DON M. VARGAS
https://theamericanledger.com/projeto-leitura-e-escrita-em-familia-acoes-interdisciplinares-e-inclusivas-para-a-formacao-leitora-no-espaco-escolar-e-familiar/
No dia 6 de agosto de 2025, um vídeo publicado no YouTube virou assunto nacional e escancarou uma ferida já conhecida, mas pouco enfrentada: a exploração e a adultização de crianças nas redes sociais. O documentário
“Adultização”, produzido pelo youtuber brasileiro
Felca, ultrapassou a marca de 20 milhões de visualizações em apenas quatro dias, provocando uma onda de indignação e mobilização sem precedentes.
O impacto do documentário de Felca impulsionou debates no Congresso Nacional. Mais de 32 projetos de lei foram apresentados na
Câmara dos Deputados com o objetivo de regulamentar o ambiente digital e proteger crianças. Entre eles, propostas popularmente conhecidas como “Lei Felca”, que visam endurecer regras sobre monetização e exposição de menores em plataformas.
Mas legislar, embora necessário, não é suficiente. A verdadeira mudança depende de uma resposta social articulada, em que políticas públicas, famílias e escolas trabalhem juntas. E é nesse ponto que projetos como o
LEF mostram seu valor: ao mesmo tempo em que fortalecem o indivíduo,
oferecem à sociedade um modelo replicável de prevenção e emancipação.
Conselhos práticos para famílias Inspirados nas reflexões de especialistas e nas práticas do
LEF, alguns passos concretos podem fazer diferença no dia a dia:
Controle da exposição online: use configurações de privacidade e monitore acessos.
Evite publicações públicas de crianças, mesmo em contextos aparentemente inocentes.
Comunique-se abertamente: converse com seus filhos sobre interações seguras, adaptando a linguagem à idade.
Valorize a leitura em família: ler juntos fortalece vínculos e amplia vocabulário crítico.
Ensine a dizer “não”: crianças precisam aprender que têm o direito de recusar situações desconfortáveis, tanto no mundo físico quanto no digital.
Entre a ameaça e a esperança O caso Hytalo e o documentário
“Adultização” deixaram claro que a exploração infantil nas redes não é exceção, mas parte de um problema estrutural. Algoritmos mal regulados, influenciadores irresponsáveis e vulnerabilidades sociais se combinam para expor crianças e adolescentes a riscos imensuráveis.
Se por um lado as redes sociais expõem crianças a riscos crescentes, por outro a escola e a família podem oferecer ferramentas de defesa que vão além da vigilância. A pesquisadora
Elis Cristina Wolf, em
artigo publicado na The American Ledger apresenta uma experiência inovadora que ilustra bem esse caminho:
o Projeto Leitura e Escrita em Família (LEF). No entanto, o trabalho de
Elis Cristina Wolf e do Projeto LEF mostra que há caminhos de esperança. Ao fortalecer a leitura, a escrita e o senso crítico desde cedo — e ao integrar família, escola e comunidade — é possível construir uma infância mais protegida, consciente e livre.
Elis Cristina Wolf - http://lattes.cnpq.br/9014051160907070 O LEF nasceu como uma proposta interdisciplinar e inclusiva, que une escola e comunidade em torno da leitura, da escrita e da oratória. Mais do que incentivar hábitos escolares, o projeto transforma o ato de ler e escrever em uma prática afetiva, crítica e emancipadora, capaz de fortalecer crianças e jovens diante de desafios do mundo contemporâneo — inclusive os digitais.
Segundo Wolf, “quando a leitura é incorporada ao ambiente doméstico, ela deixa de ser uma tarefa escolar isolada e passa a ser uma experiência transformadora, que fortalece vínculos familiares, valoriza o papel do professor e estimula a autonomia intelectual dos estudantes”.
Os pilares de um projeto transformador O diferencial do LEF está em sua amplitude. Ele não se limita à leitura tradicional, mas se apoia em dez pilares norteadores, que vão do incentivo à produção textual à oratória, passando por educação ambiental, financeira, emocional e inclusiva. Em outras palavras, o projeto não vê a leitura como simples decodificação de letras, mas como uma prática social capaz de dialogar com todas as áreas da vida.
Outro destaque é a adaptação para estudantes com deficiência.
O LEF oferece livros sensoriais, narrativas visuais e recursos acessíveis, garantindo participação plena e reafirmando os princípios da
Lei Brasileira de Inclusão (Lei nº 13.146/2015). Isso significa que uma criança cega, por exemplo, pode interagir com histórias através de recursos táteis, enquanto alunos com deficiência auditiva encontram materiais acessíveis em Libras ou narrativas visuais.
Além disso, o projeto rompe com a fragmentação curricular ao integrar professores de diferentes áreas. Matemática, Ciências, História, Artes e Educação Física passam a dialogar com a leitura e a escrita, tornando a escola um espaço vivo e dinâmico de aprendizagem integral.
A luta por uma internet segura passa tanto pela pressão sobre empresas e legisladores, quanto pela formação de cidadãos críticos e autônomos. Em última instância, cada livro lido, cada história compartilhada e cada palavra escrita em família podem se tornar pontes de resistência diante das ameaças do mundo digital.
Que este seja o chamado: proteger a infância é tarefa coletiva, e a educação é nossa ferramenta mais poderosa.
Conheça mais sobre o projeto
https://www.facebook.com/share/1BKwz9ReYu/?mibextid=wwXIfr (FACEBOOK) https://www.instagram.com/leitura_e_escrita_em_familia?igsh=MXc5cDZpMnhwYjZ1Mg== ( INSTAGRAM) Outros artigos e projetos da autora WOLF, Elis Cristina; DIAS, Victor Hugo Costa; GONDIM, Fabíola Andréa Assunção de Vasconcellos; SOUZA, Mayara Caroline da Costa; DE OLIVEIRA, Camila Grasiele Araujo; CARDOSO, Euler Alves. A EDUCAÇÃO INCLUSIVA E O PARADESPORTO COMO FATOR DE INCLUSÃO SOCIAL. ARACÊ , [S. l.], v. 7, n. 4, p. 20796–20807, 2025. DOI: 10.56238/arev7n4-297. Disponível em:
https://periodicos.newsciencepubl.com/arace/article/view/4746. Acesso em: 12 ago. 2025. LATTES http://lattes.cnpq.br/9014051160907070 REFERÊNCIAS ANTUNES, Irandé. Aula de Português: encontro e interação. 4. ed. São Paulo: Parábola Editorial, 2003. AUSUBEL, David P. Aquisição e retenção de conhecimentos: uma perspectiva cognitiva. Lisboa: Plátano, 2003. BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2018. BRASIL. Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência) – Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015. COLOMER, Teresa; CAMPS, Anna. Ensinar a ler, ensinar a compreender. São Paulo: Artmed, 2002. KLEIMAN, Ângela B. Letramento e escola. São Paulo: Parábola Editorial, 2005. MANTOAN, Maria Teresa Eglér. Inclusão escolar: o que é? Por quê? Como fazer? São Paulo: Moderna, 2003. PROJETO LEITURA E ESCRITA EM FAMÍLIA. Manual do Professor(a) Orientador(a). Santa Catarina: Instituto Educacional e Cultural LEF, 2021. FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. 23. ed. São Paulo: Cortez, 1987. GERALDI, João Wanderley. O texto na sala de aula: leitura e produção. 4. ed. São Paulo: Ática, 1991. GOLEMAN, Daniel. Inteligência emocional. Rio de Janeiro: Objetiva, 1995. HERNÁNDEZ, Fernando. Transgressão e mudança na educação: os projetos de trabalho. Porto Alegre: Artmed, 1998. MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. São Paulo: Cortez, 2000. RICO, Rose. O que é a competência empatia e cooperação. Nova Escola, 2019. Disponível em: https://novaescola.org.br/bncc/conteudo/13/competencia-9-empatia-e-cooperacao. Acesso em: 22 maio 2025. SOARES, Magda Becker. Letramento: um tema em três gêneros. 4. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2004. VIGOTSKI, Lev S. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. São Paulo: Martins Fontes, 1997. WOLF, E. C; DIAS, V.H.C; GONDIM, F.A.A de V; SOUZA, M.C da C; DE OLIVEIRA, C.G.A; CARDOSO, E.A.
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MATHEUS VARGAS MARQUES
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