A ideia do evento surgiu a partir de uma realidade enfrentada diariamente na prática médica: crianças que demandam atendimento conjunto de otorrinolaringologistas, pneumopediatras, gastropediatras, cirurgiões, pediatras, fonoaudiólogos, fisioterapeutas e nutricionistas, mas que, muitas vezes, percorrem esse caminho de forma fragmentada. Segundo a médica Rebeca Maunsell, coordenadora do setor de Pediatria do IOU e uma das organizadoras do simpósio, a falta de articulação entre profissionais pode levar a diagnósticos tardios, tratamentos ineficazes e aumento das complicações clínicas.
“Grande parte dessas crianças apresenta distúrbios de deglutição, o que pode resultar em broncoaspiração, infecções pulmonares de repetição, desnutrição e necessidade de internações frequentes. É fundamental que haja uma conversa coordenada entre os especialistas envolvidos. Do contrário, os tratamentos acabam sendo conduzidos com base em informações parciais, o que compromete o desenvolvimento e a qualidade de vida desses pacientes”, explica Rebeca.
O simpósio tem como base a apresentação de casos clínicos reais, o que favorece a aproximação com a prática diária dos profissionais e permite reflexões sobre condutas, exames e intervenções. Além de contar com um corpo docente nacional formado por 28 especialistas de diversas áreas — incluindo otorrinolaringologia, pneumologia, gastropediatria, cirurgia pediátrica, terapia intensiva, nutrição e fonoaudiologia — o evento também terá participação internacional. Entre os convidados estão quatro palestrantes dos Estados Unidos, entre eles a fonoaudióloga Joan Arvedson, referência mundial em distúrbios alimentares pediátricos.
A estrutura do evento e o tema central — as chamadas condições aerodigestivas complexas — tornam o simpósio inédito no Brasil. “Existem encontros semelhantes nos Estados Unidos, mas ainda são raros mesmo por lá. Este será o primeiro no país com esse enfoque e essa amplitude interdisciplinar. O IOU já é reconhecido por ter um grupo pioneiro em integrar o atendimento dessas crianças e essa iniciativa amplia ainda mais o alcance dessa proposta”, afirma Rebeca.
Entre os temas discutidos estarão o diagnóstico e o controle da broncoaspiração, a atuação conjunta em casos de refluxo, traqueostomia, fissuras faciais e condições associadas a prematuridade, síndromes genéticas ou disfunções neuromusculares — cenários cada vez mais frequentes na rotina hospitalar e que exigem atenção coordenada. “Crianças com tosse crônica, por exemplo, muitas vezes são encaminhadas de um especialista a outro por anos, sem uma conclusão clara. Quando conseguimos unir as frentes de avaliação e tratamento, os resultados mudam radicalmente”, destaca.
O presidente do IOU, Dr. Agrício Crespo, destaca que o simpósio reflete o compromisso do Instituto com a excelência científica e a humanização do cuidado: “O IOU está na vanguarda da otorrinolaringologia no Brasil, e este evento é mais uma demonstração de nossa atuação integrada com as demais especialidades. Temos um carinho muito especial por nossas crianças — os pequenos pacientes do SUS que chegam até nós e que merecem, desde o início, um olhar atento, interdisciplinar e acolhedor”, afirma.
O simpósio será realizado no auditório principal do IOU, com lotação já esgotada para participantes presenciais, e também contará com transmissão on-line, permitindo o acesso de profissionais de outras regiões. A programação completa reúne mais de 40 palestras e debates ao longo dos dois dias.
Serviço
Instituto de Otorrinolaringologia & Cirurgia de Cabeça e Pescoço – IOU, na Unicamp
Endereço: Av. José Roberto Magalhães Teixeira, 150 Campinas/SP
site
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ANTONIA MARIA ABDO ZOGAEB STEPHAN
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