeiros sinais e evitar consequências mais graves? Muitas vezes, a CIV é detectada ainda no pré-natal. Logo após o nascimento, é importante ficar atento aos seguintes sintomas nos bebês:

  • ocorrência do sopro cardíaco, detectado durante a ausculta pelo pediatra;
  • dificuldade do bebê para mamar e respirar;
  • suor excessivo ao chorar ou se alimentar;
  • dificuldade de ganhar peso;
  • respiração acelerada;
  • bronquiolites frequentes.


O diagnóstico acontece por meio do ecocardiograma, que avalia o impacto hemodinâmico, ou seja, a alteração no fluxo e na pressão do sangue dentro do coração e dos vasos.

O fechamento espontâneo da Comunicação Interventricular depende de três fatores, de acordo com o Dr. Carlos:
 

  • Tamanho da abertura: quando o diâmetro é inferior a 3-4 mm, a probabilidade é maior;
  • Idade: mais comum até os 4 anos de idade. Após esse período, a chance diminui significativamente;
  • Localização: as CIVs musculares têm uma maior chance de fechamento, pois o crescimento do músculo cardíaco tem a capacidade de selar o orifício. As CIVs do tipo perimembranosa também podem se fechar espontaneamente, mas com menor probabilidade. Já as subarteriais dificilmente se fecham sozinhas, já que a sua localização impede o crescimento tecidual necessário para o fechamento.


Cirurgia e futuro da criança
A realização de cirurgia ou cateterismo, uma espécie de fechamento percutâneo, se torna inevitável em alguns contextos. O primeiro é quando a Comunicação Interventricular causa um desvio significativo de sangue do ventrículo esquerdo para o direito, levando a criança a ter insuficiência cardíaca e hipertensão pulmonar. O segundo é a ausência do fechamento espontâneo nos primeiros anos de vida, mesmo que a criança seja assintomática, para evitar problemas a longo prazo. Outro cenário é quando o bebê passa por complicações, como insuficiência aórtica, endocardite bacteriana, arritmias e hipertrofia ventricular.

 
A recuperação da cirurgia costuma ser bem-sucedida, mas alguns cuidados são necessários para o pós-operatório, envolvendo o tempo adequado de internação, monitoramento e suporte respiratório. Depois da alta, as atividades mais tranquilas podem ser retomadas em 2 a 4 semanas. O esforço físico intenso fica restrito entre 6 a 8 semanas. Na maioria das vezes, as crianças retomam a vida normal após 2 ou 3 meses com acompanhamento cardiológico regular. Após a melhora completa, a pessoa pode levar uma vida completamente normal, o que inclui a prática de esportes recreativos e competitivos, a partir da avaliação do cardiologista.


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CAMILA RIBEIRO PARREIRA
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