A COP 30, que acontece em Belém do Pará em novembro de 2025, promete marcar a história das conferências climáticas globais não apenas por estar no coração da Amazônia, mas também por um compromisso ousado e necessário: oferecer 40% de refeições vegetarianas e veganas aos participantes.
Pode parecer uma simples escolha de cardápio, mas é uma decisão com peso climático. Ao optar por refeições baseadas em plantas, a COP 30 caminhará rumo a um modelo de alimentação realmente alinhado com os objetivos do Acordo de Paris.
O impacto em números:
Segundo estimativa da FGV sobre o fluxo de pessoas esperado para a COP 30, espera-se 34 mil participantes por dia, em média, durante os 12 dias de evento. Considerando três refeições diárias por participante, a conferência deverá servir mais de 1,2 milhões de refeições. Portanto, a meta de 40% equivale a quase 500 mil refeições vegetarianas e veganas.
Caso a meta dos 40% seja atingida, as estimativas dos benefícios ambientais incluem¹:
-Até 574 milhões de litros de água economizados — o suficiente para encher 229 piscinas olímpicas.
-Até 1.640 toneladas de CO₂ equivalente evitadas — o mesmo que tirar 356 carros das ruas por um ano (considerando que um carro emite aproximadamente 4,6 toneladas métricas de CO2 anualmente).
-Até 360 hectares de terra preservados — área maior que 300 campos de futebol.
-Até 1.300 toneladas de grãos poupadas — que poderiam ser usados diretamente na alimentação humana.
Tudo isso em apenas 12 dias.
Uma escolha política e climática
Sediar a COP no Brasil — país onde a pecuária é o maior vetor de desmatamento — torna essa política alimentar ainda mais simbólica. Ao reduzir a demanda por carne, leite e ovos, o evento lança um recado claro: não é possível proteger a Amazônia sem transformar a forma como produzimos e consumimos alimentos. A iniciativa da COP 30 não é só um gesto simbólico. É uma política ambiental concreta, baseada em dados e coerente com a urgência climática.
¹Em nossa análise, consideramos que 40% da alimentação servida seja vegana. Calculamos também que as quase 500 mil refeições equivalem a aproximadamente 160 mil dias de alimentação vegana, com base em três refeições veganas diárias. Os cálculos de impacto ambiental basearam-se em dados da campanha "Segunda Sem Carne", que consolida estudos científicos sobre os benefícios ambientais de dietas veganas. Segundo essas referências, evitar o consumo de produtos de origem animal por um dia resulta em economia média de 10 kg de CO2e, 22 m² de terras, 3.500 litros de água e 8 kg de grãos.
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RODRIGO SOARES DO VALLE
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