Os hospitais são pilares fundamentais do sistema de saúde, desempenhando um papel crucial na prestação de serviços, desde atendimentos de emergência até tratamentos contínuos e cirurgias de todos os níveis de complexidade. Segundo os dados mais recentes da Confederação Nacional da Saúde, em 2022, tínhamos 4.466 hospitais em atividade no Brasil, sendo que 59% eram considerados hospitais de pequeno porte, de até 50 leitos. Para que toda essa estrutura de saúde funcione de forma eficiente e eficaz, a logística desempenha um papel igualmente crucial. Ela é responsável por todo o controle de medicamentos e insumos hospitalares, desde a compra e armazenamento até o monitoramento de estoque. Nesse processo, a logística reversa também atua no tratamento de resíduos hospitalares, classificando o que é reciclável, orgânico e perigoso.
A logística hospitalar garante que todos os insumos, de medicamentos e materiais cirúrgicos a produtos de higiene, estejam disponíveis no momento e local certos, nas quantidades adequadas e em conformidade com as normas de qualidade e segurança. Para isso, processos de compras, recebimento, armazenagem, controle de estoque, distribuição e descarte de resíduos são essenciais.
A gestão eficiente dos estoques de medicamentos é um dos desafios mais críticos para os hospitais, pois a falta de suprimentos pode comprometer tratamentos, agravar condições clínicas, causar atrasos em procedimentos e até levar à transferência de pacientes. De acordo com estudos realizados por Leal et al., 2025 (revista.fateczl), a ineficiência na distribuição de medicamentos nos hospitais está diretamente relacionada à ausência de um sistema integrado de gestão logística, que possibilite um fluxo de informações entre os setores de compras, fornecedores, centro de abastecimento farmacêutico e equipe de assistência ao paciente.
Desperdício de medicamentos é outro ponto crítico na logística hospitalar, pois itens vencidos não representam apenas perdas financeiras, mas também riscos à saúde do paciente e passivos ambientais. Boas práticas logísticas, como o uso de sistemas integrados de gestão (ERP), rastreamento por códigos de barras e inventários rotativos, são ferramentas essenciais para minimizar esse problema.
Em relação à logística reversa, o descarte inadequado de resíduos pode gerar graves consequências ambientais e sanitárias. Conforme dados do Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil - 2023, da ABREMA, em 2022, mais de 307 mil toneladas de resíduos de serviços de saúde (RSS) foram geradas no Brasil. Ainda, segundo o estudo, com base em dados da Sindusfarma, 261,4 toneladas de medicamentos e embalagens foram coletadas pelo sistema de logística reversa de medicamentos em 2022. Nesse sentido, atenção especial deve ser dada aos processos de recolhimento, separação e o tratamento adequado de cada tipo de resíduo é crucial: materiais recicláveis seguem para indústrias de reciclagem, resíduos orgânicos podem ser encaminhados à compostagem, enquanto os perigosos exigem incineração ou manejo especializado. Tais processos demonstram a responsabilidade socioambiental das instituições de saúde no cumprimento da Política Nacional de Resíduos Sólidos - PNRS (Lei nº 12.305/2010).
Profissionais capacitados, com conhecimento específico em gestão de cadeias de suprimentos, controle de estoques e manejo de resíduos, são cada vez mais necessários para lidar com a complexidade das operações logísticas hospitalares. O profissional de logística pode contribuir de forma estratégica para a redução de custos, melhoria da qualidade dos serviços e sustentabilidade institucional.
Segundo o “Portal Hospitais Brasil”, considerando todos os custos tangíveis e intangíveis do processo logístico, a gestão da logística intra-hospitalar pode comprometer mais de 60% da receita de um hospital. Portanto, investir em processos logísticos robustos e em profissionais qualificados é fundamental para garantir a qualidade, a segurança e o sucesso das operações hospitalares, com impactos positivos para a sociedade como um todo.
* Roberto Pansonato é Mestre em Educação e Novas Tecnologias, graduado Bacharel em Desenho Industrial, com atuação em Gestão de Engenharia de Processos e Produção. É professor do Centro Universitário Internacional - Uninter, onde atua na tutoria dos cursos de Logística e Gestão do E-Commerce e Sistemas Logísticos.
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JULIA CRISTINA ALVES ESTEVAM
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