Comunicação regenerativa emerge como resposta à polarização e ao desgaste das relações sociais

Abordagem propõe ir além da não-violência, focando na cura ativa de conexões e na co-criação de futuros mais saudáveis no cotidiano.

RENATO LISBOA
12/08/2025 00h25 - Atualizado há 13 horas

Comunicação regenerativa emerge como resposta à polarização e ao desgaste das relações sociais
Editora Lisboa
Em um mundo marcado pela crescente fragmentação social, pela polarização digital e por um profundo sentimento de desconexão, uma nova abordagem de interação humana ganha força como um antídoto necessário: a Comunicação Regenerativa. Mais do que um conjunto de técnicas de oratória ou de gestão de conflitos, trata-se de uma filosofia e uma prática que busca não apenas reduzir os danos nas interações, mas ativamente curar, fortalecer e revitalizar as conexões entre as pessoas e delas com o meio ambiente. Este conceito propõe que cada diálogo, seja em uma reunião de trabalho, em uma conversa familiar ou em um debate público, carrega o potencial de regenerar o tecido social ou de aprofundar suas rupturas.
A Comunicação Regenerativa parte de uma visão sistêmica, compreendendo que indivíduos, comunidades e ecossistemas estão interligados. Ela nos convida a abandonar a mentalidade de debate, onde o objetivo é vencer um argumento, para adotar uma postura de diálogo, onde a meta é construir uma compreensão mais ampla e coletiva. A abordagem se diferencia de conceitos correlatos, como a comunicação não-violenta, ao expandir o foco. Enquanto a não-violência se concentra em não causar dano, a regeneração dá um passo adiante, perguntando: "Como nossa conversa pode deixar este sistema (nossa relação, nossa equipe, nossa comunidade) mais saudável, resiliente e cheio de vida do que estava antes?".
Segundo o neuropsicanalista e pesquisador de dinâmicas sociais, Dr. Renato Lisboa, autor do livro "Comunicação Regenerativa: tecer diálogos que curam, conectam e transformam o mundo", a mudança é paradigmática. "Estamos exaustos da comunicação extrativista, na qual entramos em uma conversa para extrair uma concessão, para provar um ponto, para vencer. A Comunicação Regenerativa nos propõe uma lógica de cultivo. Trata-se de nutrir o terreno relacional com escuta, empatia e curiosidade, para que a confiança mútua e as soluções criativas possam florescer naturalmente. É a diferença entre explorar um território e cuidar de um jardim", explica o especialista.

Mas como aplicar esses princípios em um mundo tão acelerado e reativo? A aplicação da Comunicação Regenerativa no dia a dia é mais acessível do que parece e começa com micro-revoluções na forma como nos relacionamos. O primeiro passo é a prática da escuta ativa e profunda. Isso significa ouvir não apenas para responder, mas para verdadeiramente compreender a perspectiva do outro, seus sentimentos e as necessidades por trás de suas palavras. É um ato de esvaziar a mente de julgamentos e oferecer ao interlocutor um espaço de presença e validação, mesmo que não concordemos com seu ponto de vista.
O segundo passo envolve uma transformação na forma de se expressar. Em vez de iniciar frases com acusações ou rótulos ("Você sempre faz isso", "Isso está errado"), a prática regenerativa nos incentiva a falar a partir da nossa própria experiência. Comunicar o que observamos de forma neutra, o sentimento que essa observação nos desperta e a necessidade que temos. Por exemplo, em vez de dizer "Seu relatório está incompleto!", poderíamos tentar: "Notei que faltam alguns dados no relatório (observação), e me sinto preocupado (sentimento) porque preciso de segurança para apresentar o projeto (necessidade). Como podemos resolver isso juntos?". Essa mudança sutil desarma a defensividade e abre a porta para a colaboração.
Outra ferramenta cotidiana poderosa é o uso de perguntas generativas. Em vez de perguntas que fecham ou acusam ("Por que você ainda não fez isso?"), podemos usar perguntas que abrem possibilidades e convidam à reflexão conjunta: "Qual é a sua perspectiva sobre isso?", "O que seria necessário para avançarmos?", "Que possibilidades ainda não consideramos?". Essas perguntas transformam o interlocutor de adversário em parceiro na busca por soluções.
Dr. Renato Lisboa reforça que a consistência é mais importante que a perfeição. "A prática começa com uma decisão interna: a de ser mais curioso do que convicto em nossas interações. É o ato de pausar por dois segundos antes de reagir, de respirar fundo e escolher uma palavra que conecta em vez de uma que separa. É um exercício diário, imperfeito, mas profundamente transformador. Um diálogo de cada vez, literalmente regeneramos nosso mundo, começando pelo nosso círculo de influência mais próximo", conclui.
Ao adotar essas práticas, o impacto transcende o bem-estar individual. Equipes de trabalho se tornam mais inovadoras, famílias constroem laços mais fortes e comunidades desenvolvem maior resiliência para lidar com seus desafios. A Comunicação Regenerativa, portanto, não é uma utopia, mas uma capacidade humana fundamental e uma habilidade prática essencial para navegar a complexidade do século XXI e co-criar um futuro mais conectado e sustentável para todos.

 

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RENATO DOS SANTOS LISBOA
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FONTE: Editora Lisboa
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